quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A HERANÇA QUE NOS FOI DEIXADA 2


Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na e no amor que há em Cristo Jesus” (2Tm. 1:13)

“... permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2Tm. 3:14)
Paulo, sabendo que o fim de sua vida terrena era próximo, transmitiu ao seu filho na fé (Timóteo) toda a herança que um dia ele também recebera. Mas, que herança era essa? A herança de Paulo, de Pedro e de João? Não! Tratava-se de uma herança profética, de uma salvação profética, de uma Obra que se faria notável através dos anos como resposta à oração do profeta Habacuque (Habacuque 3:2) que vimos na primeira parte desta postagem.

Paulo, portanto, advertia Timóteo e o ensinava a postura de mordomo de um patrimônio que não o pertencia, mas do Senhor. Cuidar da Igreja de Jesus para Paulo não significava status, título, nem mesmo posição social, política, financeira e cultural, mas significava se doar e se moer em favor de uma causa (a causa da fé) e, significava também, cuidar de um patrimônio valiosíssimo que não era seu, mas do Senhor e, esse Senhor, prestaria conta disso.

“Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência” (1Tm 6:20)

·       “Guarda o depósito que te foi confiado” – guardar significa cuidar e zelar. O Senhor nos confiou um projeto glorioso, nos chamou para o serviço de sua Obra, nos encheu de graça e fé, nos capacitou com seu Espírito Santo, enfim, nos colocou na posição de mordomos para cuidarmos da herança. Esse cuidado começa nas nossas próprias vidas quando guardamos a fé, zelamos pela nossa salvação e atentamos para a voz do Espírito Santo. O Senhor tem nos dado a dignidade de sermos chamados “servos” (escravos), embora, servos inúteis muitas vezes.

·       “Tendo horror aos clamores vãos” – o termo grego usado para designar “clamores vãos” é  kenophonia, cujo significado é “som vazio” ou “discussão infrutífera”. Paulo exorta a Timóteo a correr dessas coisas. Muitos, por não discernirem essa Obra, se apartam da fé e da boa milícia na qual um dia os foi confiada e se colocam na posição de “acusadores” e “defensores da fé” (que fé?), mas com argumentos vazios e cheios de “fermento farisaico”, intentando discussões inúteis e infrutíferas. A nossa vida diante do Senhor é de frutificação pelo Espírito Santo. Fomos convocados para dar frutos e não cair no laço da letra e da religiosidade.

·       “Profanos” – o termo grego para designar “profano” é bebelos, cujo significado é já conhecido no meio cristão dando referência a um antônimo de santo. Aquilo que não é santo, não serve para nós. O momento profético em que vivemos requer santificação. Quem não é santo (escolhido) não ama ao Senhor Jesus (consequentemente) e, quem não ama ao Senhor Jesus é anátema (1Cor. 16:22) que quer dizer “amaldiçoado”. Tais termos completam o que João disse em seu Evangelho: “quem não crê, já está condenado” (João 3:18). Nós que somos santos, escolhidos para tomar posse de uma herança profética, estamos de pé porque amamos ao Senhor Jesus e sua vinda, sendo assim, a Igreja Fiel expressa seu desejo (desejo em conformidade com o patrimônio espiritual) e diz: Maranata!

·       “e às oposições da falsamente chamada ciência” – oposição da ciência- “ciência” não está ligada somente a uma ramificação acadêmica (ciências empíricas), mas à ciência humana (racionalismo). O termo grego usado para designar ciência é gnosis, e se refere ao ato de inteligibilidade humana e também espiritual (como no dom espiritual de ciência). Mas, no texto, Paulo adverte a respeito da “ciência humana” e religiosa (teológica- filosófica). Paulo quis deixar Timóteo vacinado quanto às diversas subjetividades teológicas que poderiam infiltrar nas igrejas. Se isso acontecer, a herança profética perde seu espaço e a Obra já não seria do Espírito Santo, mas do homem.

“Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm 4:5)

A sobriedade que Paulo fala a Timóteo é a sobriedade do Espírito Santo. É a fé embasada na experiência viva com Jesus e não na inconstância da letra e dos preceitos humanos. É só pela experiência com o Cristo vivo (como Paulo teve) que nos tornamos aptos a realizar e a cumprir a “milícia da fé” e, enfim, tomar posse da vida eterna (herança).

·       “Sofre as aflições”- Viver a Obra do Espírito Santo é sofrer as aflições de Cristo (são várias as aflições). O termo usado no original é kakopatheo, que dá a ideia de: “suportar as aflições” e também “enfrentar as aflições”. É dentro desse contexto de “aflições” que Paulo exorta a Timóteo a usar os recursos celestiais (da graça) e despertar em si o uso dos dons espirituais, pois a luta do servo do Senhor (alistado para a guerra) é espiritual e vencemo-la pelo poder do Senhor. Em tudo somos atribulados, mas vencedores em Jesus.

“Mas, graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor. 15:57)

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados...” (2Cor. 4:7)

“Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8:37)

·       “faze a obra [...] cumpre o teu ministério” – Essa herança profética nos foi confiada. Como servos, um dia fizemos “boa confissão diante de muitas testemunhas” (1Tm 6:12) e aceitamos o chamado do Senhor para servir em funções específicas. O Senhor nos chamou para UMA OBRA e para pregarmos a SUA mensagem. Ele nos designou para fazermos a SUA VONTADE. Um dia nos prostramos diante do Senhor e recebemos dele a virtude do Espírito Santo para realizar aquilo que Ele nos confiou. Como recusar fazer a sua vontade?

 

“Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na e no amor que há em Cristo Jesus” (2Tm. 1:13)

“... permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2Tm. 3:14)

Essa Herança Profética continua sendo passada a nós pela vontade do Espírito Santo. Ele tem revelado uma Obra que, até mesmos os profetas antigos desejaram viver. Quanto privilégio o nosso!

 

Temos combatido o bom combate? Temos guardado a fé? O que teremos para o Senhor quando encerrarmos a nossa carreira? Temos permanecido naquilo que aprendemos do Espírito Santo? Temos conservado o modelo das sãs palavras que do Senhor temos ouvido? Se estamos fazendo assim, estamos garantindo a posse da vida eterna, da Herança Gloriosa.

 

Amém.

 

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4:7)

 

Gabriel Felipe M. Rocha

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