segunda-feira, 24 de março de 2014

O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO (repostando)

·         O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Há perdão para esse pecado?

(Mc 3: 28,29)

"Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem. Qualquer porem, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo"


3:28,29 Cristo está respondendo à acusação de que o milagre que realizara (a expulsão de um demônio) fora feito pelo poder de Belzebu, que era um príncipe dos demônios (Mt 12:22-30;Mc 3:20-270. Com esta acusação, estes homens estavam blasfemando contra o Espírito Santo ao atribuírem ao Diabo os milagres operados por Cristo através do poder do Espírito(v.22,30).Na verdade, a obra de satanás opõe-se à OBRA DO ESPÍRITO(Jo16:08).

A atitude desses escribas revelava a sua completa rejeição do poder e da autoridade de Cristo como o Filho de Deus.

A “blasfêmia contra o Espírito Santo”, a que Cristo se referiu no verso 29, é descrita como imperdoável (Mt 12:31,32 e Lc 12:10). Mateus 12:32 diz: “não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”(JFAr.c). O verbo ouk aphethesetai (ουκ αφετηêsεtαi), traduzido como “não será perdoado”, está na forma passiva pontual futura, o que significa que não será perdoado por Deus, e,em particular, por Jesus Cristo, em alguma ocasião específica no futuro.

Mateus diz: “não lhe será perdoado”, o que poderia ser mais apropriadamente traduzido como “não será removido dele”, ou, na forma afirmativa, “será computado contra ele”, impedindo o seu acesso ao céu. Das três passagens nos Evangelhos onde isto é discutido, somente Marcos 3:29 traz a conclusão: “mas será réu do eterno juízo”, o sentido literal do texto grego.

A palavra original enochos (εvoxoS), “réu”, significa literalmente “alguma coisa que está segura ou presa”, ou seja, algo que merece punição(Mt26:66;Mc14:64). Devemos observar que o verbo estin (εστιν de ειμι, eimi) está no presente. Isto significa que esta culpa está sempre presente naquele que não reconhece o Espírito Santo como o poder por trás da obra de Cristo. A última expressão de marcos 3:29. Em alguns textos gregos, é aiôiou (αìωíou), que significa “juízo ou condenação eterna”.

Em outros manuscritos , em lugar de Kriseos (κρισεως),”juízo”, é usada a palavra hamartematos , que descreve o “pecado individual ou o resultado do pecado”. Esta forma está de acordo com o significado do termo hamartemata ,encontrado no versículo 28, nas expressões “todos os pecados” e “toda sorte de blasfêmias”. O adjetivo aioniou refere-se ao juízo eterno, especificamente àquele juízo que terá lugar no futuro, ou seja, na “era” que há de vir ( 2Ts 1:9;Jd 7). O Espírito Santo representava a manifestação do poder que Cristo possuía. Ao negar este poder, os escribas eram culpados de um pecado para o qual não havia perdão.

VEJAMOS MAIS EM HEBREUS 10:26,27

“porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”.

A idéia essencial expressa nestes versículos é que não haverá uma expiação a favor daquele que voluntariamente rejeitar a Cristo. A ênfase está na palavra grega ouketi , que é traduzida como “não mais”.

Tendo uma vez rejeitado a Cristo, não pode haver outro sacrifício na cruz para perdoar esse indivíduo (Mc3:28,29 e Hb 3:1-6). A única conseqüência possível para esta pessoa é “juízo e ardor de fogo”, refletindo o juízo de Deus em relação ao pecado(v.27).Isto se refere à punição definitiva para aquele que recebeu o conhecimento da verdade de Deus,mas preferiu abandoná-lo ( Rm 1:21,25).definitiva para aquele que recebeu o conhecimento da verdade de Deus,mas preferiu abandoná-lo ( Rm 1:21,25).

Gabriel Felipe M. Rocha.

APOSTASIA ESPIRITUAL

APOSTASIA ESPIRITUAL

HEBREUS 6: 1- 6

1 Pelo que deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento de arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, 2 e o ensino sobre batismos e imposição de mãos, e sobre ressurreição de mortos e juízo eterno. 3 E isso faremos, se Deus o permitir. 4 Porque é impossível que os que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, 5 e provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro, 6 e depois caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; visto que, quanto a eles, estão crucificando de novo o Filho de Deus, e o expondo ao vitupério”

6:1-6: O propósito do cristão é plenamente expresso pela palavra grega teleioteta de teleiotes, que é traduzida como “perfeição”. O conceito é de que o crente deve buscar um estado de maturidade, em lugar de retroceder para os rudimentos iniciais do cristianismo e da fé básica. 

A expressão “lançando de novo o fundamento” refere-se à idéia de que, se um cristão perdesse a sua salvação, precisaria ser regenerado novamente. Para interpretar esta perícope é necessário um entendimento apropriado da seção controversa dos versículos 4 a 6. A noção principal é de que toda a passagem é hipotética. Por exemplo, é preciso aceitar a suposição de que alguém pode passar pelo processo de salvação. 

E então “recair”(v.6), ou perder a salvação . A explicação nos versículos seguintes pretende mostrar como esta posição é estranha (v.4). A impossibilidade está diretamente conectada ao infinito do versículo 6, “renovar” (
anakainidzen, de anakainidzo).

No texto grego há cinco particípios, no versículo 4, há a palavra grega
photisthentas, de photidzo. Este vocábulo é traduzido como “ os que já uma vez foram iluminados”. Contudo, deve ser vertido como “tendo sido iluminados”, observando o uso da voz passiva. Este último significado revela que o processo de salvação inicia-se com Deus concedendo “luz” a todos os homens (Jo 1.9).

A próxima expressão a considerar neste processo de salvação é: “ e provaram o dom celestial”(v.4). O termo
geusamenous de geuomai seria mais apropriadamente traduzido como “tendo provado”. Neste caso, a voz média é usada para revelar que uma pessoa está reagindo à luz que Deus lhe deu. O foco passa para a responsibilidade do homem, ao iniciar uma reação para o seu “estado iluminado”. Este fato está sempre claro, no processo da salvação: Deus oferece o dom, mas o homem deve tomar a iniciativa de recebê-lo (Jo 1:12;3:16).

O terceiro particípio (v.4) é
genethentas de giomai , traduzido como “se fizeram”. Este particípio também deveria ser vertido na voz passiva, como “tendo sido feitos”, indicando um resultado do fato de o homem receber o dom de Deus. Conectado à expressão “participantes do Espírito Santo”, ele expressa que, em virtude do recebimento, o individuo é feito participante. Portanto, o Espírito Santo está envolvido no processo, vindo a habitar no crente. Todavia , o Espírito Santo não somente opera, habitando no crente, mas também está indicando que a revelação divina e o processo de condenação anterior à salvação são o resultado da atividade do Espírito Santo.

Ao examinar o quarto particípio grego (v.5),
geusamenous, devemos considerar que a interpretação é semelhante á da voz média na expressão “provaram”. Ela aparece nesta forma para revelar ao homem a sua responsabilidade para com a Palavra de Deus. O cristão não é apenas responsabilizado a seguir a “boa Palavra de Deus”, mas também incentivado a compreender o plano futuro de Deus. A palavra usada no versículo 5 para “virtude” (dynameis, de dynamis) refere-se aos milagres que Deus irá operar nos crentes, e não ao iminente juízo e a destruição que haverão de vir.

Voltemos a nossa atenção mais uma vez para a expressão “é impossível” (v.4), e combinemo-la com o infinitivo grego
anakainidzein , que significa “renovar outra vez”(v.6). Aplicado ao versículo 6, este termo refere-se a um arrependimento que é qualitativamente novo e diferente. Se fosse necessária uma forma diferente de arrependimento, Cristo também teria que morrer na cruz uma segunda vez. Isto, no entanto, é inconsistente com o contexto do restante da Epístola aos Hebreus (Hb9:28;Hb10:11,12).

O ensinamento é óbvio: Cristo morreu uma vez pelo pecado do homem(pecado original). Se sua morte fosse insuficiente, não haveria segurança para os crentes.

É precisamente por isto que o autor da Epístola aos Hebreus usa este exemplo. Em linguagem filosófica, esta forma de raciocínio é chamada reductio ad absurdum (redução a um absurdo). A partir de uma suposição falsa, chega-se a conclusões absurdas. Seria falso supor que um crente poderia cair, porque o seu arrependimento, baseado na divindade de Cristo, seria invalidado. Não haveria segurança, e Cristo precisaria ser crucificado novamente.

A dificuldade com estes versículos é removida quando se reconhece que a decisão a seguir a Cristo (pela fé) torna-se a verdadeira salvação. Uma pessoa é salva no ponto da aceitação genuína do dom de Deus, ou de sua “luz”, e somente então ela é recebida por Deus (Efésios 1:6). No final, Deus julga todos os corações humanos, e conhece os verdadeiramente arrependidos. A decisão pela salvação torna-se ineficaz quando se baseia em emoções e nas próprias habilidades (2Ts 2:13).


Gabriel Felipe M.Rocha.
Graduado em História (licenciatura e bacharelado);
Pós- graduado em Sociologia (lato sensu);
Mestrando em Filosofia/ área de atuação: Ética e Antropologia (stricto sensu);
Bacharel em Teologia (ênfase em História da Igreja);
Estudou Francês Instrumental na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte (Faje-BH) e Grego N.T.

domingo, 16 de março de 2014

"SOU DEVEDOR" 2 (Por Carlo Cavaco)

GRATIDÃO E DEVERES DOS CRISTÃOS (CRISTÃOS GRATOS E DEVEDORES), "SOU DEVEDOR", "SERVO DEVEDOR", "SER DEVEDOR"

Por Carlo Cavaco
Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz. Colossenses 2:14

De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. Hebreus 7:22

De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Romanos 8:12-14

Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios, como a ignorantes. Romanos 1:14

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. Marcos 12:30
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Marcos 12:31

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Romanos 13:8

E ele, tremendo e atônito, disse: SENHOR, QUE QUERES QUE EU FAÇA? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te CONVÉM fazer. Atos 9:6


EXISTE UMA DIFERENÇA FUNDAMENTAL DE "DÍVIDA" DO PECADO PAGA PARA OS VERDADEIRAMENTE SALVOS DOS "DEVERES" DE UM CRISTÃO, QUE SERVE A DEUS COM VOLUNTARIEDADE E GRATIDÃO. CRISTO TEM "ORIENTAÇÕES, DEVERES, MANDAMENTOS" NÃO COMO OBRIGAÇÃO DE IMPOSIÇÃO, MAS COMO "CONVÉM", "ESCOLHE, POIS A VIDA". DEVERES SOBRETUDO RESUMIDOS NO AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO (2 MANDAMENTOS QUE RESUMEM TUDO - PROFERIDOS POR JESUS). SOMOS REMIDOS E TAMBÉM TEMOS DEVERES ENQUANTO CRISTÃOS GRATOS E VOLUNTÁRIOS A DEUS (SE TEMOS DEVERES, SOMOS DEVEDORES). NÃO PODEMOS CONFUNDIR OS DEVERES COM PAGAR DÍVIDA. A DÍVIDA FOI PAGA (SOMOS REMIDOS) E ISSO NOS DÁ DEVERES ENQUANTO CRISTÃOS FIÉIS - SE ASSIM QUISERMOS SER (SOMOS DEVEDORES).
DÍVIDA DE PECADO - ESSE É UM ASPECTO LIGADO A “GRAÇA” NO ASPECTO DE DEUS “NOS AMAR PRIMEIRO”. É NO ASPECTO DO PECADO QUE NOS AFASTAVA DA PRESENÇA DE DEUS, GERANDO A "IRA DA SUA JUSTIÇA" E "AS ACUSAÇÕES DO ACUSADOR". HÁ UM PROCESSO DINÂMICO NESSE ASPECTO, JÁ QUE O CRISTÃO PODE "SE DESVIAR DO CAMINHO DE CRISTO", DEIXANDO A SALVAÇÃO OU SIMPLESMENTE REVELANDO QUE NÃO TINHA A "SALVAÇÃO FINAL" POR NÃO PERSEVERAR.
DEUS SIMPLESMENTE REMIU AO PECADOR, GERANDO PARA ESSE ARREPENDIMENTO, NOVO NASCIMENTO E NOVIDADE DE VIDA. NÃO HÁ COMO E NEM MOTIVO DE PAGAR ESSA DÍVIDA, PORQUE JÁ FOI PAGA PELA GRAÇA DE DEUS (“TODOS PECARAM E FORAM DESTITUÍDOS DA GLÓRIA DE DEUS”). MAS HÁ O CARÁTER DINÂMICO DESSA SITUAÇÃO, NO QUAL A RESPONSABILIDADE HUMANA TAMBÉM FAZ PARTE DO PROCESSO DE SALVAÇÃO.
DEVER DE UM CRISTÃO (RESPONSABILIDADE HUMANA) - TODAVIA O SENTIDO DE DEVEDOR QUE VEMOS NO NOVO TESTAMENTO E NOS TEXTOS DE PAULO SE REFERE AO “DEVER DE UM CRISTÃO” CUMPRIR “DEVERES, ORIENTAÇÕES, MANDAMENTOS DE CRISTO”. ESSA DÍVIDA É APENAS DE QUEM ASSUME ESSA DÍVIDA. PAULO SE CONSIDEROU DEVEDOR A DEUS EM VIVER NO ESPÍRITO (ROMANOS 8:12-14) E DEVEDOR AO PRÓXIMO (ROMANOS 1:14). MAS ELE NÃO TINHA “OBRIGAÇÃO” NENHUMA, APENAS SE FAZIA OBRIGADO DIANTE DO CONHECIMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS DO BEM E DO MAL PLENOS (VIDA COM CRISTO E SEM CRISTO). DEVEMOS ENTENDER ATÉ QUE PONTO REALMENTE “DEVEMOS” ALGO. DEUS NOS DÁ LIBERDADE, MAS TEMOS CONSEQUÊNCIAS DE NOSSAS ESCOLHAS. PODEMOS OUVIR E VIVER OS "DEVERES DE CRISTO" OU NÃO.
PAULO NÃO “CONSULTOU CARNE E NEM SANGUE”. ELE EXERCEU SUA LIBERDADE SE FAZENDO “DEVEDOR” DE UM CAMINHO QUE REALMENTE “NÃO MERECIA” SEGUIR, MAS QUE CRISTO PAGOU PARA QUE ELE SEGUISSE. POR ISSO, ELE SENTIA IMENSA GRATIDÃO E DESEJO DE SEGUIR NESSE CAMINHO “IMERECIDO”. O DEVEDOR NESSE SENTIDO NÃO É NO SENTIDO DE QUERER PAGAR, MAS DE SABER QUE NÃO PODERIA E NEM DEVE QUERER PAGAR, MAS DE QUE É DEVEDOR, AGRADECIDO POR TAMANHA HONRA E SALVAÇÃO OFERECIDA, OBEDECENDO AOS "DEVERES DESSE CAMINHO" A SEGUIR.
O PONTO CHAVE BIBLICAMENTE, A LUZ DA PLENA REVELAÇÃO DE CRISTO E DO EVANGELHO DA GRAÇA MAIS CLARAMENTE NO NOVO TESTAMENTO E EM FIGURA NO VELHO TESTAMENTO – TALVEZ SEJA ENTENDERMOS QUAIS OS PARÂMETROS QUE DIFERENCIAM A SALVAÇÃO E A EFICACIA DA SALVAÇÃO, ATO E PROCESSO COMO ALGUNS CHAMAM ELEIÇÃO E RESPONSABILIDADE HUMANA, PREDESTINAÇÃO E LIVRE ARBÍTRIO.
SOMOS SERVOS REMIDOS EM JESUS, LAVADOS PELO SANGUE DE JESUS. VEREMOS QUE SOMOS “DEVEDORES” APENAS SE DESEJARMOS “ESCOLHER ESSA VIDA QUE NOS É PROPOSTA POR ESSA GRAÇA”, “O CAMINHO DA VERDADE DE CRISTO”, E OBEDECERMOS OS "DEVERES" DE CRISTO. NÃO É UMA "OBRIGAÇÃO", MAS DESEJAR SEGUIR VOLUNTARIAMENTE OS "DEVERES, MANDAMENTOS, ORIENTAÇÕES", COM "RESPONSABILIDADE", SENDO ASSIM UM DISCÍPULO DE CRISTO.
COMO NO VERSÍCULO DE ATOS 9:6, POR EXEMPLO: VEMOS QUE O DESEJO DE PAULO VOLUNTARIAMENTE É CUMPRIR O “MANDAMENTO”, “CONSELHO”, “ORIENTAÇÃO”, “DEVER” DE CRISTO, RECONHECENDO AGORA A NATUREZA VERDADEIRA E INERRANTE DO CAMINHO DE CRISTO. E A RESPOSTA DO SENHOR JESUS CONFIRMA TAL CONTEXTO, DIZENDO DO QUE “CONVÉM”, OU SEJA, É MELHOR FAZER COM “COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE”, E NÃO “OBRIGAÇÃO IMPOSTA”. EM UM ASPECTO ESTÁ A AÇÃO DE DEUS, DE UMA GRAÇA IMERECIDA E DO CONSELHO DO MELHOR CAMINHO. EM OUTRO A OBEDIÊNCIA DO CRISTÃO.
GRATIDÃO E DEVERES DOS CRISTÃOS (CRISTÃOS GRATOS E DEVEDORES), "SER DEVEDOR", DIZ RESPEITO A SER GRATO A DEUS E PELO EVANGELHO E SALVAÇÃO DE CRISTO, DESEJANDO CUMPRIR "OS DEVERES CRISTÃOS" DO AMOR, DO ARREPENDIMENTO, DO PERDÃO E TANTOS OUTROS. DIZ RESPEITO A SER DEVEDOR EM TER UMA VIDA NO ESPÍRITO E AMOR AO PRÓXIMO. DEVEDOR ATÉ O TERMINO DA CARREIRA CRISTÃ. NESSA SITUAÇÃO DEVEDOR DE DÍVIDA JÁ PAGA – MAS TENDO A RECIPROCIDADE NECESSÁRIA COMO DO 1º MANDAMENTO E 2º MANDAMENTO DE JESUS.
Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Salmo 116:12-13
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Mateus 11:28
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. Deuteronômio 6:5
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. Marcos 12:30
O SENHOR É QUEM NOS AMA/AMOU PRIMEIRO. A DEUS, DEVEMOS TER GRATIDÃO POR ESSE AMOR E DESEMPENHAR O PAPEL QUE ELE RESERVOU PARA NOSSA SALVAÇÃO. DEVEMOS TER GRATIDÃO A ELE.
DEVEMOS. DEVER. DEVEDORES. DEVEMOS SE QUISERMOS A SALVAÇÃO OFERECIDA PELA GRAÇA RESTAURADORA.
ESSA GRATIDÃO SE EXPRESSA EM UM CORAÇÃO VOLUNTÁRIO PARA COM ELE APRENDER E OBEDECER, SURGINDO ASSIM O CONCEITO DE “SERMOS ETERNOS DEVEDORES VOLUNTARIAMENTE” A DEUS, JAMAIS PAGANDO UMA DÍVIDA – ESSA QUE JÁ FOI PAGA COM PREÇO DE SANGUE, MAS OBEDECENDO E CUMPRINDO SEUS "DEVERES" RESERVADOS AOS CRISTÃOS ETERNAMENTE.
A DEUS NÃO SOMOS “DEVEDORES NO SENTIDO DE TER QUE PAGAR A SALVAÇÃO” E NEM “DEVEDORES POR OBRIGAÇÃO”, MAS TOMAMOS A GRATIDÃO A ELE COMO ALGO RESULTANTE DE ALGO QUE NÃO TÍNHAMOS COMO PAGAR, NOS FAZENDO ASSIM VOLUNTARIAMENTE “DEVEDORES” DESSE PREÇO PAGO PARA O OBEDECER (CUMPRIR O DEVER DO AMOR E OS DEVERES DE CRISTO ETERNAMENTE ATRAVÉS DA SUA GRAÇA).
VINDE A MIM. VINDE APÓS MIM. VAMOS SE QUISERMOS. A DÍVIDA JÁ FOI PAGA E APENAS AGORA TERÁ DE SER EFICAZ OU NÃO EM NOSSAS VIDAS (SE QUISERMOS ACEITAR OS MOTIVOS E DIREÇÕES PARA NOSSA VIDA, CAUSA PELO QUAL O PREÇO FOI PAGO – CRISTO MORREU PARA DIRECIONAR NOSSAS VIDAS EM FRUTO E DONS DO ESPÍRITO SANTO).
De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Romanos 8:12-14
Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios, como a ignorantes. Romanos 1:14
Conhecemos o amor nisto: que Ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. I João 3:16
E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Mateus 4:19
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Mateus 28:19
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Marcos 16:15
Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. 1 João 4:11
Porque quem te diferencia? E o que tens tu que não tenhas recebido? E se o recebeste, por que te glorias como se não o houveras recebido? I Corintios 4:7
A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Romanos 13:8
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Marcos 12:31
Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3:14
Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Filipenses 3:12
Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso cooperador, Filemom 1:1
Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios; Efésios 3:1
POSTERIORMENTE VEMOS ORDENANÇAS DO SENHOR PARA FAZERMOS COMO ELE NOS FEZ, PARA AMARMOS COMO ELE NOS AMOU, COM NOSSOS ERROS, MAS DIANTE DE SUA GRAÇA.
IDE. É UMA ORDENANÇA. A QUEM JÁ VOLUNTARIAMENTE DECIDIU POR SEGUI-LO. MAS TAMBÉM É ALGO QUE EM NOSSA RESPONSABILIDADE HUMANA/LIVRE ARBÍTRIO TAMBÉM PODEMOS OU NÃO FAZER (TENDO CONSEQUÊNCIAS DO QUE PLANTAMOS), NECESSITANDO DE VOLUNTARIEDADE TAMBÉM. PARA SEGUIRMOS FIELMENTE COM ALEGRIA AO SENHOR – TENDO CONSEQUÊNCIAS DE SALVAÇÃO - DEVE SER CUMPRIDO. VAMOS OU NÃO IREMOS CUMPRIR OS DEVERES CRISTÃOS E NOS FAZERMOS DEVEDORES? O QUE É MELHOR PARA UMA VIDA ABUNDANTE E ETERNA?


VENDO OS ENSINAMENTOS DOS VERSÍCULOS ACIMA, ESPECIALMENTE NA CARTA DE I JOÃO 3:16:

Conhecemos o amor nisto: que Ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. I João 3:16

QUANTO A NOSSA SALVAÇÃO A GRAÇA DE DEUS OPERA EM NÓS, ESSA QUE QUER GERAR A GRATIDÃO E OBEDIÊNCIA EM UMA VIDA CRISTÃ (AMANDO A DEUS DE TODO O CORAÇÃO E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO).
NÓS NÃO VAMOS E NEM DEVEMOS PAGAR A ESSA GRAÇA, ESSA AÇÃO DE SALVAÇÃO DE FORMA IMERECIDA. TODAVIA SOMOS “DEVEDORES” A CUMPRIR COM A “RESPONSABILIDADE HUMANA”, COM OS "DEVERES CRISTÃOS" QUE NOS FORAM CONFIADOS POR DEUS NESSA GRAÇA - COM A AÇÃO E COOPERAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO. ASSIM VOLUNTARIAMENTE NOS DISPOMOS A CUMPRIR OS MANDAMENTOS, TANTO PARA COM DEUS (MARCOS 12:30, ROMANOS 8:12-14) QUANTO PARA COM O PRÓXIMO (MARCOS 12:31, ROMANOS 1:14).
VIMOS QUE SOMOS SERVOS REMIDOS EM JESUS, LAVADOS PELO SANGUE DE JESUS. SOMOS “DEVEDORES” APENAS SE DESEJARMOS “ESCOLHER ESSA VIDA QUE NOS É PROPOSTA PELA GRAÇA”, “O CAMINHO DA VERDADE DE CRISTO”, E OBEDECERMOS OS "DEVERES" DE CRISTO. NÃO É UMA "OBRIGAÇÃO", MAS DESEJAR SEGUIR VOLUNTARIAMENTE OS "DEVERES, MANDAMENTOS, ORIENTAÇÕES", COM "RESPONSABILIDADE", SENDO ASSIM UM DISCÍPULO DE CRISTO. SOMOS RESPONSÁVEIS A “DEVERES” APENAS SE ASSIM ASSUMIRMOS ESSA RESPONSABILIDADE.
QUEM NÃO CUMPRE OS "DEVERES DE CRISTO" SE "REBELA". TEM LIBERDADE PARA ESCOLHER, MAS SE "REBELA" CONTRA O QUE É MELHOR, O QUE É A VIDA DE CRISTO ABUNDANTE E ETERNA. POR ISSO SÃO "DEVERES" PLANEJADOS PELO CRIADOR PLENO EM PODER E CARÁTER, ESSE QUE NOS RESERVOU PARA SERMOS A SUA IMAGEM EM BOAS OBRAS, ARREPENDIMENTO E NOVO NASCIMENTO/NOVIDADE DE VIDA. E OS “DEVERES” DE CRISTO SÃO BEM CLAROS NA PALAVRA DE DEUS ESCRITA (BÍBLIA) – TANTO NO RELACIONAMENTO COM DEUS QUANTO COM O PRÓXIMO.

Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, Deuteronômio 30:19

OS DOIS MANDAMENTOS MAIS CITADOS NESSE TEXTO APENAS RESUMEM TODOS OS DEMAIS: 

Provérbios 28:13
I João 1:9
1 João 2:1
1 João 2:6
3 João 1:5-8
1 Timóteo 2:6
1 Coríntios 7:3
1 Coríntios 9:10
1 Coríntios 9:16 (Paulo permitiu essa obrigação, aceitou o chamado a salvação e a instrumentalidade/santificação)
2 Coríntios 5:10
2 Coríntios 2:7
Efésios 5:28
1 Coríntios 7:10,11
1 João 2:7
1 João 4:21
1 João 3:23
1 João 2:8
Judas 1:17-23
Apocalipse 1:3
1 João 4:1

Dentre outros

A paz!

Texto de Carlo Cavaco

sábado, 15 de março de 2014

"SOU DEVEDOR" (Rm 1:14)

 “sou devedor”




Texto referencial: Romanos 1:14

“Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”

       Paulo, no contexto da expressão em destaque, expressa o seu desejo em visitar alguns crentes a fim de edificá-los na fé, confortá-los e comunicar-lhes algum dom espiritual (Rm 1:10,11,12). E é exatamente nessa perspectiva que Paulo, já no verso 14, expõe o porque deve ir ter com eles e anunciá-los o Evangelho de Jesus Cristo: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como ignorantes” (Rm 1:14) e, logo, ele completa: “[...] estou pronto para também vos anunciar o Evangelho a vós que estais em Roma” (v.15), conotando assim o seu dever. Paulo, em vista do contexto, estava dizendo o seguinte: “eu quero ir visitar todos aí em Roma também, pois é meu dever (dívida) levar o Evangelho de Cristo até vocês, assim como o faço em vários lugares”. Por isso usou a expressão: “sou devedor tanto a gregos como bárbaros, sábios e ignorantes”, pois era costume dos romanos chamarem todas as pessoas que não tinham a cidadania e nem estavam inseridos na cultura romana de “bárbaros” (uma expressão até pejorativa, porém muito aceita na época, inclusive até o século IV depois de Cristo). Isso deixa claro que: Paulo já tinha um trabalho estabelecido com alguns “bárbaros” (como os gálatas, por exemplo) e, agora, mediante a fé surgida dos romenos, tinha também uma dívida de amor com eles. Portanto, Paulo dizia aos irmãos romanos: “vocês também foram chamados para serdes de Cristo (v.6), assim sendo, devo ir até vocês”. Esse sentimento paulino de dever ir é expresso com bastante evidência nos versículos 8 ao 15.

       Então, numa primeira análise da expressão “sou devedor”, reforçada por Paulo no versículo 14, podemos identificar o seguinte: a expressão “sou devedor”, descrita por Paulo, conota a dívida que ele tinha relacionada ao seu chamado, ou seja, à sua função de apóstolo. Não é uma dívida a Deus, não é uma dívida ao Senhor Jesus e nem uma dívida à congregação ou, a Tiago, Pedro e João (apontados como “colunas da igreja” e, sob certo aspecto, lideranças da época), mas sim uma dívida para com o outro.  Não há Evangelho vivido fora do horizonte intersubjetivo, ou seja: não tem como viver o genuíno Evangelho de Jesus Cristo sem considerar o outro, o próximo, o irmão, o necessitado.  Nós, quando aceitamos o chamado (seja na perspectiva calvinista ou arminiana), aceitamos a missão dada à Igreja: levar a mensagem , fazer a vontade do Pai e realizar a sua obra (João 4:34). A essa dívida, chamamos: dívida de amor, pois a Igreja deve (disse deve) expressar e testemunhar desse amor levando a mensagem da cruz (que foi a maior expressão de amor). Lógico e racionalmente, podendo dizer também, coerentemente, quando a Igreja age, ela age segundo a vontade do Pai. Eu e você (igrejas do Senhor) um dia nos colocamos diante de Deus - remidos pela graça - aceitando a missão outorgada aos eleitos: revelar a Cristo pelo poder do Espírito Santo (ver em João 17: 23, Atos 1: 08). Sendo essa a vontade incontestável do Pai, ao sermos chamados, passamos a ter uma certa dívida também com o Senhor, embora remidos, devedores. Isso é tão verdade que Deus (que é justo) nos cobrará severamente o resultado do nosso trabalho (ver em: Mt 25:41, Lc 8: 02, Jo 15: 02).
       Contudo, Deus não é credor como alguns insistem em identificá-lo, apenas justo. No entanto, isso não anula o nosso compromisso que um dia foi selado com Ele, aliás, todo compromisso configura um certo patamar de dívida: devemos cumprir nossos compromissos, não é mesmo? No caso em vigência, precisamos levar o Evangelho e vivê-lo tendo para com o próximo a dívida de amor. Essa é a nossa obrigação como cristãos! Vejamos o que Paulo fala dessa dívida: “porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada” (1 Coríntios 9:16-17).
       A expressão “devedor”, usada por Paulo, está no texto original como “opheiletes”, transliteração de οφειλέτης, cujo significado é literalmente “devedor”, no entanto, pode significar também (pela riqueza semântica do termo) “pessoa endividada”, “transgressor” (contra Deus), “pecador”, dentre outros termos. É um substantivo e tem ligação com o verbo “opheilo” que significa literalmente “dever”, mas, no contexto de Romanos 1, a expressão “devedor” está mais para “alguém moralmente obrigado ao desempenho de algum dever”, ou seja, conota uma dívida moral e não uma dívida condenatória como a judicial, por exemplo. Portanto, sob esse aspecto, Deus não é “credor” de nossa falha vida, pois, como um dos significados da expressão, somos “transgressores”, “pecadores” (I Jo  ), porém remidos e eleitos segundo a presciência do Criador. Por justiça, haverá sim certo juízo para os chamados que não desempenham sua obrigação cristã (não dão frutos), mas não cabe a instituição religiosa nenhuma “cobrar” essa “dívida”, pois ela é moral e está sob a economia daquele que elegeu e chamou os tais, a saber, o Deus soberano. Podemos exemplificar essa dívida moral como uma dívida de “obrigação” em relação ao próximo, algo que se passa no âmbito subjetivo e se revela no âmbito intersubjetivo (no agir em prol do próximo). Exemplo: se meu vizinho  sempre me saúda pela manhã, me sinto na obrigação de responder a saudação, pois há dentro de mim o respeito por esse dever e, no caso do levar e viver o Evangelho, fazemos isso com uma inclinação: amor a Deus e amor ao próximo. Nesse sentido somos sempre devedores.
        Usando ainda desse exemplo que apliquei acima, chamo a atenção para o ato de amor do próprio Cristo na cruz. Bem, não é como o ato do vizinho que me saúda com ”bom dia” e eu retribuo com o mesmo “bom dia”, mas sim um ato de amor totalmente superior que jamais poderemos retribuir de forma semelhante, a não ser, vivendo o Evangelho, carregando nossa cruz, sofrendo as aflições de Cristo, amando o próximo como a nós mesmos e nos edificando todos os dias em amor e temor, chorando o choro do irmão, alegrando também em sua alegria, mostrando ao mundo que há um Deus vivo em nós, a saber o Cristo que não está mais na cruz, mas vive e se revela em nossas vidas. Nesse horizonte, somos devedores! Como pagar essa dívida? Não vamos pagar, pois foi paga com amor. No entanto, podemos retribuir com amor.
        Quando Pedro, em João 21:17 se entristeceu com a terceira pergunta de Jesus, era porque tal pergunta fazia menção de um tipo de amor diferente ao empregado nas duas primeiras perguntas. Se tratava do amor “phíleo”, enquanto nas duas primeiras foi aplicado o amor “agapao” (de ágape). Esse terceiro amor na pergunta do Mestre significa: “Simão, filho de Jonas, quer ter um relacionamento comigo?” ou, “está pronto para ser meu amigo de verdade?”. Jesus falava de um amor recíproco. Essa pergunta até hoje entristece a muitos que não se encontram preparados para respondê-la. Ao identificar nossa real humanidade e fraqueza, percebemos o tamanho da nossa dívida.
       Mas, esse sentimento e também reconhecimento da dívida nos faz dispostos diante de Deus para realizar sua vontade e prosseguir a jornada que nos foi proposta.

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. (Romanos 13: 08)

       Concluindo então nossa análise, podemos perceber que, à primeira vista, o texto bíblico misturou as coisas. Afinal, qual a relação entre dívida financeira, institucional ou judicial e ajuda mútua proposta pelo Evangelho? Paulo, entretanto, é enfático quando escreve: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor recíproco...” (Romanos 13:8).

       A história das civilizações ensina claramente uma coisa: comunidades que não praticaram ajuda mútua se autodestruíram. Faltou-lhes o verdadeiro Evangelho, embora muitos fossem “cristãos”. Por que a Bíblia descreve o “amor recíproco” como um mandamento, como uma “dívida”? Porque a natureza essencial do amor é a postura da doação. Em mais de um contexto Jesus associa a atividade de amar com o cumprimento dos desígnios divinos. “Se Me amardes, obedecereis os meus mandamentos”. “E o Meu mandamento é que vos ameis uns aos outros”... “como Eu vos amei.”. O amor recíproco garante a efetividade das comunidades cristãs (que chamamos de igreja), tanto quanto o egocentrismo garante a dissolução das instituições humanas (religiosas). Dizer que o amor recíproco deve depender da “boa vontade” – simplesmente - de cada indivíduo é quase tão grave quanto propor uma política financeira pública que dependa da veneta dos contribuintes. Amar é a grande dívida que assumimos com o Senhor. Ele nos “amou quando éramos ainda pecadores”. Por isso, diz a Bíblia, “o amor de Cristo nos constrange” e deve sempre nos constranger a compartilhar com o próximo o instrumento divino que nos capacita a sermos “filhos de Deus”.

Paz a todos!


Gabriel Felipe M. Rocha

sábado, 1 de março de 2014

FILOSOFIA NA APOLOGÉTICA CRISTÃ

A FILOSOFIA E SEU INDISPENSÁVEL PAPEL NA APOLOGÉTICA CRISTÃ SÉRIA

Por Gabriel Felipe M. Rocha

Não clama porventura a sabedoria, e a inteligência não faz ouvir a sua voz? (Provérbios 8:1)


Ontem um amigo me enviou um e-mail cujo conteúdo era uma postagem cheia de falácia em certo blog. Ele queria que eu lesse, uma vez que ele havia anteriormente lido e achado a tal postagem demasiadamente tola. Li a postagem que, na sua maior parte, era uma colagem de um artigo alheio (algo muito comum em blogs de qualidade duvidosa). Achei bastante confuso, pois, ao mesmo tempo em que contavam alguns aspectos da história da Filosofia, (de uma forma bem superficial e “solta”), empregavam um versículo fora do contexto que dizia:

 “Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo”, de Colossenses 2:8. E, logo, deixava uma “exortação” com outro versículo bíblico isolado: “há caminhos que para o homem parecem direitos [...] mas o seu fim é a morte” (Pv 14:12).

Tirando a postagem sobre a Filosofia (que certamente foi copiada), as citações bíblicas ficaram “soltas ao vento” e se tornaram pretexto para explicar uma espécie de ignorância, uma vez que parece ter atacado pessoas que tem um grau de instrução e formação na área filosófica.

Mas, ao ler, algo me chamou a atenção e me fez dedicar a este pequeno artigo de cunho reflexivo.

Faço rápida a minha análise:

É de se abismar com o tamanho da ignorância de alguns evangélicos (principalmente de cunho pentecostal e neopentecostal) a respeito do tema “Filosofia” no meio cristão. Ignoram muitas verdades, por não conhecerem absolutamente nada a respeito da história do Cristianismo e suas influências judaicas e gregas, literárias e filosóficas, e se prestam a desserviços intelectuais (ou pseudointelectuais, pois na verdade muitos nem sabem do que falam) postando asneiras sem fim em nome dos direitos e da tão aclamada conquista da liberdade de expressão – que aqui é e sempre será respeitada, no entanto, asneiras e parolices serão duramente refutadas aqui, pois levamos a Palavra a sério.

Mas para esses, existem intelectuais sérios, verdadeiros estudantes da Bíblia, pessoas com formação acadêmica e vida espiritual consolidada e blogs sérios.

Atualmente faço um mestrado em Filosofia cuja linha de pesquisa é Ética e Antropologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte (“Faje”) e lá temos, inicialmente, um ensino fundamental sobre a questão “Filosofia x Teologia”: não existe Teologia séria sem uma análise filosófica, ou, não há teologia sem filosofia.

Isso de fato é verdade por várias razões. Razões que aqui explicarei de uma forma prévia e não tão aprofundada, pois é um tema acadêmico que merece um estudo mais exaustivo. A Faje-BH é uma das cinco melhores faculdades de Teologia e Filosofia do Brasil, sempre se destacando em primeiro lugar dentre as tais e a primeira faculdade de Filosofia e Teologia a tratar da “questão filosófica do Transcendente” (ou de Deus) e seu reconhecimento, não só nessa área, mas na área da Filosofia e Teologia, é internacional.


Mas, analisando o lado extremo, o grande problema hoje em alguns “cursos de teologia de igreja” ditos “cursos superiores”  é o fato de dizerem que não precisam da Filosofia. E alguns incautos e cheios de vãs superstições (superstições pentecostais) ainda dizem que “Filosofia é coisa do mal” ou “conhecimento humanista” (muitos nem sabem o que é, de fato, humanismo e por ignorância colocam a Filosofia como uma toda “humanista”). Quanta ignorância! No entanto, esses, muitas vezes não sabendo ao menos escrever corretamente alguns textos e palavras (como sempre vejo), fazem cursos (muitas vezes gratuitos e sem o devido reconhecimento acadêmico) e se dizem “teólogos” e saem publicando conceitos falaciosos.

Mas vamos lá:

O termo “theologia” pertence originalmente à linguagem filosófica. Sua primeira ocorrência encontra-se em Platão, onde designa o discurso mítico-poético sobre Deus. Aristóteles, porém, é o primeiro que fala da “ciência teológica” (grego: theológiké epistéme). Usa esta expressão para designar a sua “filosofia primeira” (próte philosophia), enquanto saber filosófico do divino (to theion). Esta terminologia se manteve na filosofia grega posterior. Portanto, “teologia” é um termo proveniente da Filosofia. Vou repetir: “teologia é um termo que nasceu da Filosofia”, sendo assim, se existe uma teologia que anula ou desconsidera a filosofia, ela não é uma teologia autêntica ou séria, e, para os incautos que dizem que a Filosofia é um caminho humanista apenas e incapaz de colocar o discurso da Verdade sobre Deus, digo: quem estuda teologia (por pior que seja o curso) está fazendo indiretamente filosofia, pois a teologia nada mais é do que uma ramificação da Filosofia. Vai dormir com essa? Mas uma coisa está totalmente correta: de fato, a Filosofia não pode fazer o homem chegar até Deus. Ninguém alcança o Criador através da pura razão e humanamente inferior à sabedoria divina.

Apropriação do termo “Teologia” pelo Cristianismo:

O Cristianismo, como religião proveniente dos ensinamentos de Cristo, apareceu como a portadora da resposta que a Filosofia antes sempre buscou, a saber, a contemplação do Supremo (Ser Supremo [ou Deus]) pelo “Logos” (o próprio Homem-Deus = Jesus, o Verbo). Mas mesmo com a detenção da Verdade revelada (o Evangelho), ela não desfez dos conceitos filosóficos e a própria Bíblia no Novo Testamento é repleta de influências filosóficas e também usa em seu conteúdo o uso de métodos de explicação da “mensagem das Boas Novas” através de significações e linguagens que sugerem sempre o ato do pensar, do refletir e do analisar. Jesus mesmo usava bastante tais métodos em suas parábolas. Ele usava significações e fazia da linguagem um método de reflexão, sempre fazendo menção a algo transcendente àquela mensagem literal. Assim também foi João, foi Paulo, foi o autor de Hebreus, etc. A Filosofia para o verdadeiro cristão não busca mais “chegar até Deus”, pois sabemos – pela fé – que Deus é alcançado em Cristo e por Cristo, por isso Ele é o Caminho, a Porta, o Pastor, a Escada, etc. Mas ela, a Filosofia, é, para nós, um excelente instrumento racional de apologética, hermenêutica, reflexão, etc.

Com o Cristianismo, o termo “Teologia” passou pouco a pouco a significar, não somente uma investigação de caráter filosófico, mas uma dimensão da “filosofia primeira” ou Metafísica, como entre os gregos, mas o estudo da mensagem cristã e do próprio Deus à luz da sua auto-revelação. O uso to termo “Teologia” ainda sofreria ao longo da história algumas significações que não caberia destacar aqui todas elas, pois ficaria um artigo muito longo.

Vale lembrar que, muito antes da institucionalização da Igreja (que gerou a dita Igreja Católica Apostólica Romana), a Filosofia já fazia parte da reflexão “teológica” da Primeira Igreja, inclusive o Cristianismo tem muitas influências filosóficas que poderemos destacar aqui pelo menos duas. Então não podemos dizer que a Filosofia foi “um mal de raiz católica” que adentrou a Igreja. No máximo podemos dizer que a Igreja Católica promoveu a efetivação da Filosofia e deu primazia à Filosofia para explicar a revelação divina.

Outro aspecto que vale lembrar é o seguinte:

A revelação divina se explica por si só. A Bíblia explica a Bíblia, pois tal é a revelação divina (conceito forte no protestantismo). Portanto a Filosofia é apenas um instrumento para a discussão de determinados pontos a respeito da Revelação. A própria Bíblia, ao explicar-se (explicar a revelação pela revelação), usou, por influência de seus escritores (como Paulo, João e outros) alguns conceitos filosóficos que eram presentes na cultura grega.

Deus não precisa do homem e nem da sabedoria humana para se explicar ou para ser explicado. Isso é verdade e é uma verdade que aqui defendemos. No entanto o bom uso da Filosofia nos ajuda a discutir assuntos e temas ligados à Revelação divina. Como qualquer outro instrumento, a Filosofia deve ser bem usada, inclusive por pessoas que a dominem de verdade.

Exemplos de influências da Filosofia na mensagem cristã do primeiro século:

Paulo em sua carta aos Tessalonicenses no capítulo 5, verso 23 aplica em sua frase a ideia tricotômica do homem: “[...] e vosso espírito, alma e corpo sejam irrepreensíveis [...]”. Essa influência ele recebera de seus estudos ainda antes da conversão e sob forte influência platônica ele, ele explicou o conteúdo da Revelação com a razão. Aliás, vale lembrar que Paulo quando diz que seu saber e conhecimento ele compararia com o esterco, ele não estava dizendo que a razão humana para nada serve, mas que, na verdade, ela por si só não nos faz chegar à Deus e tampouco alcançar seus mistérios. Mas, a sabedoria humana juntamente com a revelação divina forma uma excelente equipe. “Seja o vosso culto racional”, apelou já Paulo aos coríntios, ou seja, no original grego, o “culto racional” aponta exatamente para o culto ou celebração com nexo, sensatez e reflexão. Nada diferente do que busca a Filosofia.

João também, ao falar com um público universal através de seu Evangelho e suas cartas, lançou mão de um recurso intelectual para poder falar diretamente com alguns. Como a Filosofia era uma ciência comum, era de conhecimento de muitos (não todos) a questão do “logos”, termo grego (e também expressão filosófica de raiz Clássica). Na Filosofia Clássica, o “logos” era o meio pelo qual o ‘sábio’ chegaria à contemplação última ou ao Bem transcendente. Na perspectiva cristã, podemos dizer que o Logos (grego = “verbo” = Cristo) é o único meio de alcançarmos a Eternidade de Deus e o próprio Deus (Bem/ Transcendente) e a figura do “sábio” passa a ser agora a figura do “cristão”.


O próprio Cristo usou de significações e apelo ao racional quando pregava, ensinava e ditava suas parábolas. Veja que, quando João Batista estava preso, esse perguntou aos seus discípulos se Jesus era mesmo o Cristo ou se esperariam outro. Jesus havia respondido tal pergunta dizendo: “diga a ele que os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho (Mateus 11:5). Essa resposta de Jesus à João Batista foi bastante interessante, pois Ele não respondeu apenas “sim, João Batista, sou eu mesmo o Cristo”, mas criou um ambiente de reflexão racional para daí nascer a fé completa. Essas significações são de cunho racional e filosófico naquilo que diz respeito ao “convite para o pensar”, algo que Jesus sempre fazia em seu corrido ministério.

Bem, gostaria de escrever mais, pois o assunto é bom e gostoso, mas merece uma análise mais exaustiva e como tenho me ocupado bastante em meu projeto de dissertação, não posso fazê-lo agora.


Aliás, quero apenas, de forma bem rápida, desmistificar aqui um versículo usado de maneira errada por alguns:

“há
caminhos que para o homem parecem direitos [...] mas o seu fim é a morte” (Pv 14:12).


A palavra “caminhos” usada pelo escritor de Provérbios está no original hebraico como “derekh” e no contexto traz a idéia de “costume”, “conduta”, assim como “caminho” na forma literal. Portanto, usar esse texto para explicar (de forma solta) que “Filosofia” é o mau “caminho” é, no mínimo, ridículo. A Filosofia só poderá vir a ser um “mau caminho” se ela se tornar a regra fundamental para se buscar com a própria razão a Deus (dependendo apenas da racionalidade humana). Mas ela em si não é o “caminho” que parece direito e seu fim é a morte... Tentam usar esse texto de forma tão equivocada quanto usam o famoso “a letra mata...” (que por muitos é usado errado).

Outro texto que gostaria de desmistificar aqui é:

“Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo” (Colossenses 2:8)

O próprio texto nos é direto e se explica: o texto não condena a Filosofia naquilo que é seu conteúdo fundamental, mas sim as vãs filosofias, ou seja, o próprio texto traz uma separação da Filosofia sã e da “filosofia vã”, pois se toda Filosofia fosse em si “vã”, Paulo apenas chamaria de “Filosofia” e o texto seria: “tenham cuidado para que ninguém vos escravize (ou vos engane) com a Filosofia (ou com filosofias). Aliás, o termo “Filosofia” aplicado por Paulo no original não trata da ciência chamada Filosofia, mas faz menção dos “conceitos” elaborados pelo homem que vão contra a sã doutrina. De igual modo, a vã filosofia é aquela que tenta por si só (totalmente alheia à Revelação divina e a espiritualidade) explicar a Deus e a sua Mensagem através dos conceitos provenientes do coração falho e duvidoso do homem. Mas a intelectualidade usada e aplicada no espírito e pelo Espírito Santo só tem a somar para a glória e anunciação do Reino.

Obrigado pela paciência em ler, querido e estimado leitor!

A paz de nosso Senhor!

Gabriel Felipe M. Rocha

Graduado em História (licenciatura e bacharelado), pós-graduado em Sociologia (lato sensu); bacharel em Teologia (com ênfase em História da Igreja), mestrando em Filosofia (stricto sensu) com área de atuação em Antropologia e Ética na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, estudou Francês Instrumental na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, atualmente desenvolve uma dissertação acadêmica (mestrado) na área da Ética e Antropologia, cujo tema central é “Realização Humana no pensamento de H.C. de Lima Vaz”.