quinta-feira, 31 de julho de 2014

Justificação

Justificação

(Por Leonardo Dâmaso)

John Macarthur afirma que não há doutrina mais importante para a teologia cristã do que a doutrina da justificação pela fé somente - o princípio sola fide da Reforma.1

Lutero disse que a doutrina da justificação pela fé é o artigo pelo qual a igreja permanece ou cai. Calvino salienta que a doutrina da justificação é o eixo ao redor do qual a igreja gira. Antony Hoekema enfatiza que se a igreja estiver errada nessa doutrina, estará igualmente errada nas demais.2

Explanação

1. A definição de justificação

Em termos simples, podemos definir a justificação como “um ato de Deus pelo qual ele declara o pecador eleito como sendo justo sobre a base da justiça de Cristo, uma vez que a justificação se refere à justiça de Cristo sendo legalmente creditada ao eleito de Deus.”3

Berkhof sintetiza que, com base nessa justiça, todas as ordens da lei são satisfeitas com respeito ao pecador.4 Ou seja, a pessoa passa a ser considerada totalmente justa diante da lei de Deus e todas as exigências da lei são plenamente satisfeitas.5

Nessa mesma linha de pensamento, John Murray afirma que a justificação é simplesmente a declaração a respeito do relacionamento da pessoa com a lei com a qual o juiz tem o dever de julgar.6 John Stott expande este pensamento nestas sublimes palavras:

Justificação é um termo legal ou jurídico, extraído da linguagem forense. O contrário de justificação é condenação. Os dois são o decreto de um juiz (onde se declara o julgado como culpado ou inocente do crime cometido). Dentro do contexto cristão eles são veredictos escatológicos alternativos que Deus como juiz, poderá anunciar no dia do juízo (Hb 4.13). Portanto, quando Deus justifica os pecadores hoje, está na verdade antecipando o seu próprio julgamento, isto é, trazendo até o presente o que de fato faz parte dos últimos dias.7

Portanto, concluímos que a Justificação não é um processo, mas um ato declaratório de Deus. Acontece fora de nós, e não em nós.8 É instantâneo e não gradual. É a ação de Deus em declarar judicialmente que a situação de determinada pessoa está em harmonia com as demandas da lei.9 Noutras palavras, é ser plenamente absolvido do crime cometido como se nunca o tivesse feito. 

2. A necessidade da justificação

A razão insofismável pela qual era necessário haver a justificação é doravante ao pecado. Paulo diz em Romanos 3.23 que todos pecaram, e estão afastados da glória de Deus. (NTLH) Ainda, na carta aos Romanos, o apóstolo expande mais sobre esta realidade da corrupção radical do homem também no (1.21,23-31). Jesus Disse também no sermão do monte em Mateus 5.20 que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. (ACF)

Não obstante, todos pecaram por estarem unidos pactualmente ao nosso representante federal Adão. Deus imputou o pecado dele a todos. Nós estávamos lá naquele dia em Adão! Partindo deste pressuposto, o homem pós-pecado é morto espiritualmente (Gn 2.16-17; Ez 18.4; Rm 6.23). No entanto, como todos morreram espiritualmente em Adão ao pecar contra Deus, toda a humanidade nasce pecadora, morta espiritualmente e completamente incapaz de se voltar para Deus em arrependimento e fé através de sua escolha (Rm 3.10-12; 1Cor 2.14).

Portanto, foi necessário Deus, pela sua soberania, graça e misericordiosa no conselho trinitariano traçar todo o plano da redenção e enviar Cristo Jesus, o justo, para morrer pelos injustos, para assim sermos justificados por Deus, adotados na família divina e retornarmos novamente a comunhão íntima e profunda com o Pai em espírito (Hb 10.19-20).

3. O autor da justificação

Indubitavelmente, Deus é o autor da justificação dos pecadores eleitos. “A salvação é obra de Deus do começo ao fim. Trata-se de um plano eterno, perfeito e infalível de Deus Pai. Deus planejou nossa salvação antes de lançar os fundamentos da terra.

1 Pedro 1.20 –  Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês. (NVI)

Não foi a cruz que tornou o coração de Deus favorável a nós; foi o coração terno de Deus que providenciou a cruz. O sacrifício de Cristo no calvário não foi a causa da graça, mas o resultado”.10 “Não foi Jesus Cristo quem tomou a iniciativa, no sentido de fazer algo que o pai relutava ou não estava disposto em fazer. Não há dúvida de que Cristo veio por sua própria vontade e se entregou gratuitamente. Mesmo assim, ele o fez em submissão à iniciativa do Pai”11 (Jo 10.17-18).

4. A base da justificação

Se o autor da justificação é Deus, a base da justificação é a justiça de Cristo. Todavia, o fator que predomina nesta justiça é a obediência de Cristo, a qual é composta pelo aspecto ativo, referente à obediência a lei por nós, e a obediência passiva, que consiste no cumprimento penal dos pecados por meio do sofrimento e morte de cruz.

Todavia, não devemos fazer separação entre ambos os aspectos da obediência. Tanto o lado ativo quanto passivo da obediência do Salvador estão praticamente interligados entre si, e apenas formam o pilar da plena obediência que Cristo obteve durante a sua vida impecável em que esteve presente nesta terra, que culmina na sua justiça como base da nossa justificação. Berkhof ressalta que a base da justificação encontra-se somente na justiça perfeita de Jesus Cristo.12

Isaías 53.12 – “Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o seu despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.” (ARA)

Filipenses 2.7-9 – “Ao contrário, esvaziou a si mesmo, ao assumir a forma de um escravo, tornando-se como os seres humanos são (natureza humana afetada pelo pecado). E, quando ele surgiu como um ser humano (no estado de humilhação), humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte – (e) morte na estaca (cruz) como um criminoso!” (BJC) ... e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. (NVI)

Romanos 3.21-22a – “Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem.” (NVI)

5. A distinção entre a justiça Transferida e a justiça pessoal

Basicamente, o termo imputar ou transferir significa “atribuir algo a uma pessoa”. “Denota creditar ou pôr esse algo em sua conta. O que é imputado ou transferido a pessoa passa a ser legalmente dela; e isto é contado como uma coisa que lhe pertence”.13

No contexto bíblico, imputação não significa trocar a natureza ou a essência da pessoa, isto é, a condição anterior, o seu caráter. Entretanto, a imputação somente afeta a posição legal da pessoa. Quando os pecados dos eleitos foram transferidos para Cristo na cruz, isto não fez de Jesus pecador e tampouco contaminou a sua natureza afetando o seu caráter santo. Essa transferência, na verdade, apenas tornou Cristo o responsável legal pelos pecados dos pecadores eleitos.

Sobre esta questão de justiça imputada, Calvino sintetizou a “iustitia aliena, isto é, a justiça que vem de outro, que vem de fora. Todavia, não há nenhuma dúvida de que aquele que é ensinado procurar justiça fora de si próprio é destituído de justiça em si mesmo. Mais adiante, Calvino diz: Você pode ver que nossa justiça não está em nós, mas em Cristo, e que a possuímos somente sendo participantes em Cristo; de fato, com ele possuímos todas essas riquezas”.14 Portanto, conforme diz as Escrituras, a justiça de Cristo é imputada ou transferida a nós. A nossa justificação vem de fora, iustitia extra nos, procedendo da justiça de Cristo.

Por outro lado, “devemos também ter o cuidado de não confundir a justiça imputada (a qual recebemos pela fé e que é a única base de justificação) com os atos pessoais de justiça (santidade), realizados pelos crentes como resultado da obra do Espírito Santo em seus corações”.15

Vicent Cheung, com muita propriedade ressalta que “a justificação é uma justiça imputada, e a santificação é uma justiça infundida. A justificação é uma declaração instantânea de justiça, mas a santificação (progressiva, não no aspecto posicional de santificados) se refere ao crescimento espiritual do crente após ele ter sido justificado por Deus”.16

Romanos 4.6-11 “Davi diz a mesma coisa, quando fala da felicidade do homem a quem Deus credita justiça independente de obras: Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados. Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa. Destina-se esta felicidade apenas aos circuncisos ou também aos incircuncisos? Já dissemos que, no caso de Abraão, a fé lhe foi creditada como justiça. Sob quais circunstâncias? Antes ou depois de ter sido circuncidado? Não foi depois, mas antes! Assim ele recebeu a circuncisão como sinal, como selo da justiça que ele tinha pela fé, quando ainda não fora circuncidado. Portanto, ele é o pai de todos os que creem, sem terem sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a eles;” (NVI)

6. O agente da justificação

Conforme vimos anteriormente, o autor da justificação é Deus e sua maravilhosa graça; a base da justificação é a justiça de Cristo, não obstante, o agente ou o meio da justificação é a fé. “A regeneração precede tanto a fé como a justificação, e nunca é dito que ela segue ou resulta da fé, nem que deve sempre ser confundida com a justificação. É a regeneração que leva à fé, e é a fé que leva à nossa justificação”.17

Gálatas 2.16b – “Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo...”

É dito na Escritura, principalmente por Paulo no NT, que “a fé justifica porque ela recebe e abraça a justiça de Cristo oferecida no evangelho”.18 “A fé, para Calvino, era apenas a causa instrumental da justificação. Somente Deus justifica. Então, nós transferimos esta mesma função a Cristo porque a ele foi dado ser nossa justiça. Heber Carlos de campos afirma que é pela fé somente que o homem é justificado, mas a fé em si mesma não justifica. Através dela o homem abraça a Cristo por cuja graça somos justificados.19

Comparamos a fé a uma espécie de vaso. A menos que venhamos esvaziados e com a boca de nossa alma aberta para procurar a graça de Cristo, não seremos capazes de receber Cristo.20 Portanto, a fé é nossa resposta divinamente capacitada ao chamado eficaz de Deus, e a justificação é a resposta à nossa fé, a qual, antes de tudo, veio de Deus (2Tm 2.24-26).21

7. Quando ocorre a justificação?

Sobre o tema em pauta, Berkhof escreve:

Em Romanos 8.29-30 a justificação está entre os dois atos de Deus realizados no tempo (antes de todas as coisas), os quais são a vocação eficaz e a glorificação, sendo que esta começa no tempo presente (a partir da conversão) e se completa na eternidade futura. Estes três juntos: conhecimento, predestinação e chamado resultam de outros dois que são explicitamente indicados como eternos, a saber - justificados e glorificados eternamente.

Entretanto, o Espírito não aplicou, nem poderia aplicar este ou qualquer outro fruto da obra de Cristo desde a eternidade. Contudo, podemos falar de uma justificação do corpo global de Cristo que aconteceu em sua ressurreição (Rm 4.25), mas esta justificação é puramente objetiva, e, portanto, não deve ser confundida com a justificação pessoal do pecador (no ato da conversão)”.22

Portanto, mesmo que os eleitos de Deus já tenham sido conhecidos, predestinados, chamados, justificados e glorificados por Deus em Cristo antes mesmo da criação e da queda, contudo, os eleitos não nascem regenerados, mas mortos espiritualmente. Sendo assim, eles precisam se arrepender de seus pecados e vir a crer em Jesus como o seu salvador para que possam receber todos os benefícios da obra de Cristo em suas vidas.

8. A extensão da justificação

Via de regra, a extensão da justificação nos remete a extensão da expiação de Cristo. Para entendermos até onde a justificação abarca, precisamos entender primeiro por quem Cristo morreu? Por todas as pessoas ou somente pelos seus eleitos? Conforme diz a tradição reformada – “Deus justifica somente o seu povo, sua igreja, aqueles que pertencem a Deus, aqueles que o Pai entregou ao Filho para que por eles morresse e ressuscitasse”.23

Em Romanos 8.33 é dito claramente que a extensão da justificação está limitada somente aos eleitos de Deus, os quais ele justificou por meio da obra redentora de Cristo. “Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.” (NVI)
A morte de Cristo pelo mundo inteiro ou por todas as pessoas em geral, conforme vemos dentre tantos textos como (Is 53.4-12; Mt 26.28; Mc 10.45; Jo 1.29; Jo 3.16; Rm 5.7-10; 1Cor 15.3; Gl 1.3-4; Tito 2.14; 1Jo 2.1-2; Hb 2.9; Ap 5.8-9; Mc 4.11-12; Jo 10.11,15, 26-28; Jo 17.6-9, 19-21) não deve ser entendida no âmbito universal, isto é, que a morte de Jesus foi pelos eleitos e para os não eleitos, para os crentes e para os que nunca vão querer ser crentes.

Não obstante, expressões como esta não significam em todo o contexto das Escrituras que a extensão é universal, mas simplesmente ela utiliza destes termos – mundo, por todos e por nós para sintetizar a universalidade e diversidade dos vários eleitos espalhados por todo mundo.

Apocalipse 5.9 “... pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação.” (NVI)

Ronald Hanko corrobora que o que tais passagens ensinam é que Cristo morreu por todos os homens sem distinção, não por todos os homens sem exceção. Em outras palavras, tais passagens ensinam que Cristo morreu por todos os tipos de homens (1Tm 2.6a), por todos que estão nEle (1Cor 15.22), ou pelo mundo de seu povo, isto é, por seus eleitos de todas as nações.24

Concluímos, então, que, assim como a expiação de Cristo foi limitada, a justificação também é limitada, isto é, restrita e eficaz somente nos eleitos para a salvação. Em contrapartida, quanto à humanidade não eleita por Deus, ainda sim, eles desfrutam e participam também dos benefícios da morte vicária de Jesus, porém, não para a salvação e justificação, mas no que se refere a uma providência geral, que incluí bênçãos materiais, saúde, prosperidade, dentre outras coisas.

Conclusão

Duas considerações finais acerca dos benefícios da justificação:

1) A doutrina da justificação nos dá esperança para a salvação mediante a fé na justiça de Cristo nunca será perdida (1Pe 1.5).

2) A doutrina da justificação nos remete a confiança e alegria de que nossos pecados foram pagos e perdoados na cruz de Cristo pelos seus méritos, e que Deus nunca irá nos punir, nos condenando ao castigo eterno (Rm 8.1). Por outro lado estamos sujeitos a consequência de pecados cometidos e a disciplinas oriundas do Senhor por causa deles (Hb 12.5-11).

Na justificação, Deus não nos torna justos, Ele perenemente nos declara justos, completamente inocentes como se jamais houvéssemos pecado contra Ele! É Deus declarando o culpado como inocente, o injusto como justo!

2 Coríntios 5.19 – “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” (ARC)

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NOTAS:
1. John Macarthur. Artigo: Muito antes de Lutero: Jesus e a doutrina da Justificação.
2. Antony Hoekema. Salvos pela Graça, pág 155.
3. Vicent Cheung. Teologia Sistemática, pág 184-185.
4. Louis Berkhof. Teologia Sistemática, pág 510.
5. Franklin Ferreira. Teologia Sistemática, pág 254.
6. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 109.
7. John Stott. Romanos, pág 124.
8. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico de Romanos, pág 165.
9. Ibid, pág 166.
10. Hernandes Dias Lopes. Comentário Bíblico de Romanos, pág 168.
11. John Stott. Romanos, pág 127.
12. Louis Berkhof. Teologia Sistemática, pág 520.
13. David S. Steele e Curtis C. Thomas.  Justificação pela Fé (A dupla imputação). Jornal: Os Puritanos.
14. Calvino. Institutas da religião Cristã, III, 11,23.
15. David S. Steele e Curtis C. Thomas. Justificação pela Fé (A dupla imputação). Jornal: Os Puritanos.
16. Vicent Cheung. Teologia Sistemática, pág 188.
17.  Ibid, pág 185.
18. Calvino. Institutas da religião Cristã, III, 11,17.
19. Heber Carlos de Campos. A justificação pela fé nas tradições Luteranas e Reformadas.
20. Calvino. Institutas da religião Cristã, III, 11,17.
21. Vicent Cheung. Teologia Sistemática, pág 185.
22. Louis Berkhof. Teologia Sistemática, pág 516-517.
23. Heber Carlos de Campos. A justificação pela fé nas tradições Luteranas e Reformadas.
24. Ronald Hanko. Doctrine according to Glodiness, Reformed free publishing Association, pág 155-156.


Artigo de Leonardo Dâmaso/ Fonte: Bereianos

domingo, 20 de julho de 2014

IGREJA: A NOIVA PRECIOSA E GUERREIRA DE JESUS

IGREJA: A NOIVA PRECIOSA E GUERREIRA DE JESUS

(Por Gabriel Felipe M. Rocha)

“Uma esposa exemplar; feliz quem a encontrar! É muito mais valiosa que os rubis. Seu marido tem plena confiança nela e nunca lhe falta coisa alguma. Ela só lhe faz o bem, e nunca o mal, todos os dias da sua vida” (Provérbios 31:10, 11 e 12)

“Entrega-se com vontade ao seu trabalho; seus braços são fortes e vigorosos.
Administra bem o seu comércio lucrativo, e a sua lâmpada fica acesa durante a noite. Nas mãos segura o fuso e com os dedos pega a roca.
Acolhe os necessitados e estende as mãos aos pobres. Não receia a neve por seus familiares, pois todos eles vestem agasalhos”
(Provérbios 31:17-21)


Atualmente podemos ver nos noticiários Israel no meio de uma operação militar contra vários grupos terroristas em Gaza. Independente da questão política que envolve o conflito (pois aqui nós somos imparciais nessa questão e prudentes para não escrevermos besteiras), Israel nos arranca admiração quando observamos a educação militar que tal país tem. Uma disciplina insuperável e um sentimento nacionalista sólido e majestoso. Bem, isso tem uma série de razões e uma importante origem histórica e religiosa que envolve diretamente o povo judeu.

Pois bem, sem mais delongas, Israel é um povo que Deus escolheu para realizar um projeto específico. Sua existência como nação estava na economia de Deus, portanto, a Igreja deve prestar atenção em Israel, pois, a igreja é o Israel de Deus e tem semelhante participação no projeto salvífico de Deus.
“Israel” significa “o que luta com Deus”. Não significa lutar contra Deus, mas sim junto de Deus.
Deus tem um propósito de redenção para seus eleitos neste mundo e comissionou – agora –, na dispensação da graça (Novo Testamento), a sua Igreja para anunciar o Reino vindouro. Portanto, a Igreja luta com Deus nesse propósito. Ela é a Noiva Fiel de Cristo e, também, guerreira de Deus.

Do ponto de vista dessa perspectiva, trago aqui uma curiosidade no mínimo interessante. Faço então uma pergunta:

O que soldados israelenses que lutam suas batalhas têm em comum com a mulher registrada em Provérbios 31?

No Hebraico Moderno, um soldado é um Hayal (חייל) e uma soldada é uma Hayelet (חיילת). Já que o Hebraico é um idioma de raízes, podemos ver claramente como essa palavra se conecta com outras. Por exemplo, Hiul (חיול) se transforma em "mobilização" ou Hail (חיל) é uma “divisão militar”, como Hail Avir (חיל אויר) – força aérea (literalmente, o exército do ar), Hail haYam (חיל הים) – marinha (literalmente, o exército do mar), Hail raglim (חיל רגלים) – infantaria (literalmente, o exército a pé )

Em Hebraico Bíblico, a mesma raiz (חיל) é associada com uma variedade de palavras como dor, contrações do parto, fortificação, baluarte, muro de defesa externo, honestidade e até mesmo riqueza.

Portanto, o exército de Israel em conexão com as raízes hebraicas de suas expressões, é um “muro de defesa”, que sofre a “dor” do embate, mas é “fortificada” em seu objetivo (crença/ fé). Expressa “honestidade” diante de seu Deus e demonstra tamanha “riqueza” na presença, no serviço e na honra ao seu Deus.

Em paralelo, a Igreja passa a ter em sua essência todos esses adjetivos, pois, de igual modo, é guerreira de Deus. É Noiva e como toda noiva é suave e adornada, mas não deixa de ser guerreira: ela tem uma missão (proclamação do reino) e não se recua. Vai adiante! Enfrenta o embate, sofre a dor, é como muro de pedra, fortificada em Cristo e fundamentada no Santo Nome de Jesus. Ela é um muro de defesa ao defender a verdade e a sã doutrina. É honesta em suas necessidades, lutas, entrega, fidelidade e fé e também orações.

Ela (a Igreja) “administra bem o seu comércio lucrativo” (Proverbios 31: 17), ou seja: ela lucra para o Reino. Esse lucrar aqui não diz respeito de algo material ou financeiro, mas das almas que a Igreja – em batalha - ganha para Deus. Ela administra bem o Evangelho que lhe foi confiado e não abre mão de lucrar para a vida eterna.

Ela (a Igreja) mantém sua lâmpada sempre acesa (Prov. 31), pois busca a luz. Ama a luz! Quer andar na luz. Não se afasta da luz. A Igreja é guerreira, mas vence na luz que aqui aponta para a presença real do Espírito Santo na sua missão confiada.

Ela maneja bem o fuso e a roca, pois sabe tecer vestes. A Igreja quando ora e trabalha, tece vestes de salvação e em sua produção há sempre vestes de louvor ao invés de espírito angustiado, pois trabalha com alegria.

A Igreja acolhe o pobre e atende os necessitados, assim, se faz guerreira quando se define em ser luz e sal num mundo perdido e sem Deus. Ela mostra a luz ao que anda em trevas.

Ela não receia a neve e não foge da luta nos tempos de frieza. Ela ora, ela busca, ela se aquece.

A passagem bíblica mais famosa que se relaciona bem com o exército israelense se encontra em Provérbios 31. Ali, o conceito de sabedoria é personificado em uma mulher exemplar – Eshet Hail (אשת חיל) – a mulher virtude, a mulher exército, a mulher fortaleza, a mulher riqueza.


Gabriel Felipe M. Rocha

sábado, 19 de julho de 2014

Deus chama o seu povo a uma audiência

Deus chama o seu povo a uma audiência

Referência: Malaquias 1.1-5
Uma advertência: a palavra do Senhor contra Israel, por meio de Malaquias.
"Eu sempre os amei", diz o Senhor. "Mas vocês perguntam: ‘De que maneira nos amaste? ’ "Não era Esaú irmão de Jacó? ", declara o Senhor. "Todavia eu amei Jacó,
mas rejeitei Esaú. Transformei suas montanhas em terra devastada e as terras de sua herança em morada de chacais do deserto. "
Embora Edom afirme: "Fomos esmagados, mas reconstruiremos as ruínas", assim diz o Senhor dos Exércitos: "Podem construir, mas eu demolirei. Eles serão chamados Terra Perversa, povo contra quem o Senhor está irado para sempre.
Vocês verão isso com os próprios olhos e exclamarão: Grande é o Senhor, até mesmo além das fronteiras de Israel! (
Malaquias 1:1-5)

O tempo dos milagres tinha passado com Elias e Eliseu.
O cativeiro babilônico era apenas uma amarga lembrança dos seus antepassados.
As reformas efetuadas por Neemias já estavam caindo no esquecimento. A rotina das cerimônias religiosas era continuada, mas sem entusiasmo. Era um tempo de apatia, de sonolência espiritual. Tanto a liderança como o povo estava vivendo um torpor espiritual.
A mensagem de Malaquias é atualíssima para a igreja hoje.
1. O mensageiro
O nome Malaquias significa mensageiro de Deus. Por isso, alguns estudiosos entenderam que ele Malaquias era um pseudônimo e não um nome. A LXX traduz: “angelou autou” = meu anjo.
Orígenes defendeu a tese de que ele era um anjo de Deus, trazendo uma mensagem de Deus para o povo.
Jerônimo e Calvino defenderam a tese de que Malaquias era um pseudônimo de Esdras.
Cremos, entretanto, firmados na maioria dos estudiosos, que Malaquias não é um pseudônimo, mas o nome do profeta. Ele era um personagem histórico. Obadias e Habacuque também não têm genealogia descrita.
2. O tempo
Alguns estudiosos colocam Malaquias antes de Esdras.
Outros, colocam-no no período entre a ausência de Neemias e seu segundo governo em Jerusalém, visto que Malaquias trata dos mesmos problemas que Neemias enfrentou, quando de seu retorno da Pérsia: sacerdócio corrompido, retenção dos dízimos, casamento misto.
Cremos, entretanto, que Malaquias profetizou logo depois do período de Neemias. No tempo de Malaquias o templo já havia sido reconstruído. O culto, entretanto, estava sendo oferecido com desleixo: tanto o sacerdócio como o povo estava em profunda letargia espiritual. O povo estava vivendo um grande ceticismo. Cremo, assim, que Malaquias vem logo depois de Neemias, e isso, por algumas razões:
a) O estado espiritual de geral decadência é incompatível com a firme liderança espiritual de Neemias. As condições descritas por Malaquias sugerem uma deterioração que surgiu depois da eliminação da influência de Esdras e Neemias. Havia frieza espiritual e culto insincero. Havia ritual, mas não vida nos cultos.
b) No tempo de Neemias a infidelidade não era generalizada nem do sacerdócio nem do povo, mas no tempo de Malaquias sim.
c) Nem Neemias faz referência a Malaquias, nem Malaquias a Neemias.
3. O estilo
No ensino de Malaquias é fundamental o conceito de aliança. Deus se chama de Pai e trata Israel como seu filho (1:6; 3:17).
Malaquias usa um estilo de confronto poderoso, como Deus se estivesse chamando o seu povo para um confronto no tribunal. Nessa audiência divina, há três expedientes:
a) Afirmação;
b) Interrogação;
c) Refutação.
Esse tipo de confronto é apresentado no livro 8 vezes (1:2; 1:6; 1:7; 2:14; 2:17; 3:7; 3:8; 3:13).
Do começo ao fim esse pequeno livro é um APELO – um apelo ao arrependimento do pecado e volta a Deus (1:6; 2:10; 3:7; 3:10; 4:4).
Malaquias pode ser considerado o mais argumentativo livro de todo o Antigo Testamento.
I.A MENSAGEM SOLENE DE DEUS – v. 1 
1. A natureza da mensagem – v. 1
A mensagem de Malaquias é uma sentença, um fardo, um peso. Não é uma mensagem consoladora, mas de profundo confronto e censura. Essa mensagem era um peso:
a) Para o profeta
b) Para o povo
c) Para Deus.
A palavra “sentença” masâ, peso significa mais do que uma palavra da parte do Senhor. É algo pesado, duro, que o Senhor vai dizer. É um peso para o coração do profeta (Jr 4:19), para o coraçãol do povo e para o coração de Deus. Não é uma mensagem palatável, azeitada, fácil de ouvir.
Estamos também com sérias deficiências na nossa espiritualmente. Precisamos ouvir a masâ de Deus.
Os dois principais males de sua época eram o formalismo e o ceticismo. Vemos neles os primórdios do farisaísmo (formlaismo) e do saduceísmo (ceticismo). Como essas duas coisas ainda nos prejudicam hoje.
2. A autoridade da mensagem – v. 1
A mensagem é “uma sentença pronunciada pelo Senhor. A mensagem não é criada pelo profeta, mas apenas transmitida por ele. A mensagem vem de Deus, é do céu.
O pregador não gera a mensagem. O sermão não é palavra de homem, mas palavra de Deus.
Calvino entendia que o púlpito é o trono a partir do qual Deus governa o seu povo com sua Palavra.
3. O destino da mensagem – v. 1
Malaquias entrega uma sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel. O juízo começa pela Casa de Deus. Deus antes de julgar o mundo, julga o seu povo.
Israel alegrava-se quando Deus julgava as nações ao seu redor, mas não aceitou quando Deus trouxe julgamento sobre eles.
Quando o povo da aliança desobedece, Deus envia a vara da disciplina.
4. O instrumento da mensagem – v. 1
Há uma sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias. Deus levanta homens para pregar não o que eles querem pregar, não o que o povo quer ouvir, mas o que Deus ordena falar.
A mensagem de Deus não tem o propósito de agradar os ouvintes, mas de salvá-los.
II. O AMOR ELETIVO DE DEUS – v. 2 
1. É um amor declarado 
a) O amor de Deus por seu povo é um amor deliberado
O amor de Deus pelo povo é imutável (3:6). Era como o amor de um esposo pela esposa (2:11) ou de um pai pelo filho (1:6; 3:17).
Deus não nos amou por causa das virtudes que viu em nós (Os 11:1). A causa do amor de Deus está nele mesmo e não em nós. Deus escolheu Israel não porque era a maior ou a melhor nação. Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16).
Deus escolheu Jacó antes dele nascer. Deus não nos elegeu: 1) Porque previu que iríamos crer – A fé não é a causa da eleição, mas consequência (At 13:48); 2) Porque viu em nós boas obras – Fomos eleitos para as boas-obras e não por causa delas (Ef 2:10); 3) Porque viu em nós santidade – Deus nos escolheu para a santidade e não por causa da santidade (Ef 1:4); 4) Porque viu em nós obediência – Fomos eleitos para a obediência e não por causa da obediência (1 Pe 1:2).
b) O amor de Deus por seu povo é um amor paciente
Deus amou Jacó, mas ele foi um homem enganador: ele enganou o irmão, mentiu para o pai.
Muitas vezes o povo de Deus voltou-se contra Deus, provocou Deus a ira. Mas Deus nunca desamparou o seu povo. Tratou-o como um Pai trata o seu filho.
De igual modo, Deus é paciente conosco hoje. Mesmo que sejamos infiéis, ele permanece fiel!
c) O amor de Deus por seu povo é um amor triunfante
O amor de Deus por seu povo é um amor contínuo. Ele não disse: “eu vos amei” nem disse: “Eu vos amo”, mas disse: “Eu vos tenho amado”. O amor de Deus pelo seu povo nunca cessou. Deus ama com um amor eterno (Jr 31:3). Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós pecadores (Rm 5:8).
Israel afastou-se de Deus. Matou os profetas de Deus. Fechou o coração para Deus. Então, Deus o enviou ao cativeiro, mas Deus o tirou do cativeiro, restaurou-lhe a sorte. A graça de Deus é maior do que o nosso pecado. Israel ainda é o povo da aliança. Deus não desiste de nós. Aquele que começou a fazer boa obra em nós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus!
2. É um amor questionado – v. 2 
a) Insensibilidade ao amor de Deus
A raiz do pecado do povo é a insensibilidade ao amor de Deus. Isso produz dúvida, impiedade e relaxamento moral. Eles deixaram de ver a providência divina. Deixaram de ouvir a Palavra de Deus. Eles foram disciplinados, mas não viram nisso o amor do Pai, ao contrário, sentiram-se injustiçados.
O pecado sempre encontrará uma porta aberta, aonde o amor de Deus é colocado em dúvida.
b) Ingratidão ao amor de Deus
Apesar da declaração e das evidências do amor de Deus por Israel, eles ainda perguntam: “Em que nos tem amado?” A ingratidão tem os olhos fechados para a benevolência recebida. Quantas vezes, nós também, questionamos o amor de Deus. Quantas vezes, ferimos o coração de Deus, com uma atitude de rebeldia e ingratidão (Sl 78:9-17).
O povo de Israel achava certo que Deus julgasse Edom. Mas achava injusto que Deus o julgasse. É sempre mais cômodo apelar para o juízo divino contra os outros.
3. É um amor demonstrado – v. 2 
a) Pela escolha soberana
Deus escolheu Jacó. Deus escolheu Israel. “Tão somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar: a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos” Dt 10:15).
Deus escolheu-nos soberanamente. A eleição é um ato da livre graça de Deus. Ele nos escolheu antes dos tempos eternos (2 Tm 1:9). Ele nos escolheu quando não tínhamos nenhum mérito. Ele nos escolheu em Cristo.
b) Pela proteção amorosa
Deus livrou Jacó, salvou Jacó, abençoou Jacó. Formou um povo, libertou o povo, guiou o povo. Deu-lhe provisão, proteção, a lei, uma terra, uma missão.
c) Pela restauração milagrosa
Deus tirou o povo do Egito. Deus guiou o povo no deserto. Deus colocou o povo na terra da promessa. Deus lhes deu sua Palavra. Deus lhes enviou profetas. Deus os disciplinou em sua rebeldia. Deus os trouxe de volta do cativeiro. Deus os restaurou.
III. O JULGAMENTO SOLENE DE DEUS – v. 3-4 
1. Esaú rejeita sua primogenitura – Gn 25:34; Hb 12:16
Esaú não dava valor às coisas espirituais. Ele preferia satisfazer seu apetite do que dar importância às coisas de Deus. Ele trocou seu direito de primogenitura por um prato dse lentilhas. Toda a história subsequente da descendência de Esaú se explica pelo sistem de valores dele.
Deus jamais predestinou Esaú a ser um réprobo. Deus jamais predestinou o pecado.
2. Esaú era impuro e profano – Hb 12:16-17
Esaú era um homem entregue à impiedade e perversão, ou seja, profano e impuro. Ele desprezava as coisas de Deus. Por isso, era capaz de chorar querendo a bênção, mas jamais se arrependeu sinceramente (Hb 12:17).
3. Os descendentes de Esaú, os edomitas seguiram seu caminho – Nm 20:14-21
Eles não deixaram Israel passar pelo seu território. Eles perseguiram o povo de Deus. Eles se colocaram na contra-mão da vontade de Deus.
4. Os descendentes de Esaú, os edomitas associaram-se com a Babilônia para matar o povo de Deus – Ob 10-14; Jl 3:19; Sl 137:7 
a) Saquearam Jerusalém junto com os caldeus (Ob 11,13).
b) Olhou com prazer a calamidade de Israel (Ob 12; Sl 137:7).
c) Pararam nas encruzilhadas para matar os que tentavam fugir (Ob 14).
d) Entregaram à Babilônia alguns que tentavam fugir (Ob 14).
5. Os descendentes de Esaú foram também saqueados pelos nabateus, árabes logo depois do cativeiro babilônico – Ob 15,18,21; Ml 1:3-4
Setenta anos depois que Jerusalém caiu nas mãos da Babilônia com ajuda dos edomitas, os nabateus, invasores do deserto varreram o território edomita, obrigando sua população a se refugiar no Neguebe, ao sul de Judá. Seu país, mais tarde conhecido como Iduméia, tinha por capital Hebrom.
O mal feito dos edomitas caiu sobre suas próprias cabeças. Ao perseguirem o povo de Deus, tocaram na menina dos olhos de Deus.
6. Os descendentes de Esaú, os edomitas, nunca foram restaurados – v. 4
A grande prova do amor de Deus por Israel é que igualmente Israel pecou. Igualmente Israel foi levado para o cativeiro. Mas Deus restaurou Israel e não restaurou Edom. Para Edom não houve restauração. Veja o contraste entre Ml 1:2 e 1:4.
Ainda que Edom queira reconstruir sua cidade à parte de Deus, Deus não o permitirá.
a) Os esforços do ímpio são dirigidos por propósitos errados (v. 4) – Os edomitas querem reconstruir sem Deus.
b) Os esforços do ímpio são conduzidos por espírito errado (v. 4) – retornaremos e reedificaremos (Babel).
c) Os esforços do ímpio estão edificados sobre um fundamento errado (v. 4) – A terra de Edom será sempre uma terra de perversidade. A ira de Deus está sempre ardendo contra eles. A providência divina tanto restaura como derruba (Ec 3:3). O juízo de Deus é terrível (desolada) e irrevogável (irado para sempre).
IV. A GRANDEZA UNIVERSAL DE DEUS – v. 5 
1. A grandeza de Deus é vista em seus graciosos atos com Israel, seu povo
a) Deus elegeu;
b) Deus protegeu;
c) Deus disciplinou;
d) Deus restaurou.
2. A grandeza de Deus é vista em seu julgamento às nações
Deus não age apenas na vida do seu povo, nem apenas na igreja. Deus não é propriedade da igreja. Ele não é uma divindade tribal. Ele é o Senhor do universo. Ele age em todo o mundo. Ele julga as nações.
A soberania de Deus não se limita ao seu povo. Se Israel olhasse mais ao seu redor, reconheceria melhor o amor de Deus, e veria como Deus fora maravilhoso com eles, em contraste com as experiências de outras nações.
Israel precisa ver e anunciar a grandeza de Deus em toda a terra.
CONCLUSÃO 
Este texto enseja-nos algumas lições práticas:
1. A sentença de Deus é deveras pesada
Precisamos escolher entre o peso de glória ou o pesa da ira.
Deus disse por intermédio de Amós: “De todas as famílias da terra somente a vós outros vos escolhi, portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidades” (Am 3:2).
2. O amor de Deus é deveras benigno
O amor de Deus é verdadeiro ainda quando disciplina o seu povo. O viticultor castiga a vinha, podando seus ramos para obter mais uvas.
É uma triste prova da nossa depravação que o amor de Deus é menos confessado, onde ele é mais manifesto (v. 2).
3. O soberano e eterno propósito de Deus é o único fundamento de seu favor a nós
A salvação depende do amor eletivo de Deus. O que deve nos espantar é o fato de Deus ter nos escolhido para ele!
4. O amor de Deus pelo seu povo nem sempre é correspondido
A ingratidão fere o coração de Deus, embora não apague o amor de Deus.
5. O poder do homem jamais pode reverter a sentença de Deus
É Deus quem edifica e quem derruba. Quando Deus edifica ninguém derruba; quando Deus derruba, ninguém edifica.
6. Deus será glorificado no julgamento do pecado como na recompensa da obediência
A glória de Deus é manifesta na salvação do seu povo e também na condenação dos ímpios que o rejeitam. Tanto o céu como o inferno devem manifestar a glória de Deus.

Rev. Hernandes Dias Lopes/ Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória -ES

PASTORES QUE NOS ENCORAJAM E QUE SÃO EXEMPLOS

PASTORES QUE NOS ENCORAJAM E QUE SÃO EXEMPLOS

Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.
E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei
(1 Coríntios 11:1-2)

“Para que vos não façais negligentes, mas sejais IMITADORES dos que pela fé e paciência herdam as promessas.” (Hebreus 6:12)

“Por seus frutos os CONHECEREIS. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?” (Mateus 7:16)

“Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, ATENTANDO para a sua maneira de viver.” (Hebreus 13:7)

Existem alguns jargões evangélicos que são ditos sem nenhuma conformidade com a verdade das Escrituras e, alguns desses jargões (e frases de efeito) estão fundamentados em versículos isolados da Bíblia, como “não julgueis para não ser julgado”, “a letra mata, mas o Espírito vivifica”, dentre outros.

Mas um que me chama a atenção é “não olheis para o homem”. Esse jargão é dito e repetido de forma ignorante por muitos crentes em suas igrejas, principalmente quando tentam justificar ou abafar os erros de sua idolatrada liderança. Quando esses falham, pedem para não “olhar para o homem”, mas quando esses falam, todos fitam os olhos e os seguem cegamente.

De fato, não seguimos nosso caminho olhando e nem se baseando em homens, idéias, conceitos, filosofias e dogmas. Isso tudo é do homem! Importa para nós seguirmos somente a Cristo. Ele é o oleiro, nós somos apenas o barro.

Portanto, “não olheis para o homem” é válido quando dizemos que não precisamos de homem algum para nossa salvação e para nossa vida com Deus, pois devemos olhar apenas para Cristo e sermos guiados pelo seu Santo Espírito. A salvação é um ato individual e, da mesma forma, um processo individual (embora a vivamos no Corpo e na comunhão). Paulo mesmo, nos versículos acima, explicita que é lícito olhar para a figura humana que é verdadeiro exemplo e que pode transmitir em sua vida o exemplo de Cristo, embora, nenhum homem é igual a Cristo. Mas o “não olheis para o homem” de alguns incautos se passa no contexto da falta de um bom exemplo e um bom (e impecável) testemunho a ser dado.

Nesse horizonte, deixo aqui uma postagem do pr. Jeremias Pereira, da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte.

Quais são os pastores que nos encorajam e são exemplos?


Pastores que pensam antes de falar e escrever. Todos nós tropeçamos no falar, às vezes, mas alguns de nós tropeçamos mais. 

Pastores que plantam novas igrejas e apoiam a plantação de novas igrejas.

Pastores que amam ganhar vidas para Cristo mais do que a placa da denominação que  pastoreiam. Pastores que têm um compromisso com o reino e não simplesmente prestam conta a grupo de pastores da liderança. Pastores que amam pessoas, vidas e não números.

Pastores que amam com amor verdadeiro as pessoas a quem serve como pastor no rebanho de Cristo. Pastores que aprenderam a sofrer com o seu povo e alegrar-se com as alegrias dos mesmos. Procuram participar e encorajar seu povo em meio as suas lutas. Esta é, inclusive, uma das partes mais desgastantes do ministério pastoral.

Pastores que encorajam seu povo a orar, ler e meditar na Palavra de Deus e desenvolver uma vida de intimidade com Deus. Encorajam o seu ppvo a adquirir o conhecimento das Escrituras sem medo de questionamentos, pois ele sabe que não é dono da verdade e que a Verdade se revela nas Escrituras. Encorajam suas ovelhas à leitura bíblica sem medo de questionamento doutrinário, pois sabem que as doutrinas que vivem estão firmadas na Palavra de Deus e não são frutos de “novas revelações” subjetivas.

Pastores que são humildes e dóceis no trato. E são dóceis no trato sem deixar de ser sal e pastoreando com firmeza, inclusive, firmeza de caráter.

Pastores que mantém o ensino do "velho" evangelho e não são movidos por todo vento de doutrina, não só pregam suas doutrinas preferidas, nem os assuntos da moda. Embora não fuja dos assuntos atuais ele mantém sua caminhada de ensino das verdades Eternas do Evangelho. 

Pastores que continuam a aprender e a crescer pessoalmente e amam sua Bíblia e a tem como única referência de fé e prática, sabendo que ela testifica de um Jesus vivo e glorificado.

Pastores que não são movidos pela politicagem denoninacional e nem tem medo de fazer ou pregar o que glorifica a Cristo e honra a Palavra de Deus, mesmo que o tradicionalismo de sua denominação fique incomodado. 

Pastores que procuram prioritariamente agradar a Cristo e não agradar as pessoas. Agradar o povo da igreja local e tentar agradar a denominação é sempre uma cilada. Um pastor deve se esforçar para cooperar com as pessoas e a denominação desde que isso não o desvie de glorificar a Cristo. Pastores que aprendem a dizer sim e também a dizer não.

Pastores cujo propósito é andar com Deus e não ganhar fama. Muitas vezes terá que enfrentar as criticas e falsas acusações.

Pastores que amam o Reino de Deus e o Corpo de Cristo acima de suas denominações e também não se deixa manipular pelos grupelhos que porventura venham a existir na igreja local. 

Pastores que compreendem que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê e que o evangelho tem eficácia na vida, na conversão, na transformação de vidas, famílias e justiça social. Sabem que o Evangelho que pregam não é “nova revelação”, mas é a Verdade revelada nas Escrituras que geram crentes e servos de Deus para o reino. Pregam o Evangelho que gera frutos para a vida eterna e não para a vida terrena.

Pastores que sabem que sua igreja não é a única obra de Cristo e que, tampouco, é a que tem a obra do Espírito Santo, pois conhece as Escrituras e sabe que a verdade não é essa, mas que todos os que têm a fé em Jesus e são remidos pelo seu sangue, têm em suas vidas a eficaz operação do Espírito Santo que gera em tais vidas o conhecimento do Evangelho, o convencimento do pecado, a fé, a conversão, a transformação e regeneração, a santificação, o batismo com o Espírito Santo, a instrumentalidade, etc. Portanto, bons pastores sabem que essas operações gradativas do Espírito Santo é que são a “Obra do Espírito Santo” e não uma igreja em específico.

Pastores que encorajam e procuram abrir espaços para a geração dos novos líderes. Ele investe em  novos líderes.

Pastores que estão comprometidos com sua família mais do que com o sucesso de sua igreja local ou denominação. Suas famílias são exemplos para toda a congregação. Pastores que investem em seu casamento e na vida de seus filhos e descendentes.


Pastores bem humorados, mas que não perdem a reverência e encaram o ministério seriamente com genuína adesão e entrega, deixando Cristo crescer e eles próprios diminuírem. Pastores cuja alegria é contagiante e renovada.
Pastores criativos, inteligentes e sábios, mas que não se dão aos mundanismos e modismos, “modernizando” suas igrejas, mas que colocam seus potenciais do intelecto a serviço da Revelação de Jesus Cristo, deixando que o Espírito Santo realize sua obra. Pastores que se esforçam para fazer a ponte do evangelismo com as gerações mais novas. Pastores que têm sensibilidade para conversarem com membros mais velhos e de uma geração mais antiga e, ao mesmo tempo, com jovens e adolescentes (da nova geração) não sendo arcaico e nem “moderninho”, temperando com a Palavra de Deus e com o bom testemunho de Cristo.

É claro que esta lista também não é A LISTA. Naturalmente a sua lista pode ser outra.

Com orações 
Pastor Jeremias Pereira. Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte