segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Uma reflexão breve sobre a obra do Espírito Santo no contexto bíblico e congregacional

Uma reflexão breve sobre a obra do Espírito Santo no contexto bíblico e congregacional

(por Gabriel F. Rocha)

E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus” (Mateus 16:6)

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego" (Romanos 1:16)

Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos, mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento(II Co. 10:12)

Porque grande é o Senhor, e digno de louvor, mais temível do que todos os deuses (Salmos 96:4)

A minha mensagem será sempre sobre a glória e os feitos do Noivo (Jesus) e jamais sobre a glória, feitos, adereços e virtudes da noiva (quem lê, entenda.)
Mas se eu precisar relatar os feitos dela (igreja), eu farei menção da graça do Pai, do sacrifício salvífico do Filho e da obra redentora do Espírito Santo, pois sem a Trindade Santa, não há feito algum para se gloriar. Portanto, a glória nossa será sempre a glória de Deus. O que podemos oferecer a Deus a não ser glórias, reconhecimento e louvor?
Menos de nós, menos de nossa placa, menos de nosso ego e mais de Deus. Voz de Deus e não de homens! Muitos homens estão falando e apelando em seus discursos em nome de Deus! Haverá juízo!

Falar da Igreja de uma forma geral e mostrar o que Deus está fazendo no seio dela é louvável e sadio. Acrescenta muito à fé. Gera gratidão e edificação quando feito em glória ao Noivo.
No entanto, em alguns grupos há uma forma de apelação denominacional.
Exemplo: “nós temos e os outros não!”; “Ai de você se deixar nosso grupo! Lá não tem isso, aquilo e aquilo outro...”; “Não há operação espiritual fora daqui”; “Aqui há doutrina, lá fora é só movimento ou religião”; “lá fora está tudo corrompido, mas aqui dentro o Espírito Santo fala”; “Só aqui Ele fala...”; etc. Embora haja algumas verdades em relação à dramática condição do evangelho atual que se vê – em alguns lugares – corrompido e cheio de levedura, tais generalizações são perigosas e não são verdades. E se não há verdade nesse tipo (apelativo) de fala, há mentira nos púlpitos.

Por quê?

De fato, existe hoje uma série de heresias e engano. Grupos se afastam cada vez mais das verdades bíblicas e se jogam aos ventos de doutrina. Não há consolidação  doutrinária em vários grupos. No entanto, existem igrejas sérias que têm levado o Evangelho de Jesus Cristo a sério. Isso é atestado no testemunho que tais igrejas têm, nos trabalhos consolidados  de missões, no amor genuíno pelas vidas perdidas (sem proselitismo), pela relação e responsabilidade com o outro, pela posição definida ante o mundo, pela busca e oração com intimidade, pelo sadio entendimento de Corpo sem noções de sectarismo e também sem noções de ecumenismo. Existem igrejas que pregam a mensagem da cruz totalmente centrada nas Escrituras e não fogem das verdades bíblicas. Existem igrejas sérias que combatem o pecado e não deixam de pregar a Verdade com receio de se esvaziarem e não atraírem multidões para si. Prega-se diligentemente o Evangelho de salvação, transformação, santidade, arrependimento, entrega pessoal, fé, frutos do Espírito, obras, devoção e crescimento em graça. Preocupam-se com os tantos casos de divórcios existentes no seio das igrejas contemporâneas (inclusive em números expressivos em igrejas pentecostais e sectárias), se preocupam com os jovens e têm mensagens consistentes dentro da sã doutrina bíblica e que confrontam a realidade em que os jovens estão inseridos. Abordam constantemente a volta de Jesus Cristo e se santificam com entendimento e maturidade para tal evento. Há, portanto a operação do Espírito Santo, pois há fé. A obra de redenção do Espírito Santo tem como pré-requisito a fé em Jesus Cristo.

Portanto, a partir das Escrituras, vejo tais generalizações como ENGANO RELIGIOSO, pois não creio que o Espírito Santo segregou um grupo para chamar de seu, pois o projeto veterotestamentário previa isso apenas para Israel na efetivação da Lei. No entanto, agora, estamos debaixo da graça mediante o sacrifício salvífico de Cristo e mediante o derramamento (universal do Espírito Santo). Assim, não há mais segregações, mas sim Evangelho universal a partir da fé em Jesus Cristo. Creio, portanto que: se um indivíduo X crê em Jesus Cristo como salvador e foi eleito para tal fé, o Espírito Santo começará uma obra nesse de redenção, desde sua confissão de fé primária e arrependimento total até seu triunfo na glória de Deus. Assim como o mesmo Espírito Santo pode fazer a mesma obra de redenção na vida do crente Y, a partir da mesma fé (fé: dom de Deus/ fé da Eternidade/ fé para a salvação). Se Deus é quem confere a salvação por meio da graça e por meio de seu Filho, seria incoerente realizar um projeto diferente em cada um, pois há um só projeto de salvação e não dois, três, quatro...  Há um só Deus e Pai, um só Corpo, uma só Noiva, um só batismo e uma só fé.

Veja a postagem:  http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/09/uma-reflexao-sobre-obra-do-espirito-na.html

O que há, de fato é: resultado de uma busca. Resultado de uma posição em relação à Mensagem da cruz e do desejo de conhecer mais desse Deus (sem se afastar das Escrituras). Assim, alguns grupos alcançam determinados elementos do projeto de redenção divino mais que outros e assim por diante.

No entanto, quando o grupo denominacional, institucional, tradicional, etc. têm sua base de fé no Evangelho, baseado na Palavra de Deus e na Revelação de Jesus Cristo, há uma unidade de fé que une todos em um só Corpo. Há uma só Noiva e, assim, é extremamente perigoso se reconhecer como A ÚNICA, NOIVA DE CRISTO em referência ao seu grupo denominacional em meio aos outros grupos. Isso desencadeia uma série de problemas como o sectarismo, religiosidade, justificação exacerbada dessa mensagem soberba que gera dogmas e heresias e tantos outros males que causam confusão e transtornam a simplicidade do Evangelho da cruz.

Aliás, toda igreja, seja local, denominacional, etc. deve se firmar na mensagem bíblica como regra de fé e prática. Deus fala! Mas Deus fala primeiro pela sua Palavra, pois nela há a base para qualquer construção. Em que sentido? Existe nas Escrituras todo o projeto de salvação do Pai e está manifesto em suas páginas a Revelação de Jesus Cristo (vivo e glorificado). Portanto, a Igreja fiel de Jesus Cristo deve se firmar na Revelação de Jesus Cristo (veja em Mateus 16: 16-18). Todo crente que crê em Jesus Cristo e foi eleito para tal salvação em Jesus é passivo de ter um encontro pessoal com Cristo e esse ato configura a revelação de Jesus a esse eleito. Veja a experiência de Paulo a caminho de Damasco (Atos 9: 3-5). Assim, não é lícito dizer que não há revelação de Jesus Cristo em outros grupos, sendo que em tais grupos há a fé (dom de Deus) na vida de uma congregação separada por Deus, seja qual nome a referida venha a ter.

Qual seria a atitude de Jesus ao receber o pecador que Deus – de antemão – elegeu para a salvação? Qual seria a obra do Espírito Santo na vida desses escolhidos?

Qual seria a atitude de Cristo ao receber o pecador X e o pecador Y? Qual seria o gesto e qual seria a obra de Cristo para aqueles a quem o pai escolheu - desde a Eternidade- para a salvação?
Nosso Senhor faria uma obra completa em X e uma obra incompleta em Y sendo ambos escolhidos para a mesma glória?
Ah! Um seria vaso de honra e outro para desonra? Um seria "filho" e o outro seria "primo"? Mas não foram eleitos pelo mesmo Pai, participantes do mesmo batismo e receberam o mesmo chamado (para a salvação)? De certo, vaso de desonra, em completa comunhão com as Escrituras, seria aquele que não tem sobre si o selo do Espírito Santo.
Seria o sacrifício de Jesus mais eficiente para X e menos eficiente para Y?

Não sei qual é o entendimento pregado e ensinado sobre o que é a obra do Espírito Santo em alguns lugares, mas existe uma perspectiva bíblica para tal definição. Obra do Espírito é aquilo que o Espírito Santo faz na vida daquele que foi eleito para a salvação. É a obra que o Espírito Santo promove desde o chamado até o triunfo com Cristo em sua esperada vinda.
Pois bem, vamos agora ao ponto:
O que é, então, a Obra Redentora do Espírito Santo? Vamos responder sob duas perspectivas à luz das Escrituras sem deturpação alguma da Verdade revelada na Palavra de Deus:
1) A Obra Redentora do Espírito Santo é um projeto planejado desde a Eternidade, partindo da graça soberana do Deus Altíssimo que desejou salvar o homem através de Jesus Cristo. Jesus, portanto, é o Nome principal nesse projeto divino. Ele é o Verbo da criação e o Verbo da redenção. Desde a Eternidade, Deus planejou salvar o homem através do sacrifício de Cristo que efetivaria a obra salvífica do Espírito Santo na vida do escolhido.
2) O segundo aspecto perpassa já na própria vida do escolhido quando esse é chamado, conhece a Mensagem do Evangelho, se arrepende, nasce da água (regenera-se), recebe a fé, é batizado pelo Espírito Santo, passa pelas águas, tem a vida transformada, santifica-se nessa Verdade, firma-se em Cristo, passa a ter um louvor em espírito, recebe os frutos do Espírito Santo para sua caminhada cristã, recebe dons do Espírito Santo pela graça divina, é usado na obra de Deus, cresce em graça e conhecimento e alcança responsabilidades maiores no serviço do Reino e, sobretudo, testemunha da chegada do Reino e da volta de Cristo.
Logicamente, como já dissemos aqui, existem grupos que alcançaram de forma mais autêntica determinados elementos daquilo que podemos chamar de "a obra do Espírito", mas, definitivamente, não há um exclusivismo religioso ensinado nas Escrituras. A Bíblia trata os salvos em Cristo como "eleitos", "filhos", "povo", etc. Não há nenhuma referência nas Escrituras de exclusividade institucional.
Assim, concluímos que:
Não existem grupos específicos que detém ou têm a "obra" ou que seja propriamente a "obra" de Deus. A obra é exclusivamente de Deus e se dá na economia divina, na revelação de Jesus Cristo ao salvo e na ação contínua do Espírito Santo até o triunfo final com Cristo.
Todos que crêem em Jesus Cristo e firma-se nEle, recebe o Espírito Santo. Logo, se recebe o Espírito Santo, participa de sua obra redentora. Assim, caminham firmados nas doutrinas bíblicas, na fé, no Espírito e em espírito e na graça de Deus.
Volvendo-se a textos, vemos que todos que foram chamados receberam, a princípio, o mesmo tratamento, por pior, ou melhor, que fossem no novo ou no velho testamento. A diferença no tratamento entre X e Y é o resultado maior de seus comportamentos do que da Operação da Trindade neles. Tem-se também que a Trindade sempre operou de forma uniforme naqueles que foram escolhidos. Não se aperfeiçoa mais a uns e a outros menos. Tudo é reflexo do comportamento humano em buscar o aperfeiçoamento ou maior intimidade com Deus. Mas mesmo assim estes, aos olhos de Deus, não são melhores ou piores. Se na bíblia certos servos são mais mencionados do que os outros isso não implica que foram melhores ou pior do que tantos outros. Não há como o mesmo espírito que opera em X ou Y ser diferente. Deus não é Deus de confusão! Quanto ao escrito que "Deus não faz acepção de pessoas" não se limita somente a escolha quanto à raça, gênero ou classe social, mas diz respeito também que Deus operará em X ou Y da mesma forma lhe concedendo a mesma porção necessária à salvação. A partir do momento que você usa a ação do Espírito Santo em sua vida para se promover em detrimento de outros, à luz das escrituras, é difícil entender a genuinidade dessa operação do Espírito Santo que causa segregação


Consideração final:

Existe a saudável possibilidade de se pregar Jesus, pregar sua obra redentora, mencionar a operação e obra do Espírito Santo no meio da igreja sem ter que desviar o foco para a imagem da igreja local, denominacional, institucional, etc. Igrejas sérias não precisam fazer tais apelos. Não precisam de mostrar o que o seu segregado grupo tem ou deixa de ter. A Glória é do Noivo! Aleluias ao Cordeiro! Igrejas sérias pregam o Evangelho sem forçar a barra e não se lançam ao proselitismo. Jamais se medem e se comparam. Isso é vaidade! Elas carregam e pronunciam a mensagem da cruz e anunciam o Reino vindouro sem se preocuparem com suas próprias imagens, vaidades e negam tais atitudes religiosas e sectárias. 

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