sábado, 4 de outubro de 2014

A Livre Escolha no Plano da Eleição Divina

A questão da livre escolha no plano da Eleição divina




 “A eleição é segundo o pré-conhecimento de Deus daqueles que crerão”
(1 Pedro 1:1-2)

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado (Efésios 1:4-6)

 “Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas” (João 10.26)
“Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28)

“Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar” (João 10:29)



     Essa questão do "livre arbítrio" não é tão simples assim. Deve ser estudada com atenção. Inclusive, para alguns que dizem não gostar de teologia mas amam mencionar o termo “livre-arbítrio”, esse termo foi teologicamente por um padre da Igreja Católica Romana e filósofo, a saber, Agostinho (ou Sto Agostinho). É um conceito complexo e não pode ser usado de forma tão simples nas apropriações, estudos e mensagens.
     O Calvinismo consciente e não fundamentalista reconhece que existe níveis de escolha, mas prefere ser mais coerente com a mensagem geral da Bíblia, numa hermenêutica mais completa. Há, de fato, nos exemplos diversos das Escrituras como, a escolha de Adão e Eva, escolha de Davi, de Saul, de Absalão, etc., níveis de escolha. Não é negado que haja escolha, mas, para haver a escolha, deve haver o primeiro "motor" que é o próprio Deus (entraria aqui uma reflexão mais profunda em Aristóteles e Sto Agostinho, mas não é o caso agora).
     Na lei da natureza e na metafísica esse princípio não pode ser rejeitado. deve haver um primeiro "motor" (no caso, o próprio Transcendente/ Deus). Na "lei espiritual", há um primeiro fundamento para a escolha livre, pois o próprio soberano criou a "escolha" se afirmarmos que ela existe. Então, o próprio Deus é Senhor da escolha. No plano espiritual e profético está já definido, pois Deus é o ontem, o hoje e o amanhã e a lógica da Eternidade não se aplica à nossa lógica cronológica. O critério divino não se aplica da mesma forma que a "justiça humana". Aliás, justo mesmo seria se todos nós perecêssemos, pois a Bíblia diz que TODOS nós pecamos e destituídos estamos da glória divina.
      Uma coisa eu sei e afirmo: não existe "liberdade plena" no homem. Explico: se cremos que somos depravados, logo há em nós inclinações. Se há inclinações (e a Bíblia afirma que há), somos movidos por elas. Logo, nossa vida na carne se resume em atendê-las. Assim não somos totalmente livres. Nossa vida no espírito se resume em superá-las, assim há um nível de liberdade em nós que se manifesta, mas, por ser "luta contra inclinação", não é liberdade plena. Jamais poderá ser. Logo: não há um " livre arbítrio" em seu sentido de "plenitude de deliberação". O homem que crê precisa do auxílio de Deus para crer. É nesse campo que permanece o calvinismo (nem sempre alguns calvinistas).
     Na vertente calvinista se tem o entendimento da depravação total do homem mediante sua queda. Na queda no Éden o homem, mesmo andando com Deus, foi facilmente influenciado, pois é de sua natureza se influenciar. É um ser constitutivamente influenciável, pois Deus o criou para ser influenciado. Esse princípio não pode ser refutado tão facilmente. O que houve então no Éden? Influência do "mal" sobre o "bem".
     O Bem seria a presença plena de Deus e sua Revelação. O Bem era o referencial para agir, porém num horizonte de determinação divina. Pois se pensa a partir de uma ordem estabelecida pelo próprio Criador. Nesse sentido, "Bem" é tudo, é todo, é completude, é presença completa e eterna do Criador. Mas e o "Mal"? Deus criou o mal? Não! Deus é plena bondade. Nele não surge o mal.
     O conceito de "mal" se passa no horizonte da "falta", do "nada". Santo Agostinho desenvolveu com muita propriedade essa linha de pensamento obedecendo a hermenêutica bíblica. Se Deus criou o mundo do "nada", intrinsecamente há "falta" no mundo, embora Deus seja Tudo. Se Deus criou o homem do nada, logo há falta de algo a se completar ainda na essência do homem. Nesse contexto, a alma do homem carece sempre da completude de Deus. Por isso o homem busca Deus. Quando não busca o Deus Vivo, busca o deus criatura (do próprio homem) em suas diversas formas. Pois o humano precisa se completar. Eis o princípio do pecado! "Pecado" nos textos neotestamentários é "hamartia" que significa "erro do alvo". Pecado é quando não se acerta o alvo. Mas Deus já dá todo o recurso espiritual para que esse alvo seja acertado.
     Então o ser humano é um ser essencialmente influenciado pelo seu constitutivo desejo de se preencher. Assim, não pode haver nele uma "plena liberdade de escolha" que tenha surgido da "sua santa essência". Não! Isso é um tipo de humanismo estranho ás Escrituras.
Infelizmente, o arminianismo prega um certo tipo de humanismo onde o homem pode interromper todo o projeto de redenção de Deus (contrariando o próprio Deus). Ele delibera livremente... Grande homem!
      O que, de fato, existe é: níveis limitados de liberdade. Portanto, não se nega a liberdade. Pois nesse contexto de busca pela satisfação da alma carente, o homem faz suas escolhas e se responsabilizará por elas. Mas elas são influenciadas e isso é economia de Deus.
      Deus não deixará de ser Deus e, tampouco, deixará de ser amor se alguns não se salvarem. Pois ninguém merecia a "segunda chance". Jesus nos mostra a grandeza desse Deus.
      Mas Deus deixaria de ser Deus se eu afirmar com todas as letras que EU posso dar rumo à história e recusar em tempo terreno o que Deus planejou em tempo eterno.
"Se a queda do homem não estava dentro dos desígnios de Deus, mas foi fruto do acaso, do qual Deus é alheio, todavia pré-conhecedor, qual a garantia que temos que não ocorrerá uma nova queda no estado eterno que está por vir? Ora, se é aceito o total controle de Deus no tempo futuro, interferindo na escolha do homem de não se rebelar novamente, por que não aceitam o controle de Deus sobre tudo nesse tempo presente, de forma que permitiu a queda do homem para o louvor da sua glória?"
Arminianos precisam entender que Deus é um ser totalmente outro, no sentido de que Ele possui atributos e poderes muito além dos nossos. Um deles, facilmente perceptível na bíblia, é sua habilidade de cumprir seus decretos e propósitos sem interferir na livre decisão (não livre arbítrio) do homem, de modo que consegue responsabilizar o homem com justiça por seus atos, mesmo sendo os seus atos praticados em conformidade com Sua soberana vontade. Um exemplo bom é a respeito das autoridades. 
Nós elegemos os governantes, mas elas foram ordenadas por Deus. Então, quando votamos, somos feitos marionetes? Não! Votamos livremente, e se algo der errado a culpa é nossa, mas a autoridade foi investida pela vontade de Deus. Como Deus faz isso? Não tem como saber. Continuando, crer que Adão pecou e que isso não estava dentro dos propósitos de Deus é crer num Deus irresponsável e incapaz de impedir tragédias e de cumprir suas promessas. Por que fez isso então? Por que deixou existir o diabo? Por que não destruiu o mal ainda? Será que alguém pensa que o diabo pegou Deus de surpresa quando se rebelou? Será que alguém pensa que Adão pecou Deus de surpresa quando caiu? Se Deus sabia que Lucifer se rebelaria, porque o criou? Se Deus sabia que Adão cairia, porque pôs a árvore no Jaridm? Seria Deus irresponsável ou fraco? Não! Ele fez tudo isso PARA O LOUVOR DE SUA GLÓRIA! Ora, Deus é amor, mas é justiça, bondade, longaminidade, santidade...Como conheceríamos sua justiça se não existisse a injustiça? Como conheceríamos sua bondade se não existisse o mal? Como conheceríamos sua santidade se não existisse o pecado? Só conhecemos a essência de Deus porque um dia o homem e o diabo caíram, caso contrário nunca conheceríamos a Deus de verdade e não daríamos o louvor devido por sua bondade, justiça, longanimidade, santidade, mas apenas por seu amor. Conheceríamos apenas seu amor e olhe lá. Deus fez o homem e o diabo pecar? Não, pois como disse no início, Ele consegue conciliar sua vontade com nossas livres escolhas

(continua)
Breve posto aqui um artigo mais fundamentado sobre o tema.

Gabriel Felipe M. Rocha.
Contribuições de Dan Russel

Grupo de Estudos Bíblicos Palavra a Sério

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