sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

CASAMENTO CRISTÃO (link)



AS BASES DO CASAMENTO CRISTÃO

Trazemos aqui um link sobre um tema muito importante: o casamento cristão. Você que é casado, principalmente você que é casado e é pregador da Palavra de Deus, precisa preservar o seu casamento e fazer dele, a cada dia, uma instituição frutífera e exemplar na presença de Deus e na presença dos homens.

Infelizmente vemos hoje com muita facilidade o número de divórcios aumentando entre os cristãos brasileiros. Logo onde o casamento deveria ser exemplo. Clique no link e acompanhe, eu vi e gostei e agora sugiro aqui no blog:



segue o link:

http://pt.slideshare.net/prmoisessampaio/as-bases-do-casamento-cristo

Por saber que a questão "divórcio" é uma questão polêmica, além desse link (que é bonitinho), quero deixar aqui um breve comentário:

Muitos tentam justificar alguns motivos do divórcio pela Bíblia e, por ficarem presos num fundamentalismo ferrenho e não lançarem mão de uma hermenêutica e uma exegese bem feita, acabam falando sandices em nome de suas próprias convicções. Muitos desses se envolvem com  teologias baratas sem reconhecimento do MEC e se dão a justificar aquilo que a Bíblia não justifica.

Bem, o fato é que a as Escrituras falam sobre o divórcio de forma aberta. E deixa claro que Deus não INSTITUI  o divórcio, mas o aceitou pela fraqueza  humana e por causa do prostituição (principalmente). 
A instituição divina ´legítima é o casamento, a saber, a formação da Família. Inclusive a família é uma instituição divina criada antes mesmo da Igreja, sendo assim, a família é a base ou a primeira igreja.

Mas para não desviarmos do assunto, vamos ao ponto:  Muitos utilizam de alguns versículos, dentre eles os mais famosos para justificar o divórcio: Deuteronômio 24:1/ Isaías 50:01/ Jeremias 3:8/ Mateus 5:31/ Mateus 19:7 e Marcos 10:04.

Mas o que a Bíblia fala sobre isso com base no contexto hermenêutico geral?

* Dt 24:1 - O divórcio emana do pecado humano (veja o contexto de Mateus 19:8). As recomendações que se acham nos textos de Dt 24:1 -4 foram dadas por Deus para regular o divórcio no Israel antigo. Veja os termos nos textos de 1 ao 4: "Cosa feia" = no termo original (hebraico) aponta diretamente para uma conduta de vergonha, imoral e pecaminosa, contudo, não da gravidade do adultério. Com certeza o texto não trata do adultério, pois a penalidade instituída por lei ali era a morte e não o divórcio. Veja Levítico 20:10.

* Em Isaías 50:1 - É fácil verificar no contexto o sentido não literal pelo qual Deus falava. Aliás, contextualmente vemos um Israel prostituto. Fazendo assim corroborar com o fato do divórcio ser permitido (não instituído) pela PROSTITUIÇÃO.

* Jr 3: 8 - Contexto: prostituição espiritual e moral.

* Mateus 5:31 - Veja o contexto e a fala do verso 5:28 = prostituição.

* Mateus 19: 9 - Vemos que a vontade de Deus para o casamento é que ele seja vitalício, duradouro, frutífero. Que cada cônjuge seja único até que a morte os separe (veja em Marcos 10:7-9 e Gênesis 2:24). Neste verso em particular (mas dentro do contexto geral), Jesus (o Noivo que nunca irá se divorciar de sua Noiva Fiel) cita uma exceção. Repito: exceção! Tal exceção é, novamente, a prostituição., palavra registrada no original (grego) como "porneia" que inclui o adultério ou qualquer outro pecado e imoralidade sexual. O divórcio, portanto, deve ser permitido em caso de imoralidade sexual, quando o cônjuge ofendido se recusar a perdoar.

Quando Jesus censura o divórcio (em Mt 19: 8,9), não estava referindo-se à separação por causa do adultério, mas ao divórcio como permitido no Antigo Testamento em casos de incontinência pré-nupcial, constatada pelo marido após a cerimônia do casamento (veja em Dt 21:1). A vontade de Deus em tais casos era que os dois permanecessem juntos. Todavia, Ele permitiu o divórcio pela dureza de coração de algumas pessoas.
No caso de infidelidade conjugal depois do casamento, o Antigo Testamento  determinava a dissolução do casamento com a exceção das duas partes culpadas (Levítico 20:10/ Êxodo 20:14/ Deuteronômio 22:22). Isto, evidentemente deixaria o cônjuge inocente livre para casar-se de novo (veja em Romanos 7:02 e 1Cor 7:39). No tempo do Novo Testamento, os privilégios do crente não são menores. Embora o divórcio seja uma tragédia, a infinita misericórdia de Deus está sobre os dois, mas isso não anula nenhuma responsabilidade, aliás, a instituição família não foi anulada com a Nova Aliança.

Infelizmente muitos tem tentado justificar-se por outros meios que não se enquadram aos das Escrituras. Mas, contudo, ninguém é obrigado a suportar algo que esteja humanamente insustentável. Sabemos que existem casos onde a mulher ou o homem não suporta seu cônjuge por vários motivos. Motivos extras em relação à prostituição. Existem pessoas muito difíceis, sim.. Realmente. Os tantos maus exemplos as vezes podem ser notórios no meio da congregação...

Contudo estamos debaixo da graça - sendo que a graça não anula nossa responsabilidade. Mas, em meio a tudo isso, a igreja (eu e você) precisa respeitar os que estão debaixo desse julgo e amá-los. Devemos acolhê-los, nunca - simplesmente - julgar.

Referências: Bíblia de Estudos "Chave Bíblica - Hebraico e Grego"/ Tradução JFA.

Gabriel Felipe M. Rocha
Graduado em História (licenciatura e bacharelado);
Pós graduado em Sociologia (lato sensu) - Ensino de Sociologia;
Mestrando em Filosofia (stricto sensu) - Área de estudo: Antropologia e Ética;
Bacharel em Teologia com ênfase em História da Igreja (reconhecida pelo MEC).

  

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

BÍBLIA: INSPIRADA/REVELADA E ESPIRITUALMENTE ILUMINADA 2

Primeiro temos que entender que a Bíblia é a revelação do projeto redentor de Deus. Nela existe a Palavra de Deus. De forma um pouco mística, muitos entendem que ela em si é a “boca” de Deus ou um “pedaço” de Deus, espiritualizando-a de forma exacerbada. Mas, contudo, ela deve ser vista como o livro que, nas perspectiva espiritual, é a Santa Palavra do Criador. O verdadeiro cristão deve crer no conteúdo da Bíblia, principalmente no seu conteúdo profético. Daí tem uma melhor perspectiva para falarmos da Palavra de Deus, pois tal deve ser discernida espiritualmente pois Deus é Espírito e se a Palavra é dEle, logo ela é a Palavra do Espírito divino.

O ato de Deus inspirar certos homens para a escrita da mesma é a revelação de Deus ao escritor. Os escritos, portanto são inspirados. Mas o ato do escritor transcrever a mensagem inspirada – que para ele foi revelada – configura um segundo patamar de revelação: a revelação na forma escrita. Nesse contexto podemos dizer que a Bíblia é a revelação de Deus, sendo assim, ela é a Palavra de Deus. Mesmo não ignorando que ela foi escrita por pessoas simples que a escreveram considerando valores de seus respectivos tempos, cultura, etc. Também consideramos as influências históricas, os estilos literários, etc.
Mas, de fato, a Bíblia tem a revelação do conteúdo da salvação. Sua chave hermenêutica principal (e fundamental) é o Cristo Revelado nas Escrituras.

Mas, é a Bíblia já plenamente revelada no sentido de esgotar em si a ciência de Deus? Ou ela por si só salva o leitor? Não! Passamos aí para o outro patamar da “revelação”. Baseando na idéia de “revelação” ser a “luz” que traz à tona algo oculto, a Bíblia é já um livro revelado, pois Deus assoprou de si mesmo a sua ‘vontade’ e seu plano para vida do homem que haveria de ser salvo.

O homem que será salvo, segundo a Palavra de Deus, é aquele que crê no Cristo ressuscitado e, considerando que Cristo é o conteúdo central da Bíblia, esse Cristo irá se revelar por meio da fé do leitor na Palavra, corroborando com a afirmação de que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, ou seja, a voz do Criador revelada na pessoa do Senhor Jesus. O trabalho para o convencimento do leitor (pela fé – dom de Deus) que Cristo é a salvação é obra exclusiva do Espírito Santo. Portanto, o ato do Espírito divino mostrar e convencer o homem sobre a salvação em Cristo é um ato “revelador”, portando a Bíblia ainda se revela. O poder que existe na Palavra de Deus não está simplesmente no papel, mas está na vivificação do Espírito Santo que, pelas Escrituras, convence o homem de seu pecado e o leva para a genuína conversão. Essa é a minha perspectiva a respeito da “revelação”. Não estamos falando aqui que existe algo “a mais” nas Escrituras que precisa vir `=a tona, mas sim que existe a possibilidade de Deus (que é vivo) falar de forma íntima pela Escritura. Isso configura uma “revelação”. A salvação em Jesus Cristo se dá pelo encontro pessoal com o mesmo. Mas como se o mesmo subiu ao céu? Dá-se agora pela revelação do cristo glorificado pela Palavra de Deus cuja ação para convencimento é genuína do Espírito Santo.


Na postagem número 1, escrevi:


"Para isso, as Palavras do Deus espiritualmente superior à razão dos homens devem ser mostradas pelo Espírito Santo, aquele que “vos ensinará todas as coisas”. Veja em João 17 que a função do mesmo Espírito Santo é dar ao mundo (através da Igreja) o conhecimento de Deus. Isso configura um caráter explicitamente espiritual e será pela revelação do Espírito Santo que tal conhecimento pode chegar aos homens distantes de Deus.

Mas o que precisamos entender, de fato, aqui é o seguinte: Isso também não significa dizer que o texto literal é inválido. Quem diz ou ensina isso está cometendo um grave erro baseado num versículo isolado da Bíblia em (IICor 3:6) que diz assim: “[...] porque a letra mata, mas o Espírito vivifica”. Ali Paulo não falava da invalidez das Escrituras, mas sim da validez da mesma sobre a intervenção inspiradora, reveladora e iluminadora do Espírito Santo. Paulo ali, no contexto, falava da Lei e isso não pode fazer alusão à Bíblia que hoje nós temos que é a revelação de Deus. Porém a expressão “letra”, do grego “gramma” que pode falar da Lei, mas pode falar do livro todo, uma epístola e Escrituras (considerando que ali não existia só a Lei, mas a Lei e os Profetas). Essa expressão grega vem do substantivo “grapho” = “escrever” e remete ao sentido literal da escrita. Então não podemos ignorar que Paulo advertia a igreja do mau uso da letra literal, fundamentalista e religiosa. Mas o que vale como informação central nesse texto é o seguinte: Não é a Lei e nem a Palavra de Deus escrita, em si mesmas, que matam. Trata-se, pelo contrário, das exigências da Lei, que sem a vida e o poder do Espírito, trazem condenação (veja em Jr 31:33; Rm3:31). Mediante a salvação em Cristo, o Espírito santo concede vida e poder espiritual ao crente no manejo das Escrituras que também são vivificadas. " (Gabriel Felipe M. Rocha)

Mas, no manuseio da Bíblia pelo crente já convertido, há uma possibilidade de uma ação reveladora do Espírito Santo? Não podemos dizer que não, pois como diz a Palavra de Deus: “o Espírito assopra onde quer”, mas por uma questão de segurança, melhor não se lançar em nenhum experimentalismo que possa vir como algo que ultrapasse a sã doutrina de Jesus Cristo revelada na Bíblia. Mas, de mesmo modo, não podemos negar que o mesmo Espírito divino que, segundo João nos ensinaria todas as coisas. Como? Mostrando “algo novo”, revelando “novas doutrinas”? Não! Mas apenas consolidando o conteúdo doutrinário já registrado e aperfeiçoando a igreja por meio de ensinamentos e alcances ainda mais profundos segundo propósitos específicos do próprio Deus . Não podemos negar que a função do Espírito Santo na Igreja é o preparo, a consolidação da doutrina, o aperfeiçoamento do Corpo de Cristo, oposição ao pecado, etc.

“E a unção, que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira …”

Podemos ilustrar da seguinte forma: Deus é o engenheiro e já tem pronto todo o seu projeto. Ele dita (revela) seu projeto a homens aptos para recebê-lo. Logo, ele nos deixa pronto e devidamente registrado (revelado) tudo sobre seu plano de construção (salvação). Mas, nós, os operários de Deus, não temos a mesma ciência divina. Aliás, somos trabalhadores registrados pela bondade soberana do dono da construção, pois nossa aptidão para tal obra havia sido perdida (pecado). Mas, diante do projeto já nos revelado no arquivo técnico, como interpretar e aplicar na prática o desenho se não temos a ciência divina? Só executaremos e entenderemos cada detalhe do projeto pelo auxílio do engenheiro enviado para nos “ensinar todas as coisas”. Isso, logicamente, não significará que tudo virá de forma ‘sobrenatural’, não! Mas se dará primeiro pelo nosso esforço em estudar e ler o projeto, entender os princípios básicos e já suficientes registrados ali e começar por nós mesmos a execução dessa obra. Daí o entendimento virá conforme a nossa necessidade diante de algumas adversidades, oposições. Para cada patamar dessa grande construção, o engenheiro enviado para ensinar todas as coisas mostrará a aplicação específica para a execução daquele trabalho e ele mesmo se encarregará de enviar alguns instrumentos. Como sou da confissão pentecostal, cito alguns instrumentos: dons espirituais e tantos outros recursos provenientes da graça divina.

A Bíblia é um instrumento planejado por Deus para sua revelação chegar de forma acessível ao homem. Pois, o homem naturalmente depravado pelo pecado não poderia entender e nem buscar a Deus, mas a Bíblia é um meio universalmente posto para o homem conhecer um pouco, ou pelo menos de forma básica, aquilo que Deus tem para ele.
Mas é a ação do Santo Espírito de Deus que vai definir o convencimento ou não desse depravado homem.

Como Deus ensina os pequeninos? Pelo seu Espírito Santo.


Quando o homem se regenera pela ação do Espírito divino e torna-se para Deus, ele está apto para entender espiritualmente o plano desse gracioso Deus. O Espírito divino vai de encontro com o espírito humano. Deus não se comunica com a carne simplesmente, mas é o encontro do Espírito Santo com o espírito humano e o homem pelo seu espírito compreende e conhece Deus; pelo seu psíquico o homem escolhe – no plano de sua razão – atender a esse Deus e, assim, seu corpo será a revelação para o mundo do que fez Deus na vida desse mesmo homem. Lembrando que não podemos falar de salvação sem mencionar a transformação de vida.

Mas devemos entender que o projeto básico para a salvação do homem está já explícito na Bíblia. Qualquer homem pode ler e constatar o que Deus quer. E será julgado por isso e no tribunal divino não será inocente pela Palavra de Deus. Mas o convencimento dos eleitos é pela revelação do Espírito Santo. Qual é o conteúdo da genuína conversão? É o encontro pessoal com Cristo
Cristo se encontra com o homem como? Pela revelação do Cristo vivo e glorificado pelo Espírito Santo.

Podemos perceber que a função da Igreja não é apenas anunciar o Cristo, mas mostrá-lo ao mundo. Aí se configura outra forma de “revelação”. Jesus deve ser revelado pela Igreja, afinal, a Igreja é o Corpo de Jesus Cristo. Veja o que Jesus pede ao Pai em uma oração feita registrada no Evangelho segundo João, capítulo 17:
17.21 “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.”
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17.22 “ Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos”
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17.23 “eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como também amaste a mim”.

Jesus precisa ser revelado ao mundo por meio da Igreja. A Igreja, como detentora da revelação escrita de Jesus (a Bíblia) deve mostrar, pela Bíblia, e na prática, segundo a Bíblia, o Cristo vivo. Nos cultos, a Palavra de Deus precisa ser pregada em espírito, onde a revelação do conteúdo profético contido na Palavra de Deus venha atingir o ouvinte. Como? Por alegorias, tipologias, por busca de informações ocultas, etc.? Não! Mas simplesmente pela total dependência de Deus e na fé que Ele vivificará ali sua Palavra para, por meio da Palavra escrita, antiga e universalmente conhecida, Ele irá falar de forma atual ao coração do ouvinte, gerando a fé. Essa ação é espiritual e configura um tipo de “revelação”.

Vamos para uma lógica simples?
Se a Bíblia é um livro eficaz em si mesmo, ou se é a boca de Deus travestida de livro, podemos acreditar que enquanto tiver Bíblia haverá salvação, pois a salvação está materializada nela. Ela é a revelação de um projeto. Projeto esse que o Espírito Santo opera e 'ensina'. E, insisto, não estou falando aqui de "coisas novas", “invenções doutrinárias em nome da “revelação”, etc.
Mas do ato simples do entendimento, aplicação, convencimento, aperfeiçoamentos, etc. através da obra do exclusiva do Espírito Santo.




Gabriel Felipe M. Rocha.
Graduado em História (licenciatura e bacharelado);
Pós graduado em Sociologia (lato sensu);
Mestrando em Filosofia (Ética a Antropologia);

Bacharel em Teologia com ênfase em História da Igreja.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

BÍBLIA: INSPIRADA/REVELADA E ESPIRITUALMENTE ILUMINADA

BÍBLIA: INSPIRADA/REVELADA E ESPIRITUALMENTE ILUMINADA
(trecho de um comentário feito na página "Escrituras Em Foco"/Facebook)

"Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo." (II Pedro 1:20-21)


Leitores, esta presente análise não nos vem como apologética ou defesa de determinadas crenças religiosas ou algo parecido. É apenas uma análise sobre o valor espiritual da Bíblia, uma vez que sabemos que ela não se limita a um simples livro histórico e literário. Mas para tudo ficar claro e não haver confusão aconselho você ler manuseando sua bíblia e fazendo como os crentes de Bereía, analisando se de fato é assim mesmo. Não somos donos de verdades aqui, mas também somos ousados na Palavra, pois sabemos que ela é o poder de um Deus vivo e que por ela fala ao homem. Boa leitura!

Começamos a estudar essa questão quando um amigo lançou a questão: a Bíblia é em si a Palavra de Deus ou ela apenas contém a Palavra de Deus? Bem, resumindo aqui de forma bem rápida, dizemos que ela é a Palavra de Deus e o verdadeiro cristão deve crer nisso, pois há, realmente, um sério risco em dizer que nela apenas contém a Palavra de Deus, fazendo assim com que o trabalho hermenêutico e exegético fique ainda mais difícil e dubitável.


Mas a questão não é bem essa a ser tratada aqui. Nosso foco, na verdade, é mostrar o que de fato é "revelação bíblica", pois vemos em muitas igrejas uma certa deturpação e mau uso do termo "revelação", dando assim brechas (talvez intencionais) para chover sobre a igreja "novas revelações doutrinárias". A heresia cavalga aí. Contudo, reconhecemos aqui que há um conteúdo espiritual na Bíblia e seu caráter é 'profético' (explicaremos aqui o termo 'profético'), conteúdo esse que continua sendo iluminado ao crente pela ação do Espírito Santo, pois o Cristo na qual a Bíblia testifica continua vivo, glorificado e falando e, para reforçar nossa posição, Ele nunca vai contra si mesmo, ou seja, a iluminação espiritual jamais vai ou pode ir contra o já revelado por Deus na sua Santa e Viva Palavra. 

Pois bem, “Quem tem a melhor revelação da Bíblia?” Seriam todos os que têm a Bíblia? Bem, pois se a Bíblia é já “revelada” (algo já esgotado), subentende que todos têm a revelação da Bíblia, ou seja, basta ter a Bíblia em mão para ter a “revelação” e se todos têm a “revelação”, logo Deus é o deus mais relativo dentre todos os deuses, pois muitos (de biblistas ateus a pastores da Assembléia de Deus) têm a Bíblia em mãos e estudam, estudam, estudam.... ...Incansavelmente estudam! O que os homens tem feito com a “revelação” de Deus? O que, de fato, é “revelação” de Deus na Bíblia?
Creio que, em meio a essa confusão de conceitos, há uma caricatura da Sola Scriptura.

De que forma a Bíblia é a “Revelação” de Deus?

O fato é que a Bíblia é a revelação de Deus no ato de sua escrita por meio da inspiração. Ou seja, Deus inspirou escritores específicos que, com todas as suas cargas literárias pessoais possíveis, transcreveu o “recado” de Deus. Então na inspiração existe o ato da revelação. 
Não são conceitos alheios em si. Houve a inspiração – enquanto a inspiração da mensagem divina estava na forma subjetiva, ou seja, um segredo entre Deus e o escritor, a revelação existia só para o escritor. Esse escritor ao escrever a mensagem inspirada, tornava-a pública, configurando assim uma “revelação”, ou seja, um “trazer à luz” aquilo que dantes estava oculto. Nesse sentido (somente nesse sentido) que podemos dizer que a Bíblia é “toda revelada”, pois ela é  a Palavra do Criador para a humanidade e nela existe a revelação do projeto redentor. Mas seria a Bíblia apenas um livro de ‘informações religiosas’ ou conjunto de regras e normas? Creio que a Bíblia traz em si um conteúdo espiritual (ou profético) que transcende tanto o escrito como o leitor. Isso é muito diferente (muito mesmo) de uma “espiritualização” da Bíblia ou mistificação. Temos que separar o valor espiritual dado a Bíblia do valor místico que alguns também dão a ela. Esses dois termos podem se confundir facilmente, mas não são sinônimos.
Mas, contudo, o conteúdo bíblico não é simplesmente literário como as grandes obras literárias e filosóficas que, por meio de estudos, estudos, estudos e mais estudos, conseguimos trazer uma interpretação puramente racional e, por ser puramente racional, é passiva de erros e equívocos. Aliás, se não podemos crer que Deus possa revelar seus segredos aos seus santos por serem falhos, pecadores e ‘depravados’, não podemos crer também na espiritualidade ou na inspiração espiritual bíblica, pois essa foi a revelação de Deus aos homens que a escreveram.
Portanto, dizer que a Bíblia é uma revelação de Deus está certo, mas o erro está na crença que tudo ali é acessível de forma imediata ao homem natural através dos discernimentos naturais do próprio homem, a saber, seu próprio intelecto como forma única de se alcançar aquilo que é de Deus. Daí nós esbarramos num conceito alcançado na Reforma Protestante que, inclusive, é o primeiro pilar da teologia calvinista: a depravação total do homem = depravação essa que o torna incapaz de escolher e se achegar a Deus. Mas se esse ser humano depravado não pode conhecer pela sua razão a Deus (ou como dizia Kant: essa razão tem limites), Ele não pode conhecer (somente) pela razão a Deus, mas precisa de uma intervenção espiritual, corroborando coma própria Bíblia que diz que as coisas espirituais discernem-se espiritualmente. Afirmar isso não quer dizer que é só pela “revelação” extra, ou algo a mais, etc. que conhecemos a palavra de Deus. Não! Isso inclusive é um modo errado de interpretar a frase “discernir espiritualmente”, mas o que queremos dizer, em conformidade com as Escrituras, é que o auxílio do Espírito santo é fundamental (disse fundamental) para o discernimento e para a aplicação espiritual das Escrituras. Isso, lógico, se considerarmos a Bíblia um livro espiritual.

Mas o que precisamos fazer aqui é uma melhor conceituação do termo “revelação”. 

O que é Revelação?

Primeiro, precisamos tirar os trapos que nos vestiram sobre esse conceito. Revelação não é procurar coisas ocultas na Bíblia, mas sim o ato do Deus vivo falar pelo contexto de uma forma íntima e particular ou também publica sobre algo que pode ser extraído daquele contexto sem adulterá-lo.

Revelação bíblica é Deus tornar conhecido Seus pensamentos, Suas intenções, Seus desígnios, Seus mistérios. Isa. 55:8-9, Rom. 11:33-34, Apoc. 1:1.

A Bíblia é a mensagem de Deus em palavras humanas. Há um Deus transcendente que escolheu revelar-se ao homem, para que ele entenda como se formaram as coisas.

Revelação tem que ver mais com o conteúdo. A Bíblia está repleta de expressões como: "e falou o Senhor", "eis o que diz o Senhor", "veio a mim a palavra do Senhor". Daí a propriedade de denominarmos o conjunto destas revelações de A Palavra de Deus.

Etimologicamente, revelação vem do latim revelo, que significa descobrir, desvendar, levantar o véu. Revelação significa, portanto descobrimento, manifestação de algo que está escondido. A palavra grega correspondente à latina revelação é Apocalipse.

O termo significa "tirar o véu" e mostrar algo que estava encoberto. É tirar o véu daquilo que, veio de Deus, mas que é mistério para o homem . A Bíblia é um mistério. Dizer que a Bíblia é já a Revelação não anula o fato dela ser um mistério, aliás, APOCALIPSE é “revelação” e nos vem como o livro mais misterioso da Bíblia, tão misterioso que a nossa razão sozinha e nossas especulações não conseguem chegar num consenso universal (veja quantas doutrinas divergentes inclusive por grupos históricos sobre a escatologia bíblica). Neste sentido, "revelação" é o conteúdo registrado pela inspiração. A relação entre os dois termos pode ser definida assim: a inspiração é o automóvel e a revelação é o passageiro. Quando dizemos que "Deus se revelou" estamos dizendo que Ele tirou o véu que O encobria diante dos homens e Se deu a conhecer à humanidade. Nessa perspectiva, JESUS é a Revelação de Deus e a Bíblia testifica profeticamente dEle. O propósito da Bíblia é trazer a auto-revelação de Deus aos homens, a saber, Jesus Cristo. 
Mas é curioso que os grandes doutores e ‘teólogos’ dos tempos de Jesus, com a “Bíblia” na mão não identificaram o Cristo revelado. Mas aí você poderia me dizer: Mas Jesus se revelou! E estaria certo, Ele se revelou em seu ministério, mas o mundo não o conheceu como João insistiu em relatar. Quem o conheceu? Os Que tiveram o auxílio revelador do Espírito Santo.
Jesus em seu ministério ainda não estava totalmente revelado para os seus discípulos, tanto que o próprio Cristo levantou ali a pergunta “O que dizem os homens quem sou?” Pedro, pela revelação espiritual respondeu: “tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus logo diz: “bem aventurado [...] não foi a carne, mas o Espírito quem o revelou...”. 
O propósito da Bíblia é falar de Deus. Deus é já revelado, ou temos na Bíblia informações básicas e necessárias sobre Ele? Prefiro ficar com a segunda opção. Ele revelou-Se a Si mesmo em Cristo que, a saber, é a Revelação de Deus. Encontrar Jesus profeticamente em toda a Bíblia é pura “revelação espiritual”? Não! Precisamos lançar mão do exame bíblicos, da leitura bíblica, mas sem ignorar a participação do Espírito Santo para o discernimento espiritual da mesma.


"Examinai as Escrituras [...]"

Já sabemos que Jesus é o clímax da revelação de Deus: "Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer" (Jo 1.18). Jesus é a maior revelação de Deus e a finalidade da revelação é tornar Deus conhecido dos homens. Para isso, as Palavras do Deus espiritualmente superior à razão dos homens devem ser mostradas pelo Espírito Santo, aquele que “vos ensinará todas as coisas”. Veja em João 17 que a função do mesmo Espírito Santo é dar ao mundo (através da Igreja) o conhecimento de Deus. Isso configura um caráter explicitamente espiritual e será pela revelação do Espírito Santo que tal conhecimento pode chegar aos homens distantes de Deus.
Mas o que precisamos entender, de fato, aqui é o seguinte: Isso também não significa dizer que o texto literal é inválido. Quem diz ou ensina isso está cometendo um grave erro baseado num versículo isolado da Bíblia em (IICor 3:6) que diz assim: “[...] porque a letra mata, mas o Espírito vivifica”. Ali Paulo não falava da invalidez das Escrituras, mas sim da validez da mesma sobre a intervenção inspiradora, reveladora e iluminadora do Espírito Santo. Paulo ali, no contexto, falava da Lei e isso não pode fazer alusão à Bíblia que hoje nós temos que é a revelação de Deus. Porém a expressão “letra”, do grego “gramma” que pode falar da Lei, mas pode falar do livro todo, uma epístola e Escrituras (considerando que ali não existia só a Lei, mas a Lei e os Profetas). Essa expressão grega vem do substantivo “grapho” = “escrever” e remete ao sentido literal da escrita. Então não podemos ignorar que Paulo advertia a igreja do mau uso da letra literal, fundamentalista e religiosa. Mas o que vale como informação central nesse texto é o seguinte: Não é a Lei e nem a Palavra de Deus escrita, em si mesmas, que matam. Trata-se, pelo contrário, das exigências da Lei, que sem a vida e o poder do Espírito, trazem condenação (veja em Jr 31:33; Rm3:31). Mediante a salvação em Cristo, o Espírito santo concede vida e poder espiritual ao crente no manejo das Escrituras que também são vivificadas. 


 Cristo havia dito: examinai as Escrituras (livros em si) [..] pois elas de mim testificam (Jesus nelas). Jesus mostra com clareza que Ele não é a Bíblia, não podemos assim mistificá-la, mas a Bíblia fala dEle. Isso é bem claro e é questão de termos e perspectivas.
Isso corrobora também com o fato de: a Bíblia ter um conteúdo ‘profético’. Mas antes, vou explicar o termo “profético”: a palavra “profético”, assim como “profecia”, é comumente usada nas igrejas, mas, muitas vezes, de forma errada. ‘Profecia’ e ‘profético’ remete ao voltar-se para algo, cujo caminho ou método é apontado. Não é só, portanto, “apontar para frente”, mas é, no caso bíblico, “voltar-se para Deus”. Leiam os profetas bíblicos (maiores e menores) e percebam qual é o conteúdo comum em suas mensagens. O conteúdo comum, já adiantando aqui, é “voltem para Deus”, cujo caminho é apontado: “obedeçam a sua palavra”. Isso define o termo “profético”. Sendo assim, a Bíblia é um livro literariamente e espiritualmente profético, pois é a revelação do projeto de redenção de Deus cuja centralidade está toda em Jesus Cristo, o Verbo de Deus, a verdadeira “Palavra Revelada”. Por que é profética? Porque revela a salvação em Cristo. O ato salvífico de Cristo se resume em: trazer o homem de volta para Deus, logo, o conteúdo da Bíblia é profético. Aliás, a salvação é profética, pois parte do pressuposto bíblico que Deus programou tal projeto na Eternidade e lá elegeu o seu povo para herdar a salvação e a glória em Cristo. Não é à toa que a figura do sangue percorre por toda a Bíblia, mostrando, conforme nos explica o autor de Hebreus, que viria o “Perfeito” (Cristo). Isso sustenta a frase de Cristo: “examinai as Escrituras, pois elas de mim testificam”. Como “de mim testificam”? Pelas figuras e tipos. Onde entra a interpretação e a “revelação” nisso? Entra no fato de: o Espírito conduzir o que manuseia a Palavra ao entendimento de caráter profético que configura numa espécie de revelação, pois, bota “para fora” algo que a Bíblia tinha como “modelo”. Isso se aplica nas peças do Tabernáculo, na figura do Cordeiro, do Sangue, dos tipos humanos, etc. Há aí uma interligação entre RAZÃO e REVELAÇÃO. Nenhuma é alheia à outra. Estudar, pesquisar e se aprofundar nos textos bíblicos no espírito e pelo Espírito é muito diferente de fazer o mesmo sem a fé. Veja que muitos biblistas alcançam entendimentos profundos sobre o conteúdo histórico, cultural, arqueológico e religioso sobre as escrituras, mas pouquíssimos falam do seu caráter espiritual ou profético. Por quê? Porque não têm o pressuposto fundamental para “botar para fora” aquilo que se discerne espiritualmente, a saber, a fé. Mas vão até onde o espírito humano (a razão humana) pode levar. Mas quando você lê ou estuda a Bíblia partindo desse pressuposto espiritual (a fé), o Espírito de Deus, pela fé, dá o entendimento espiritual daquilo que se lê e assim, Deus fala, as vezes de forma bem particular. Não estamos falando aqui de inventar doutrinas em nome da “revelação”, pois tudo que aparece deve ser provado pela própria Bíblia. Mas estamos falando de uma espécie de imanência divina nas Escrituras Bíblicas.

Partindo dessa perspectiva, a Bíblia não pode ser encarada apenas como “regra” de fé, mas como modelo de fé e meio (instrumento) para Deus se revelar através da intervenção espiritual. Fato esse que não anula o nosso papel de estudar, interpretar, ‘alegorizar’, etc. as Escrituras. Não podemos abstratamente pensar que se nós abrirmos a Bíblia sem conhecê-la, o Espírito Santo vai nos revelar tudo. Isso soa um místico demais. Mas o Espírito Santo auxilia no discernimento espiritual daquele que conhece as Escrituras, pois deve haver um pressuposto, um ponto de partida racional para a absorção da revelação divina. Lembrando também que a revelação divina, ou a iluminação (como querem) não se configura como “algo a mais”, ou “outro Evangelho”. Não podemos pegar um erro para justificar ou desqualificar tudo. Isso é, de igual forma, abstração.
Mais conceitos:
"Revelação e inspiração estão estreitamente ligadas, mas distinguem-se em aspectos da verdade bíblica. Nas Escrituras, a inspiração e a revelação, se combinam para assegurar que a Bíblia é a Palavra de Deus, revelando com exatidão fatos sobre o Senhor. A revelação foi o ato da divina comunicação aos escritores da Escritura. Inspiração foi a obra de Deus em guiar e dirigir os escritores da Bíblia para que eles escrevessem a verdade absoluta, mesmo quando ela estivesse além do seu entendimento. A inspiração foi limitada à Bíblia em si, e é mais adequado dizer que as Escrituras foram inspiradas do que dizer que os escritores foram inspirados" (Lewis Chafer).
Iluminação - Esta palavra significa "fazer a luz brilhar". Não somos inspirados simplesmente pDaniel Rops no livro Que é a Bíblia?, página 40 define inspiração como sendo a operação divina que toma conta do autor sagrado, esclarecendo-o, guiando-o, assistindo-o na execução do seu trabalho.
Também é uma palavra latina, derivada do verbo inspiro, que quer dizer "soprar para dentro".

Inspiração refere-se à transmissão, à maneira como o homem torna conhecida a vontade de Deus.

II Tim. 3:16 nos diz que toda a escritura é divinamente inspirada, em grego "theopneustos", bafejada por Deus, tendo o sopro de Deus, inspirada por Deus. No contexto dessa passagem vista no original, percebe-se que há uma tendência em dizer que: a escritura é divinamente inspirada, ou seja vem de Deus, e só pode ser revelada pelo mesmo Deus naquilo que diz respeito ao seu propósito particular na vida do crente.

Os termos inspiração e revelação são muitas vezes empregados indistintamente, por exprimirem apenas aspectos diferentes da mesma verdade grandiosa.

As escrituras podem, em resumo, ser definidas como a descrição feita por escritores inspirados duma série de revelações de Deus ao homem.

A declaração de que a Escritura é inspirada por Deus é feita de várias formas. No novo Testamento encontramos referências aos profetas do Velho Testamento, como as seguintes:

"Homens que falaram da parte de Deus" e "que foram movidos pelo Espírito Santo", "o Espírito de Cristo que estava neles testificou".

O salmista Davi afirma em 11 Sam. 23:2: "O Espírito do Senhor fala por meu intermédio".
Destas afirmações se conclui que a Bíblia é um livro divino, mas evidentemente ele não caiu pronto do céu. Para que a Bíblia se concretizasse, o Espírito Santo Se serviu de instrumentos que eram humanos e que conservavam a respectiva personalidade, o caráter, talento e gênio, os hábitos intelectuais e poderes de estilo. Deus não violentou nem destruiu as faculdades daqueles que deviam formular a Sua mensagem. O escritor continuava sendo homem, com seu modo de ser, sua linguagem própria, seu próprio estilo.

Portanto, o homem apenas pode conhecer a Deus porque Ele Se revela. Todos os cristãos reconhecem que Deus Se revela por intermédio dos profetas e esta revelação se consumou em Jesus Cristo, por ser Ele o maior dos profetas. Cristo em todos os Seus ensinos tornou bem claro que Ele era uma revelação de Deus. Dizer que Deus já está plenamente e esgotadamente revelado na Bíblia é uma forma de abstração e também de diminuição da glória soberana desse Deus que fala e se revela. Dizer que é pelo nosso esforço somente que a revelação ou o conteúdo da revelação chegará a nós não difere em nada do contexto das obras humanas para a salvação. Se esse ponto de vista for o correto (o de dizer que a Bíblia é já plenamente revelada e que será pelos nossos incansáveis estudos que o conteúdo da verdade nos virá), poderemos dizer que aquele que não tem cultura bíblica não tem a revelação de Deus. Mas a fé vem pelo ouvir, o ouvir a Palavra de Deus. O pregador não precisa se aventurar em analogias, tipologias, alegorias ou informações “extra-letra”, mas simplesmente estar em espírito e ser guiado pelo Espírito, pois a obra é do Espírito e o convencimento para a aceitação da verdade declarada na pregação é obra do Espírito e não por “bom preparo intelectual” do pregador.

No mais quero terminar aqui dizendo que: Crer na intervenção espiritual para o aprendizado e para o alcance de patamares maiores em relação às Escrituras não é codificar nada e nem crer em aspectos ocultos, embora existam muitas coisas ocultas na Bíblia (quem negará isso?). As “inúmeras idéias” de Deus nasceram da própria Reforma Protestante que deu a Bíblia ao povo e “liberou” a livre interpretação, sendo que eles mesmos, os protestantes históricos, grandes conhecedores da Bíblia, etc. têm entre si várias divergências. As divergências desses não se resumem apenas na guerra teológica estabelecida entre calvinistas e arminianos, mas são várias... Muitas. E esses hoje nos vêm como ‘portadores da verdade’ dizendo “vocês precisam voltar ao Evangelho’, sendo que na verdade, o chamado “profético” é “voltem para o NOSSO evangelho”. A minha referência para igreja e de igreja está somente em Atos dos Apóstolos onde tudo era confirmado pela ação genuína do Espírito Santo e a palavra pregada era proveniente do mesmo Espírito Santo que iluminava os apóstolos e outros obreiros primitivos (como Timóteo) a fazer o bom uso da Palavra da Verdade, porém no espírito e com o Espírito, mostrando sempre a revelação de Deus, a saber, o Cristo crucificado que ressuscitou e ainda vive.

Jamais a revelação bíblica ou o aperfeiçoamento de uma prática doutrinária pode ir contra a base de fé já escrita. Tudo que ultrapassa essa base de fé é anátema, pois a base de fé é a própria sã doutrina de Cristo. Tudo que vai contra Cristo é que configura heresia. Se uma determinada prática, ou modo de ver as Escrituras, ou modo de praticar a fé, etc. não vai contra a graça e nem contra o senhorio de Cristo, logo não é heresia. O conteúdo da heresia é a apostasia (o que afasta). Se algo te afasta de Cristo, é heresia causando apostasia. Mas ao contrário disso, algo te leva a Cristo e ao entendimento da verdade espiritual da glória de Cristo, é santo e não profano.

"Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo." (II Pedro 1:20-21)

O problema é que muitos nessa hora tão conturbada onde igrejas tem se arriscado em experimentalismos estranhos e teologias frágeis às Escrituras, têm pensado que “voltar ao Evangelho” é cair na lábia do formalismo (e as vezes fundamentalismo ) do protestantismo histórico.
De fato, é correto ler e estudar a Bíblia desligado de conceitos religiosos ou sem apegos aos conceitos que determinada igreja ensina como verdade. Mas, em se tratando de algumas igrejas protestantes históricas, isso acontece muito e o tempo todo. Defendem ferrenhamente suas verdades como a verdade indubitável.
Como agir em meio a esse teológico “fogo cruzado”? Reconhecendo o caráter profético da Bíblia (no sentido real do termo) e reconhecer que há nela um projeto de redenção – parte explícita e parte implícita – na Bíblia cujo centro é o Cristo vivo.

A Bíblia é a revelação de Deus, mas o veículo da revelação de Deus em sua essência espiritual ou profética é pela iluminação do Espírito Santo. Então se algum pegador pregou que o cego Bartimeu falava ou apontava para o cego espiritual ou se as árvores que andam é tipo do homem, etc. tal pregador não fez nada a mais do que interpretar as Escrituras, acrescentando um conteúdo espiritual ao texto literal. Não foi nada “revelado”, mas foi algo iluminado, ou no mínimo, sob a tutela do Espírito Santo, pois mostra em seu conteúdo a essência do ato salvífico de Cristo: restaurar o homem e trazê-lo para Deus. Mas, vem cá, quem nos garante que o texto falava mesmo disso? Jesus falou ali (ali) que essas árvores eram os homens? Literalmente não! O cego Bartimeu era o pobre “cego espiritual”? Não! Mas porque não deixar Deus revelar seus propósitos atreves de exemplos que podem vir como exemplos alegóricos? Todo ato de falar da parte de Deus é revelação de Deus e, sendo assim, não é errado usar o termo “Palavra revelada”.

Mas, como disse, o formalismo se confunde com “volta ao Evangelho”....

OUTROS MODOS DE COMPREENDER A INSPIRAÇÃO

A inspiração profética tem sido compreendida de vários modos, como nos provam ainda os seguintes pensamentos:
De um estudo do bispo Westcott publicado no livro História, Doutrina e Interpretação da Bíblia de Joseph Angus, Vol. l, pág. 99, podemos ver que:

"Ensina-nos que a Inspiração é uma operação do Espírito Santo, atuando nos homens, de acordo com as leis da constituição humana; que não é neutralizada pela influência divina, mas aproveitada como um veículo para a expressão completa da mensagem de Deus. Ensinam-nos que a Inspiração está geralmente combinada com o progresso moral e espiritual do Doutrinador, de maneira que há no todo uma conformidade moral entre o Profeta e a sua doutrina."

Opinião dos Reformadores

Os reformadores adotaram a opinião de que os Livros Sagrados foram ditados por Deus palavra por palavra.

Segundo esta opinião de encarar o problema os escritores da Bíblia foram apenas amanuenses do Autor Divino.

A inspiração verbal é difícil de ser defendida em face da diversidade de estilos e das declarações dos próprios escritores bíblicos.

O bispo Elicott, em seu livro Aids to Faith, p. 411, escreveu:

"A Escritura é a revelação através de meios humanos da inteligência infinita de Deus para a mente finita do homem, e reconhecendo nós na palavra escrita não só o elemento divino mas também o elemento humano, cremos verdadeiramente que o Espírito Santo penetrou tanto a mente do escritor, iluminou a sua alma, e apoderou-se dos seus pensamentos que ele, sem lhe ser tirada a sua individualidade, recebeu tudo quanto era necessário para o habilitar a expor a Verdade divina em toda a sua plenitude."

Ellen G. White no livro O Grande Conflito, da Casa Publicadora Brasileira, CD, na página 7, afirma:

"A Escritura Sagrada aponta a Deus como seu autor; no entanto, foi escrita por mãos humanas, e no variado estilo de seus diferentes livros apresenta os característicos dos diversos escritores. As verdades reveladas são dadas por inspiração de Deus (II Tim. 3:16); acham-se, contudo, expressas em palavras de homens. O Ser infinito, por meio de Seu Santo Espírito, derramou luz no entendimento e coração de Seus servos. Deu sonhos e visões, símbolos e figuras; e aqueles a quem a verdade foi assim revelada, concretizaram os pensamentos em linguagem humana."

Outra declaração análoga da escritora inspirada se encontra no Manuscrito 24, 1886:

"A Bíblia não nos é dada numa linguagem super-humana. Para atingir o homem onde ele se encontra, Jesus assumiu a humanidade. A Bíblia tem de ser dada na linguagem dos homens. (. . .) Sentidos diferentes são expressos pela mesma palavra; não há nenhuma palavra para cada idéia diferente. A Bíblia foi dada para propósitos práticos. As características da mente são diferentes. Todos não entendem da mesma maneira expressões e declarações. Alguns entendem as declarações das Escrituras para se adaptarem aos seus próprios casos e desígnios particulares. "

Gabriel Felipe M. Rocha.
Graduado em História (licenciatura e bacharelado);
Pós graduado em Sociologia (lato sensu);
Mestrando em Filosofia (Ética a Antropologia);
Bacharel em Teologia com ênfase em História da Igreja.

sábado, 18 de janeiro de 2014

O sol e o vento - Jesus e o Espírito Santo

Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Eclesiastes 1:5-6

Creio que a escritura fala muitas vezes por figuras, figuras estas que devem ser relacionadas com cuidado,sem espiritualizar demais as escrituras deixando tudo subjetivo, por exemplo o sol, ele é uma figura do Senhor Jesus, neste texto abaixo está clara a profecia de Malaquias sobre o nascimento do Senhor Jesus:

Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. Malaquias 4:2

Nos textos de Apocalipse também vemos uma certa comparação:

E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. Apocalipse 21:23

E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. Apocalipse 1:16


E no texto abaixo fica claro a comparação de Jesus do vento ao Espirito Santo:

O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim étodo aquele que é nascido do Espírito. João 3:8

Bom voltemos à mensagem:

“Nasce o Sol e o Sol se põe...” Jesus incidiu a sua luz sobre a terra, curando, ensinando, trazendo a verdade sobre a vontade do Pai, o sol nasceu, lembrando que o nascer significa aparecer, pois Jesus é eterno, sem principio nem fim, mas este sol se põe, morreu mas ressuscitou. “...e volta ao seu lugar de onde nasceu” Hoje está ao lado do Pai, resplandecendo toda sua Glória, voltou para o seu “lugar” se é que podemos dizer assim de um Deus que é onipresente.

Mas Ele disse que não estaríamos órfãos mas que enviaria o Consolador, “O vento vai para o sul...” Ele enviou o seu Espirito Santo para o sul, enviou até as partes baixas, até os pecadores que somos nós, Ele hoje está em nosso meio nos convencendo do pecado, do juízo e da justiça de Deus.

“...e faz o seu giro para o norte...” O Espirito Santo leva o homem para o norte, é Ele quem nos guia para a presença de Deus, sem Ele é impossível seguir rumo a eternidade, é impossível haver arrependimento, e é Ele quem convence o homem que Jesus é o Senhor, é Ele quem dá vida a Palavra de Deus em nossos corações.

Mateus Morais

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

ARTIGO "O Conceito de Sã Doutrina" de Gabriel Felipe M. Rocha

Paz a todos os leitores do blog Palavra a Sério, que na sua maioria, são verdadeiros amantes e estudantes da Palavra da Deus.

Estou escrevendo um artigo e, mesmo não estando pronto, resolvi expor parte dele aqui no blog. Trata-se da introdução do artigo:

“CONCEITO DE “SÃ DOUTRINA”, O CARÁTER DIVINO DAS ESCRITURAS E A FUNDAMENTAL PARTICIPAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO PARA A CONSOLIDAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOUTRINÁRIO NA VIDA DA IGREJA E PARA A PROMOÇÃO DO GENUÍNO AVIVAMENTO”

Segue o texto:

Introdução

[...]   No Novo Testamento o termo “cristão”, significa “pequenos cristos[1]. “Cristo” é, podemos assim dizer, um dos títulos de Jesus cujo significado é “ungido”; O termo “ungido” ou “escolhido” é o equivalente grego ao termo hebraico “Messias”. Pois bem, faço esse proêmio para dizer que: se somos parte de Cristo ou “pequenos cristos”, nós devemos, para a afirmação desse nobre título, andar como Jesus andou. O que é “andar como Jesus andou”? É deliberadamente fazer a vontade do Pai[2]. Isso implica em guardar as suas palavras[3].
      Pois bem, é nesse horizonte que percorre toda a nossa análise. O que queremos como cristãos? Queremos, acima de tudo, fazer a vontade do Pai, na certeza de que estamos fazendo o que está em conformidade com as Escrituras. Ter essa certeza significa ter uma vida cristã consciente e sadia, respaldada pela Palavra de Deus.
      Jesus é a própria Palavra de Deus[4], o Verbo vivo, a Revelação do Pai a Igreja testificada nas Escrituras, portanto, sendo nós parte dele (parte de seu Corpo[5]), não podemos ir jamais contra a sua Palavra.
      A Bíblia registra a nobreza dos crentes de Beréia[6], e ela se traduz exatamente no desejo de fazer o que é correto e sadio em relação às Escrituras, procurando conferir se aquilo que estava sendo ensinado era mesmo daquela forma ou se estava fora dos parâmetros de Cristo. Eles não fizeram isso (assim podemos crer) porque duvidaram simplesmente da pregação de Paulo e de Silas, mas assim fizeram pela própria motivação espiritual em querer agradar a Deus, característica de uma alma remida que, diante da verdadeira conversão, passa a amar o seu Salvador a ponto de amar incondicionalmente os seus preceitos[7]. Assim os bereianos se tornaram nobres. O bom recebimento da Palavra de Deus faz gerar o genuíno avivamento e, esse genuíno avivamento, tende a levar o crente cada vez mais para perto das Escrituras e lavá-lo a andar segundo a Palavra de Deus. Estava aí a nobreza dos bereianos: obedecer a voz do Espírito Santo cuja voz é a que impera no crente genuinamente avivado e dependente de Deus.
       Hoje, infelizmente, o termo “avivamento” está sendo usado de maneira descuidada e muitos pseudo-avivados e tantos adeptos de variados movimentos pentecostais e neopentecostais se afastam gradativamente das Escrituras e optam por estranhos cultos, experimentalismos, ênfases em manifestações visíveis de poder e tantos outros perigos que os levam cada vez mais longe do propósito divino revelado nas Escrituras sagradas.
        Nesse lamentável e preocupante contexto, podemos identificar algumas vozes chamando os crentes para voltarem ao verdadeiro Evangelho. Muitas dessas vozes se encontram no meio protestante reformado[8] e, dentre tantos, alguns apontam o pentecostalismo como o principal responsável pelo desabrochar de tantos conceitos, teologias, heresias e posições religiosas contrárias ou nocivas à sã doutrina de Jesus Cristo.
        A ortodoxia, incluindo os valores da Reforma Protestante nesses amados servos de Deus é algo indubitavelmente louvável e exemplar. De fato precisamos - todos nós cristãos - rever os nossos valores e conceitos e sempre, em conformidade com as Escrituras, nos reformarmos. Não estou falando aqui de uma súbita adoção da Reforma, adoção essa que implicaria a renegação total de alguns outros valores conquistados, tanto teologicamente, tanto divinamente.
       Isso significaria dizer que a confissão pentecostal deve ser deixada? Significaria o abandono total dos valores pentecostais? Logicamente faço menção aqui do genuíno pentecostalismo e não do pentecostalismo moderno ou neopentecostalismo que tem assumido outras formas em relação ao tradicionalismo e genuíno pentecostalismo, como aqui, mais à frente, discorreremos sobre. 
       Seria, de fato, o pentecostalismo alheio aos valores tradicionais? Do mesmo modo, seria o tradicionalismo teologicamente fechado ao pentecostalismo? Seria o cessacionismo[9] o caminho prudente para o verdadeiro avivamento? Ou será que a excessiva prudência não configuraria uma ortodoxia morta? Será mesmo que a total dependência da ação do Espírito Santo, da sua direção, capacitação e edificação por meio do seu batismo[10] e de seus dons espirituais ficaram como experiências restritas à era apostólica? Não seria a obra do Espírito Santo no seio da Igreja a chave ou o despertar para o verdadeiro avivamento? Não seria o Espírito Santo o agente de união entre a igreja física – eu e você – e o Cristo vivo? E não seria da terceira Pessoa da Trindade a responsabilidade na constante iluminação do crente diante das Escrituras segundo a promessa do próprio Cristo?[11] Não seria o Consolador Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santa Trindade, o responsável em dar à igreja a chave da revelação, o discernimento e a sabedoria diante de sua missão no mundo? Não é esse quem faz oposição ao adversário de Cristo e purifica a Igreja expurgando todo o pecado, heresia e apostasia? Não seria o Espírito Santo o responsável por mostrar o Cristo glorificado para a Igreja? Essas perguntas tentarão ser respondidas no discorrer dessa presente análise. Mas fica aqui de forma prévia a nossa confissão pentecostal e o nosso singelo intento em mostrar que é possível ser pentecostal, viver a experiência segura com Cristo vivo por meio do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, não se contaminar com os ventos de doutrina que insistem em bater na porta da Igreja do Senhor.
      Procuraremos mostrar que o avivamento real da Igreja de Jesus Cristo e de cada membro em particular se dá exclusivamente pela ação do Espírito Santo. Muitos podem sair às ruas e, como verdadeiros profetas e avivalistas, podem pregar, podem ensinar, podem gritar, podem ameaçar anunciando o juízo, etc., mas se não for pelo Espírito Santo de Deus, pela soberania e propósito do Altíssimo, nada acontecerá. Existe a ordem: “ide por todo o mundo e pregai o Evangelho...” [12], mas a obra é exclusiva do Espírito Santo. Podemos dizer que o Espírito Santo veio continuar a cumprir aquilo que Cristo efetivou na cruz, a saber, o projeto do Pai – dono da obra – e sua responsabilidade sobre essa obra é exclusiva[13], sendo assim, Ele é o chefe, o líder, o patrão do projeto divino e cabe somente a Ele ditar e projetar esse plano, sendo que nós somos apenas os trabalhadores chamados para exercer nossa específica função na implantação do Reino. Nessa “hierarquia do céu”, quem somos nós sem a ação do Espírito Santo? Quem somos nós sem o batismo com o Espírito Santo[14]? Como vamos testemunhar de Jesus Cristo ao mundo se não for pelo Espírito e pelo poder do Espírito? Como anunciar a mensagem do Reino e conseguir almas se não for pelo Espírito? Veremos que nesse contexto, os dons espirituais têm uma importante valia, embora não precisamos dar ênfases de nenhum poder sobrenatural nem nos arriscar em nenhum experimentalismo qualquer, pois, como dissemos acima, a obra é do Espírito Santo. O que seria uma obra sem o mestre, sem o chefe, sem o coordenador? Seria uma total falta de rumo, algo que não é difícil de ver nos movimentos pentecostais modernos. Do mesmo modo, a igreja poderia se encontrar, de certa forma, estática. Infelizmente muitos tradicionais por excesso de zelo, de ortodoxia, preferiram ficar com aquilo que ganharam na Reforma Protestante e que não é pouco, a saber, as doutrinas da graça, assim como as doutrinas reformadas em geral e escolheram ficar com a Bíblia como um legado histórico, como regra indiscutível de fé ou como a Palavra de Deus já plenamente revelada. Mas, contudo, pode existir um problema: a ortodoxia, ou até mesmo o fundamentalismo por parte de alguns, não seria prejudicial para o despertar da igreja para o avivamento e para a plenitude espiritual?  Uma igreja, em nome da defesa da Verdade ou, em nome da defesa da sua confissão teológica, pode perder a piedade, pode perder a sensibilidade e pode perder a vida do Cristo glorificado e se prender apenas ao seu legado histórico. Avivamento não se trata apenas daquele entusiasmo do início, do primeiro amor, do desejo de conhecer a Bíblia e da alegria inestimável da conversão à Cristo, mas trata-se da piedade, do amor verdadeiro e racional pelo Evangelho e pelo conteúdo do Evangelho: amar a Deus e amar ao próximo, total dependência do Espírito Santo, experiências seguras com os dons espirituais, uma maior iluminação no entendimento da Palavra de Deus e uma melhor aplicação espiritual da mesma, uma confissão de fé visível e indubitável, perseverança, a plenitude do Espírito Santo, maturidade, discernimento espiritual para o momento que a Igreja vive sobre a terra, etc. É preciso amar não só o conjunto de livros inspirados que compõe a Bíblia, mas, principalmente, o conteúdo profético da mesma, a saber, a Palavra Viva de Deus que nada mais é do que o próprio Cristo que se revela pelas Escrituras. A Bíblia não deve ser apenas uma regra ferrenha de conduta moral e religiosa, pois daí também nasce o legalismo. Não pode ser o acervo das palavras que Cristo um dia falou e nem acervo sistematizado de doutrinas simplesmente, mas ela, a Bíblia, deve ser a Palavra do Deus que ainda fala, a revelação do Cristo que ainda vive e tudo isso pela contínua iluminação do Espírito Santo que ainda dirige o projeto de Deus. A Palavra de Deus deve ser a norteadora do crente que vai – pela graça – para a Eternidade mediante a fé no Cristo, na sua promessa e no projeto de redenção do Pai. Quem testifica essas verdades e as confirma pela própria Escritura é o Espírito Santo. A igreja deve estar vivendo a plenitude do Espírito Santo. Ela deve buscar patamares ainda maiores de comunhão com Deus e isso não remete a viver e experimentar “novidades teológicas”, mas sim de uma novidade do Espírito cuja base se encontra nas Escrituras mesmas, pois o Espírito Santo sendo Deus, a Palavra sendo de Deus e Jesus sendo a Palavra Revelada de Deus na Bíblia, Deus não se volta e nem se voltará contra Ele próprio. Até na defesa da verdade, algumas igrejas podem perder a devoção, pois, de repente, a defesa da Verdade torna-se um fim em si mesmo e, a igreja mesmo com uma elogiável fidelidade doutrinária, pode se tornar uma igreja morta. O amor pela formalidade, pela norma e pela “lei” está fantasiado de amor pela Doutrina e isso tudo é muito sutil e perigoso. Perde-se a verdadeira liberdade em Cristo (pela operação genuína do Espírito Santo) e o entendimento verdadeiro do Evangelho e tudo se torna mecânico e religioso.  Dentre os tantos exemplos que a Igreja registrada em Atos nos dá, destaca-se a dinâmica da Igreja. A Igreja não se acomodava e quem individualmente se acomodava, no caminho mesmo ficava, mas a Igreja perseverava, progredia, crescia, entendia gradativamente o plano profético de Deus, porém, tudo isso na constante e eficaz revelação do Espírito Santo, na aplicação correta dos dons espirituais e no crescimento da graça de Deus onde a vivência prática da plenitude do Espírito Santo levava a Igreja a patamares ainda maiores de entendimento do projeto divino. Enganaram-se os que pensaram que tudo isso era algo restrito ao período apostólico. Não é difícil entendermos que a experiência da primeira Igreja seria trazida e preservada ao longo dos séculos pelo Consolador Espírito Santo que, em cada momento histórico que a Igreja percorria, o mesmo Espírito testificava de seu projeto e enfatizava uma operação de caráter profético em cada época, em cada faze da Igreja de Jesus Cristo. A obra do Espírito seria notificada pelos séculos junto com o clamor de muitos genuínos servos de Deus que, no mesmo espírito, mesmo batismo, mesmo Deus e Pai disseram: “aviva, Senhor a sua obra e a notifica através dos anos”. Na própria Reforma Protestante, a obra do Espírito foi testificada e o avivamento aconteceu cuja ênfase estava na supremacia da Palavra de Deus e na fortaleza verdadeira e refúgio em Deus para todos por meio da graça. Ali havia um remanescente que estava de coração aberto para receber a Palavra de poder e a partir daí, a obra do Espírito santo no seio da Igreja Fiel de Cristo foi retomada de forma notória. Muitas igrejas se consolidaram nessa experiência com a Palavra e firmaram suas estacas na verdade bíblica. Assim, o legado, a herança estava sendo mantida e repassada, até que os grandes avivamentos espirituais aconteceram onde o Evangelho transgrediu as fronteiras humanas e chegou até mesmo a lugares inóspitos. A experiência do batismo com o Espírito Santo foi vivida e notificada, grandes avivamentos aconteciam e a principal característica desses avivamentos estava no desejo de cumprir a Palavra do Cristo e levar o Evangelho a toda criatura.
        Para muitos, porém, a sã doutrina se tornou um mandamento rigorosamente sistematizado e formalizado, um ritual ou uma liturgia sempre a ser observada, mas que não produz vida e nem frutos visíveis. O legado foi apenas histórico. Pode-se fazer uma análise doutrinária de A a Z, mas toda essa ortodoxia é morte e não vida. Há muitas igrejas “históricas” neste país que estão morrendo por não viverem a experiência com a abundante benção do Espírito Santo. Continuam solenes (pela grande bagagem histórica e heróica do protestantismo), porém mortas. Não tem heresia, mas também não tem vida. Não tem heresia, mas também não tem amor, não tem heresia, mas também não tem amparo aos pobres, não tem heresia, mas também não tem vibração por Deus, não há avivamento algum. São igrejas boas, porém sem vida de Deus. Deus é um Deus pessoal e ama o relacionamento com o homem no qual Ele escolheu para viver essa relação recíproca. E do mesmo modo, reforçando o que já foi dito, as aventuras do pentecostalismo moderno produzem crentes imaturos e distantes da verdade bíblica.
       A relevância da presente análise está, também, na possibilidade de um maior esclarecimento em torno da questão “doutrina”. Dessa forma, tentaremos mostrar que a doutrina produz vida, pois a Palavra é viva. Portanto, é boa e segura a liturgia tradicional e muitos devem rever isso e voltar ao modelo tradicional de culto, de cultura, costume, etc., mas sem abandonar ou recusar os valores do genuíno pentecostalismo, pois ambos na verdade podem convergir mais do que simplesmente divergir.
       O objetivo geral do presente artigo é pensar e definir o conceito de “doutrina” e seu caráter não só legalista ou normativo ou disciplinar, mas também seu caráter profético[15], embora, para isso, devemos fazer uma análise do termo “profético”, pois o termo tem recebido valores estranhos ao seu real significado dentro de algumas igrejas pentecostais, principalmente de segunda e terceira onda pentecostal ou, mais precisamente, no neopentecostalismo brasileiro. Temos como parte de nosso objetivo, o interesse de mostrar o que é doutrina para a Igreja de Jesus[16], sua transcendência e o seu valor espiritual, seu caráter prático e moral e também seu caráter profético e, nesse contexto, verificar a fundamental participação do Espírito Santo na consolidação doutrinária através dos tempos ante os riscos e tentativas diversas de agregação herética no contexto da sã doutrina de Cristo. Aliás, um dos maiores desafios da Igreja pela história foi a preservação da sã doutrina diante das tantas heresias que surgiam e tentavam ser introduzidas no seio da Igreja. Hoje esse desafio continua posto. Para ser específico, esse desafio não só continua posto, mas é ainda maior na atualidade diante das tantas ramificações ditas cristãs que crescem e se espalham pelo mundo, inclusive em nosso país. Aliás, esse fenômeno acontece fortemente aqui no Brasil e por isso existe a preocupação com a saúde espiritual dos crentes que aderem a esses movimentos. Precisamos, o quanto antes, voltar ao Evangelho, porém se esquecer que Evangelho é poder de Deus e poder de Deus, para nós, é obra exclusiva do Espírito Santo e implica uma total dependência da operação do mesmo. A característica central do livro de Atos (cujo livro é a referência principal para a missão e conduta da Igreja) é a total submissão à voz do Espírito Santo.
       A Igreja de Jesus Cristo, percorrendo pela história, sofreu algumas alterações em relação ao seu formato original conhecido como “período apostólico” ou “Igreja Primitiva”. A Igreja ao longo da História foi perseguida, cresceu, institucionalizou-se, separou-se e ramificou-se. Vemos tão facilmente hoje essa ramificação. Nesse contexto histórico, a sã doutrina de Cristo se viu ameaçada ou simplesmente esquecida em algumas instituições. Em outros grupos, a sã doutrina recebeu itens a mais, conceitos extras que colocaram e colocam ainda em risco a verdadeira cristandade ou espiritualidade cristã por conta de valores extras ou alheios a ela. São várias igrejas ditas “evangélicas” que, somando com as mais tradicionais, temos, só no Brasil, cerca de 42.275.438 evangélicos[17]. Segundo o Censo de 2010, a população evangélica do país representa 22,2% da população nacional, ou seja, 42,3 milhões de pessoas. Como está sendo elaborado o conceito de doutrina nessas tantas igrejas?
        Vemos principalmente nos grupos neopentecostais (ou pentecostais modernos) variedades de conceitos, experimentalismos estranhos às Escrituras, heresias, teologias frágeis à Palavra de Deus, ênfases em revelações e em manifestações espirituais, pragmatismo religioso, ostracismo religioso, desapego à leitura e ao estudo bíblico, ênfase ao subjetivismo e também ao corporativismo, denominacionalismo e sectarismo.
        Diante de tantos conceitos e crenças que são ensinados, nos preocupamos aqui em trabalhar o conceito de “doutrina bíblica”, pois questionamos se, de fato, alguns ensinamentos e conceitos podem receber o coroamento de doutrina ou não. Não vamos nos prender aqui falando sistematicamente de cada doutrina cristã. Não! Mas apenas apontaremos para o núcleo doutrinário da fé cristã ou, para a base doutrinária da fé cristã que aqui chamaremos de forma genérica de “sã doutrina”. Tendo em vista essa referência e esse alicerce, mostraremos o que, junto com as doutrinas centrais e universalmente conhecidas e aceitas pela fé cristã, pode ser considerado “doutrina”, “dogma”, “disciplina ou prática cristã” e “heresia”. Tendo feita essa separação, poderemos abrir caminho para um diálogo sobre a unidade cristã em meio às diferenças denominacionais e como todas podem verificar a necessidade de voltarem ao Evangelho e ao verdadeiro avivamento sem abrir mão de alguns conceitos que podem ser sadios à fé e à sã doutrina ou, diante da verdade, abrirem mão de alguns conceitos que não estão em conformidade com a palavra de Deus e assim repensarem sua posição. Vamos aplicar aqui o termo “reformar” segundo essa perspectiva e não somente à adoção total dos valores religiosos e teológicos da Reforma Protestante, afirmando que a Reforma Protestante foi um importante e necessário marco para a História da Igreja, mas que a consolidação e o aperfeiçoamento da mesma não se resumem entre as “quatro paredes” dos grupos reformados. [...]

(continua)

Gabriel Felipe M. Rocha. Membro da Igreja Cristã Maranata desde 2004. Professor e pesquisador. Graduado em História (licenciatura e bacharelado); pós-graduado em Sociologia (lato sensu); mestrando em Filosofia (stricto sensu), linha de estudo: Ética e Antropologia. Estudou História da Igreja (bacharelado em teologia) e Francês na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte.




quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Esperar em Deus

Paz a todos os leitores do Blog.

“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.” Eclesiastes 11:1

Irmãos uma das coisas mais difíceis de se viver é esperar em Deus, nós sempre queremos tudo para ontem, quando há um familiar enfermo queremos a cura na hora, quando estamos desempregados queremos a porta aberta o mais rápido possível, eu vejo muitos pregadores dizendo em púlpito: Espera em Deus! Confia em Deus! Deus tarda mais não falha! E eles estão certos, só que é mais fácil falar do que esperar. 

A sua Palavra, que revela sua verdadeira vontade nos ensina como nos relacionar com ele. 

Bem, vejamos que sentido faz “Lançar o pão sobre as águas”? Nenhum, então podemos dizer que o texto bíblico não fala sobre o pão pronto para consumo semelhante ao que comemos hoje, mas fala do grão, além do mais no contexto do capitulo o autor continua falando sobre árvores e sobre sementes, o que nos permite fazer esta afirmação. 

Mas porque o fato de lançar sobre as aguas me fará encontra-lo depois de muitos dias novamente? Bem há um costume de se plantar assim, quando os rios transbordam se lança as sementes sobre as águas, e ai quando o rio baixa o nível novamente, as sementes se enterram naquele local e depois de muitos dias voltam como plantas. 

Irmãos assim são as nossas orações, colocamos diante de Deus, e assim como há um tempo para as águas baixarem, há um tempo para a resposta de Deus, sabemos que podem demorar dias, anos, mas a oração não fica sem resposta se for na vontade de Deus, tem orações que fazemos que até já nos esquecemos, mas ainda estão lá, esperando as águas baixarem para brotar. “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças.” Colossenses 4:2

As vezes o coração acha que estamos batalhando em vão, o mundo pode até falar no nosso intimo que estamos lançando sobre as águas, que não vamos receber nada, que não há recompensa, que estamos desperdiçando tempo ... Mas estamos esperando em Deus, e cremos que as águas vão baixar, as lutas e provas vão ter um fim, e a recompensa maior que é morar com Jesus virá, viveremos eternamente ao lado do nosso Deus.

Mateus Morais