quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A expiação realizada pelo Cordeiro de Deus

A expiação realizada pelo Cordeiro de Deus

       "Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." 
       "Εν τουτω ειναι η αγαπη, ουχι οτι ημεις ηγαπησαμεν τον Θεον, αλλ' οτι αυτος ηγαπησεν ημας και απεστειλε τον Υιον αυτου ιλασμον περι των αμαρτιων ημων."
       (1João 4.10) 
       Expiação significa consertar, apagar a ofensa e dar satisfação por erros cometidos, reconciliando assim as pessoas separadas e restaurando entre elas a relação rompida. A Escritura menciona todos os seres humanos como necessitados de reparação de seus pecados, porém faltos de todo o poder e recursos para fazê-lo. Ofendemos nosso santo Criador, cuja natureza é odiar o pecado (Jr 44.4; Hc 1.13) e puni-lo (Sl 5.4-6; Rm 1.18; 2.5-9). Nenhuma aceitação haverá da parte desse Deus, ou comunhão com Ele, a menos que a reparação se faça, e considerando que há pecado mesmo em nossas melhores ações, qualquer coisa que façamos na esperança de repará-lo pode somente agravar nossa culpa ou piorar nossa situação. Isto torna danosa a insensatez de procurar instituir uma justiça própria diante de Deus (Jó 15.14-16; Rm 10-2,3); isto simplesmente não pode ser feito.
       Entretanto, contra este pano de fundo da desesperança humana, a Escritura anuncia o amor, a graça, a misericórdia, a piedade, a bondade e a compaixão de Deus — o Criador ofendido, que prove em si mesmo a expiação que aquele pecado tornou necessária. Esta maravilhosa graça é o centro focal da fé, esperança, adoração, ética e vida espiritual do Novo Testamento; de Mateus ao Apocalipse ela refulge com opulenta glória.
       Quando Deus tirou Israel do Egito, Ele instituiu como parte do relacionamento pactual um sistema de sacrifícios que tinha no seu centro o derramamento e oferta do sangue de animais sem defeito "para fazer expiação para vossas almas" (Lv 17.11). Esses sacrifícios eram típicos (isto é, tipos, pois apontavam para algo mais adiante). Embora os pecados fossem, de fato, "deixados impunes" (Rm 3.25) quando os sacrifícios eram oferecidos fielmente, o que efetivamente os apagava não era o sangue do animal (Hb 10.11), mas o sangue do antítipo, o Filho de Deus sem pecado, Jesus Cristo, cuja morte na cruz fez expiação por todos os pecados cometidos antes do evento, bem como por todos os pecados cometidos depois dele (Rm 3.25,26; 4.3-8; Hb 9.11-15).
       As referências do Novo Testamento ao sangue de Cristo são comumente sacrificiais (por exemplo, Rm 3.25; 5.9; Ef 1.17; Ap 1.5). Como sacrifício perfeito pelo pecado (Rm 8.3; Ef 5.2; 1Pe 1.18,19), a morte de Cristo foi nossa redenção (isto é, nosso livramento por resgate: o pagamento de um preço que nos tornou livres do perigo da culpa, escravização ao pecado e expectativa da ira; Rm 3.24; Gl 4.4,5; Cl 1.14). A morte de Cristo foi o ato de Deus de reconciliar-nos com Ele, superando sua própria hostilidade contra nós, provocada pelo pecado (Rm 5.10; 2 Co 5.18,19; Cl 1.20-22). A Cruz foi a propiciação de Deus (isto é, aplacou sua ira contra nós pela expiação de nossos pecados e, assim, os removeu de sua vista). Os textos-chave aqui são Romanos 3.25; Hebreus 2.17; 1João 2.2 e 4.10, em todos os quais o grego expressa explicitamente   a propiciação. A cruz tinha seu efeito propiciatório, porque em seu sofrimento Cristo assumiu nossa identidade, por assim dizer, e suportou o julgamento retribuidor a nós destinado ("a maldição da lei", Gl 3.13), como nosso substituto, em nosso lugar, com o registro condenatório pregado por Deus em sua cruz como uma relação dos crimes pelos quais Ele estava então morrendo (Cl 2.14; cf. Mt 27.37; Is 53.4-6; Lc 22.37).
       A morte expiatória de Cristo ratificou a inauguração da nova aliança, pela qual o acesso a Deus em todas as circunstâncias é garantido somente pelo sacrifício de Cristo, que cobre todas as transgressões (Mt 26.27,28; 1Co 11.25; Hb 9.15; 10.12-18). Aqueles que pela fé em Cristo receberam a reconciliação, nele são "feitos justiça de Deus" (2Co 5.21). Em outras palavras, eles são justificados e recebem o status de filhos adotivos na família de Deus (Gl 4.5). Depois disto, vivem sob o amor motivador de Cristo para com eles, o qual os constrange e controla, amor que se fez conhecido e medido pela cruz (2Co 5.14).
      Ah! Mas tem um detalhe importantíssimo: saber dessa grande verdade não significa que você, agora, vai usar frases feitas e repetições em suas orações no simples mencionar de uma frase como “sangue de Jesus tem poder”. Valorizamos o sacrifício de Cristo deixando o mesmo Espírito Santo (simbolizado pelo sangue) fazer sua obra de redenção em nós.


Igreja Presbiteriana de Alfenas-MG/ IPB

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A igreja é o povo mais feliz do mundo

A igreja é o povo mais feliz do mundo

       "Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo."
       "Και εγω ο Ιωαννης ειδον την πολιν την αγιαν, την νεαν Ιερουσαλημ καταβαινουσαν απο του Θεου εκ του ουρανου, ητοιμασμενην ως νυμφην κεκοσμημενην δια τον ανδρα αυτης."
(Apocalipse 21.2)
       Para entrarmos no ritmo da comemoração (reflexiva) da Reforma Protestante (31/10), deixo esta excelente mensagem:
       A vitória não é apenas nossa expectativa, mas nossa certeza inabalável. O último capítulo da nossa vida já foi escrito. O nosso futuro não é incerto. Não caminhamos para um horizonte desconhecido. Não estamos cercados de nevoeiro denso. A vida do justo é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Caminhamos não para um ocaso incerto, mas para um final feliz e vitorioso. O melhor não ficou no passado, mas está pela frente. A cena final da nossa vida neste planeta será de um esplendor indescritível. Será uma cena arrebatadora, apoteótica, como jamais foi vista na terra. Seremos transformados e arrebatados para encontrar o Senhor Jesus Cristo nos ares. Teremos um corpo de glória e reinaremos com Cristo para sempre. As primeiras coisas terão passado. Então, não haverá mais dor, nem pranto, nem morte. 
       Agora, pisamos estradas juncadas de espinhos. Agora passamos por vales escuros. No caminho rumo à glória há rios caudalosos, pinguelas estreitas, desertos inóspitos e fornalhas acesas. Há perigos que nos ameaçam, inimigos que nos espreitam, fraquezas que nos assolam, mas o Senhor nos livra de todas as nossas tribulações. Quando nossas forças acabam, ele nos carrega no colo. Quando os nossos olhos se afogam em lágrimas copiosas, ele nos consola. Quando os nossos pés resvalam, ele nos coloca de pé. Ele jamais nos deixa sozinhos nem nos desampara. Vamos indo de força em força, de fé em fé, sendo transformados de glória em glória. Nossos olhos não podem se desviar pelos encantos da grande Babilônia, o sistema de valores que governam o mundo. Este mundo com seus encantos e atrações passará. Só aquele que faz a vontade do Senhor permanecerá para sempre. Contemplamos uma cidade eterna, feita não por mãos humanas, onde nada contaminado entrará por suas portas. Estamos a caminho da glória eterna. Nossa herança é incorruptível. Nossas riquezas são permanentes. Nossa recompensa não é aqui. Marchamos para o nosso verdadeiro lar, a nossa Pátria Celestial, onde, transformados e glorificados receberemos a coroa da vida, a posse da herança, a bem-aventurança eterna.
       A vitória será completa, pois aquele que nos amou e por seu sangue nos libertou dos nossos pecados, nos constituiu reis e sacerdotes. Temos a coroa e a mitra. Temos livre acesso à sala do trono. O próprio Cordeiro de Deus será o santuário na Jerusalém celestial. Nós adoraremos o Rei dos reis pelos séculos dos séculos. Jamais nos cansaremos de juntar nossas vozes aos anjos celestiais para dar ao Noivo da Igreja, Jesus, o rei da glória, todo o louvor. Depositaremos aos seus pés as nossas coroas. Deleitar-nos-emos nele para sempre. Nossa alegria será completa. As marcas de dor que suportamos nesta vida jamais serão lembradas. Adentraremos os umbrais da glória e participaremos da festa das bodas do Cordeiro. Esta festa será eterna. Ali não entrará tristeza. Toda a nossa atenção estará voltada para dar glória ao Cordeiro que é digno. O trono de Deus estará no centro desta igreja glorificada. Nela estará a glória de Deus. Ela vai brilhar com pedra de jaspe luzente. 
       O mundo sem Deus busca um prazer falso, uma alegria efêmera e vazia. Mas aqueles que são transformados pelo poder de Deus e fazem parte da família de Deus conhecem a verdadeira felicidade. Já desfrutam aqui o antegozo da glória, pois já receberam aqui o penhor do Espírito. Mas, quando as cortinas desta história se fecharem, quando o Filho do Homem voltar triunfantemente, com poder e muita glória, para buscar a sua noiva, então, experimentaremos em sua plenitude a alegria indizível, a recompensa inefável que ele preparou para nós. Alegremo-nos nele e sejamos fiéis Àquele que deu a sua vida por nós para vivermos para ele eternamente. 



Hernandes Dias Lopes/ Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória

Igreja Presbiteriana do Brasil

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O que é Graça?

O que é Graça?
Paulo emprega a palavra "graça" para significar o oposto de "obras e méritos". "Pela graça sois salvos [...] não por obras" (Ef. 2:8-9). Graça significa favor imerecido ou favor dado sem que seja ganho por esforço algum.
Pela palavra "misericórdia", entendemos que alguém em dificuldade ou derrotado, está recebendo um benefício. Misericórdia faz supor uma pessoa sofredora a quem ela é concedida. Semelhantemente, "graça" sempre pressupõe indignidade na pessoa que a recebe. Se alguém nos dá qualquer coisa por graça, é porque nós não a merecemos. Qualquer coisa que mereçamos por direito, não pode ser nossa por graça. Graça e mérito não podem estar ligados no mesmo ato. São realidades tão opostas como luz e trevas. "Se é por graça, então não é por obras; de outra maneira, a graça já não é graça" (Rom. 11:6).
Assim, dizemos que nós recebemos a graça de Deus. Estamos dizendo, ao mesmo tempo, que somos indignos dela e que não podemos trabalhar por ela. Desta maneira, definimos graça como ela é usada no Novo Testamento, ou seja, "O eterno e absolutamente livre favor de Deus concedido a pessoas indignas e culpadas na doação de bênçãos espirituais e eternas".
A graça de Deus é eterna
À graça, de modo algum, depende do mérito humano; depende só da vontade de Deus. Não é ganha por mérito nem perdida por culpa. A graça é absolutamente livre de qualquer influência humana. Portanto nada há que possa derrotá-la, uma vez que ela foi dada. Por isso, Deus pode dizer: "... pois que com amor eterno te amei" (Jer. 31:3). Tal é a gloriosa base da nossa salvação!
Graça não é como uma franja de ouro na fímbia do vestuário; não é como um enfeite que decora um vestido; porém, é como o propiciatório do Tabernáculo, que era de ouro — de ouro puro — inteiramente de ouro! Portanto, aprendemos como estão seriamente enganados os que sugerem que a graça de Deus pode ser alcançada pelas boas obras. A graça de Deus recusa-se a ser ajudada naquilo que ela tem de fazer. Não seria um insulto à soberania de Deus sugerir que Ele precisa de ajuda do pobre desempenho do homem? A graça, ou é absolutamente livre de toda a nossa influência, ou então não é graça de modo algum.
Salvação, totalmente gratuita!
A graça "reina", diz Paulo em nosso texto (Rom. 5:21). Assim, a graça é comparada a um rei. Nos versículos anteriores, também o pecado é comparado a um rei. Como o pecado aparece armado de poder destrutivo, infligindo a morte, assim a graça aparece armada de invencível poder, amorosamente determinada a salvar. E "onde o pecado abundou, a graça o superou em tudo” (v. 20). Assim, o controle é da graça.
Em outras palavras: aqueles a quem Deus salva por Sua vontade misericordiosa, certamente estão totalmente salvos. Se Deus graciosamente resgata homens do poder do pecado, e lhes dá novas habilidades espirituais, então, não serão deixados para se fazerem suficientemente santos para entrarem no céu. Se a obra graciosa de Deus ficasse restrita a isso, a consequência final ainda seria duvidosa; a graça não estaria reinando. Além disso — admitindo-se que tal coisa fosse possível — os que conseguissem santificar-se por seus próprios esforços, ficariam muito, orgulhosos pelo que fizeram — o que seria diametralmente o oposto da graça!
Portanto, se a graça há de reinar, ela tem que ser o único meio de salvação. Por Sua vontade misericordiosa, Deus não apenas tem que começar, mas também continuar e completar a salvação do pecador. Então, se pode dizer com certeza que a graça "reina". Certamente uma certeza maravilhosa como esta glorifica a Deus.
A graça se adapta melhor à nossa necessidade do que qualquer outra coisa. Visto que o pecado é um tirano que reina sobre nós, e pretende levar-nos à morte eterna, que esperança podemos ter de salvação firmados em nossos próprios esforços? Quando nossas consciências ficam alarmadas por causa de nossas muitas falhas vergonhosas, não entramos em desespero? Lembre-se, porém, de que a salvação é pela graça de Deus! A graça de Deus está fundamentada na obediência perfeita e meritória de Cristo. O pecado não pode destruir o valor disso. A graça pode reinar sobre a maior indignidade. Na verdade, é só com o indigno que a graça se preocupa. Isso é assombroso! Isso é maravilhoso! Há esperança de salvação para o pior indivíduo, se é que ela é assegurada pela riqueza da graça que reina.
Teremos que ver nas próximas vezes como a graça reina na nossa eleição — chamamento, perdão justificação, adoção, santificação e perseverança.


(Por Abraham Booth/1734-1806/ fonte: Os Bereianos)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O erro das más interpretações: análise em II Cor. 3:6

O erro das más interpretações: análise em II Cor. 3:6 


"Examinai as Escrituras [...]"


(o conceito bíblico de "a letra mata, mas o espírito vivifica")

Considerações iniciais:

A Igreja de Jesus Cristo (seu Corpo) deve atuar frente ao mundo na pregação expositiva do Evangelho sem retoques e sem "fermentos" que levedam a "massa", pois o Evangelho é o poder de Deus para aquele que crê. O Evangelho transforma vidas através da Revelação do Cristo vivo e glorificado (Jesus é a própria manifestação da graça e misericórdia de Deus). Portanto, deve-se - sem medo e sem libertinagens, formalismos (e legalismos) pregar a Mensagem da Cruz!
Portanto, a teoria acadêmica da teologia deve ser restrita apenas àqueles que se interessam em aprofundar-se no conhecimento da mesma. O incentivo da Igreja, dos pastores, professores e líderes diversos em relação à membresia deve dado para que TODOS lêem a Bíblia e aprendam, pelo menos o básico para fé e prática, das Escrituras. A leitura da Bíblia deve, portanto, ser incentivada! Sem "novos ensinos" e "novas revelações". Sem ocultismos e apelos legalistas e farisaicos da religiosidade. Mas deve ser incentivada através de um importante meio de graça: a oração. Dois meios de graça importantíssimos para a formação do caráter cristão destacamos aqui: a oração e a leitura devocional da Bíblia. Além do frequentar a igreja, do louvor, etc.
Com isso, cria-se uma dependência do Espírito Santo, pois a Bíblia deve ser lida sob a tutela do mesmo. Ele ensina, Ele exorta, Ele confronta, Ele liberta, Ele transforma, Ele capacita, Ele dá o entendimento, Ele redime, Ele envia. Portanto, a leitura da Bíblia está em paralelo com a dinâmica da Obra do Espírito Santo na vida do crente. Esse cresce em graça e conhecimento e é "pau para toda obra". É capacitado para o serviço santo, pois conhece e sabe em quem tem crido, porque a fé já foi gerada pelo Palavra.
Portanto, meu amado, a "letra" que meta é a "letra" do legalismo denominacional e religioso que se traveste de piedade e humildade, mas está cheio de rapina farisaica, impondo ritos, costumes e dogmas "além da letra" e, assim, embaçando a graça de Deus no entendimento alheio.

Falando nessa citação isolada da Bíblia que muitos usam para incentivarem o membro a não ler a Bíblia a fim de não ter suas fábulas destruídas, cito um artigo que escrevi já a um tempo quer aborda rasamente essa questão.


Já sabemos que Jesus é o clímax da revelação de Deus: "Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer" (Jo 1.18). Jesus é a maior revelação de Deus e, todas as outras inspirações e revelações de Deus aos homens por parte do Criador, eram para mostrar Jesus. A finalidade da revelação é tornar Deus conhecido dos homens.

Para isso, as Palavras do Deus espiritualmente e intelectualmente superior à razão dos homens devem ser mostradas pelo Espírito Santo, aquele que “vos ensinará todas as coisas”. Veja em João 17 que a função do mesmo Espírito Santo é dar ao mundo (através da Igreja) o conhecimento de Deus. Isso configura um caráter explicitamente espiritual e será pela revelação do Espírito Santo que tal conhecimento pode chegar aos homens distantes de Deus.
Mas o que precisamos entender, de fato, aqui é o seguinte: Isso não significa dizer que o texto literal é inválido. Quem diz ou ensina isso está cometendo um grave erro baseado num versículo isolado da Bíblia em (IICor 3:6) que diz assim:
[...] porque a letra mata, mas o Espírito vivifica”.
Ali Paulo não falava da invalidez das Escrituras, mas sim da validez da mesma sobre a intervenção inspiradora, reveladora e iluminadora do Espírito Santo. Paulo ali, no contexto, falava da Lei e isso não pode fazer alusão à Bíblia que hoje nós temos que é a revelação de Deus. Porém a expressão “letra”, do grego “gramma” que pode falar da Lei, mas pode falar do livro todo, uma epístola e Escrituras (considerando que ali não existia só a Lei, mas a Lei e os Profetas). Essa expressão grega vem do substantivo “grapho” = “escrever” e remete ao sentido literal da escrita. Então não podemos ignorar que Paulo advertia a igreja do mau uso da letra literal, fundamentalista e religiosa.
Mas o que vale como informação central nesse texto é o seguinte: Não é a Lei e nem a Palavra de Deus escrita, em si mesmas, que matam. Trata-se, pelo contrário, das exigências da Lei, que sem a vida e o poder do Espírito, trazem condenação (veja em Jr 31:33; Rm3:31). Mediante a salvação em Cristo, o Espírito santo concede vida e poder espiritual ao crente no manejo das Escrituras que também são vivificadas.

Trocando em miúdos e tendo em vista todo o contexto, Paulo disse assim: "a Lei (grego = "gramma" que pode ser traduzido também por "letra") mostra o pecado, mas o Espírito (grego = pneuma) mostra a Vida. Contudo, podemos em segurança dizer que a Vida mostrada pelo Espírito Santo na Palavra é a Revelação de Jesus Cristo, corroborando assim com as próprias palavras de Paulo.
“a Lei mostra o pecado e o Espírito mostra a vida”

O que mata, de fato, são as exigências da Lei tão operantes em algumas igrejas, usos e costumes exacerbados, legalismo religioso, farisaísmo, sectarismo, etc. Isso tende a matar a fé na constante anulação da graça na vida do crente. Não que a graça seja vencida, mas é negada e essa negação (pela religiosidade operante) será paga com terrível condenação.

Contudo, Cristo havia dito: examinai as Escrituras (livros em si) [..] pois elas de mim testificam (Jesus vivo e revelado nelas). Jesus mostra com clareza que Ele não é a Bíblia em si, não podemos assim mistificá-la, mas a Bíblia fala dEle. Isso é bem claro e é questão de pressupostos atestados pelo crivo das Escrituras e perspectivas corretas em relação às Escrituras.
O fato de Jesus ser testificado pela Palavra corrobora também com o fato de: a Bíblia ter um conteúdo “profético”. Mas antes, vou explicar o termo “profético”: O termo “profético”, assim como “profecia” (grego = prophetéia), é comumente usada nas igrejas, mas, muitas vezes, de forma errada. ‘Profecia’ e ‘profético’ remete ao voltar-se para algo, cujo caminho ou método é apontado. Não é só, portanto, “apontar para frente” e não se passa apenas no horizonte do “descobrir algo sobre o futuro”, mas é, no caso bíblico, “voltar-se para Deus”, assim como (também) alguma informação espiritual futura a respeito de algo. Leiam os profetas bíblicos (maiores e menores) e percebam qual é o conteúdo comum em suas mensagens.
O conteúdo comum, já adiantando aqui, é “voltem para Deus”, cujo caminho é apontado: “obedeçam a sua palavra”. Junto com essa mensagem comum nos profetas, haviam ali os sinais e informações espirituais sobre determinados fatos futuros. Isso define o termo “profético”. Sendo assim, a Bíblia é um livro literariamente e espiritualmente profético, pois é a revelação do projeto de redenção de Deus cuja centralidade está toda em Jesus Cristo, o Verbo de Deus, a verdadeira “Palavra Revelada”. Por que é profética? Porque revela a salvação em Cristo e tal Revelação ao encontro com o espírito humano gera a fé (dom de Deus/ fé para a salvação/ fé da Eternidade), por isso a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus, pois seu conteúdo é profético. E nessa promoção de fé pela ação do Espírito Santo (no contexto da soberania e graça divina), produz-se no crente o genuíno avivamento espiritual, ou seja: o Espírito mostra (gera) a vida, enquanto qualquer legalismo (da Lei) ou da religião gera morte.
O ato salvífico de Cristo se resume em: trazer o homem de volta para Deus, logo, o conteúdo da Bíblia é, portanto, profético.

Aliás, a salvação é profética, pois parte do pressuposto bíblico que Deus programou tal projeto na Eternidade e lá elegeu o seu povo para herdar a salvação e a glória em Cristo. Não é à toa que a figura do sangue percorre por toda a Bíblia, mostrando, conforme nos explica o autor de Hebreus, que viria o “Perfeito” (Cristo). Isso sustenta a frase de Cristo: “examinai as Escrituras, pois elas de mim testificam”. Como “de mim testificam”? Pelas figuras e tipos. Onde entra a interpretação e a “revelação” nisso? Entra no fato de: o Espírito conduzir o que manuseia a Palavra ao entendimento de caráter profético que configura numa espécie de revelação, pois, bota “para fora” algo que a Bíblia tinha como “modelo”. Isso se aplica nas peças do Tabernáculo, na figura do Cordeiro, do Sangue, dos tipos humanos, etc. Há aí uma interligação entre RAZÃO e REVELAÇÃO.
Nenhuma é alheia à outra. Estudar, pesquisar e se aprofundar nos textos bíblicos no espírito e pelo Espírito é muito diferente de fazer o mesmo sem a fé. Veja que muitos biblistas alcançam entendimentos profundos sobre o conteúdo histórico, cultural, arqueológico e religioso sobre as escrituras, mas pouquíssimos falam do seu caráter espiritual ou profético. Por quê? Porque não têm o pressuposto fundamental para “botar para fora” aquilo que se discerne espiritualmente, a saber, a fé. Mas vão até onde o espírito humano (a razão humana) pode levar. Mas quando você lê ou estuda a Bíblia partindo desse pressuposto espiritual (a fé), o Espírito de Deus, pela fé, dá o entendimento espiritual daquilo que se lê e assim, Deus fala, as vezes de forma bem particular. Não estamos falando aqui de inventar doutrinas em nome da “revelação”, pois tudo que aparece deve ser provado pela própria Bíblia.

Contudo, termino com a palavra do Rev. Augustus Nicodemus que fala a respeito dessa má (e tendenciosa) interpretação de “a letra mata...” como “desculpa de quem não tem nem argumento e nem exemplo para dar”.

A Paz de nosso Senhor Jesus!

Para ler mais sobre o tema, sugiro:








Gabriel Felipe M. Rocha

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A Interpretação da Escritura



A Interpretação da Escritura

"Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente" (Isaías 40:8)


Certa vez, o renomado e respeitado pastor e pregador  C. A. Spurgeon disse: “Onde quer que você fure as Escrituras, elas jorram o sangue do Cordeiro.”
Porque a Escritura é a Palavra de Deus e o Espírito Santo seu autor, ninguém tem o direito de interpretá-la por conta própria. As pessoas freqüentemente falam como se tivessem esse direito. Elas falam de “minha interpretação” ou a de alguém outro, ou, até mesmo, "a interpretação da minha igreja é assim...". Isso está errado (veja em 2Pe. 1:20). Mesmo na controvérsia, existe somente uma interpretação aceitável da Escritura, e essa é a interpretação da Escritura dela mesma. Pois ela não pode ser discernida humanamente, pois o homem é dotado de paixões e inclinações diversas. Ela se discerne espiritualmente, pois é resultado de um conjunto de inspirações e revelações do próprio Espírito Santo. A interpretação é de Deus, não do homem. Dessa forma, a Bíblia, sendo um conjunto de vários livros inspirados, foi inspirada por um só Espírito Santo, portanto, há uma unidade intrínseca nas Escrituras. Não existe a "teologia de Paulo", a "teologia de Pedro", o "conceito de sei lá o quê de Davi", etc. Ela tem uma variedade de informação, uma série exaustiva de assuntos, um conjunto de normas e exemplos de conduta, etc. mas ela, de forma geral, é una. Seu conteúdo tem uma essência e seu plano se resume num só: salvação da humanidade na Revelação de Jesus Cristo (que se encontra e se manifesta em toda a Bíblia).
Um dos grandes princípios da Reforma `Protestante foi o princípio que a Escritura é auto-interpretativa. Embora isso possa parecer estranho para nós, deve ser assim, pois somente o próprio autor, o Espírito Santo de Deus, tem o direito e o poder de nos comunicar o que ele quis dizer. Minha interpretação não significa nada. Somente a de Deus importa. Posso sim, estudar, ler, escrever, criar estudos magníficos e edificantes, etc. Posso! Me é permitido! Mas não posso ousar em ultrapassar a Sã Doutrina de Jesus Cristo. Jamais poderei dar ouvidos às "novas revelações" que configuram um "outro evangelho". Assim, não posso ter uma interpretação particular, mas, meu aprendizado sobre a Bíblia e seu conteúdo tem uma só direção, alvo, essência e poder.
Isso é ensinado em 2 Pedro 1:20, 21, que declara claramente que nenhuma Escritura é de interpretação particular. Essa declaração parece um pouco inapropriada, pois a ênfase não é sobre a interpretação, mas sobre a inspiração. Todavia, a doutrina da inspiração, como ensinada nesses versículos, tem o seguinte como sua aplicação: ninguém senão Deus mesmo, que inspirou a Palavra, tem o direito de interpretá-la. Isso, pela ação do Espírito Santo.
No entanto, o Espírito Santo não interpreta as Escrituras de uma forma mística – não revelando misteriosa e secretamente o significado da Escritura para nós mediante algumas revelações privadas. A Bíblia não é um livro de "pique-esconde", onde Deus se esconde nas entrelinhas e se revela de forma "nova" para alguns, fazendo com que o contexto literal se anule. É errado dizer, “Deus me mostrou”, “Deus me disse assim”, ou “Deus me revelou isso e não aquilo”. Isso, também, é uma negação da Escritura, não somente de sua suficiência, como temos visto, mas da inspiração da Escritura. A pessoa que diz essas coisas está alegando ter uma interpretação da Escritura que Deus lhe deu privadamente, à parte da própria Escritura. A interpretação apropriada da Escritura é dada quando a Escritura é comparada com a Escritura.
Por exemplo, se desejamos determinar o significado de uma palavra na Escritura, talvez a palavra batismo, devemos analisar diferentes passagens nas quais a palavra é usada e o contexto de cada passagem, para então determinar o que ela significa na Escritura e como é usada por esta. A interpretação apropriada da Escritura, portanto, requer estudo cuidadoso para que possamos aprender da própria Escritura o que ela quer dizer. A pessoa que pensa poder voltar-se para uma passagem da Escritura e entendê-la sem estudo é muito tola e arrogante.
Sobre esse enganos, sugiro que leiam em:
http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/08/examinai-as-escrituras-e-seu-conceito.html

Contudo, devemos ser cuidadosos para não impor nossas idéias sobre a Escritura, mas humildemente e em oração receber o que ela diz. Aprender a interpretação apropriada da Escritura requer graça, submissão e oração. Não existe ninguém, nem mesmo ministros do evangelho e nem igrejas que se dizem "a mais especial", que possa alegar estar acima da Palavra de Deus. Nem mesmo os dons espirituais estão acima das Escrituras! Toda interpretação, credo e sermão pode e deve ser submetido ao escrutínio rígido à luz do que a Palavra de Deus diz, exatamente porque ninguém tem o direito privado de interpretar a Escritura. Por essa razão, mesmo a pregação dos apóstolos era sujeita ao exame e crítica cuidadosa (Atos 17:10, 11). Mesmo aquela pregação, como qualquer outra, tinha que se conformar à interpretação do Espírito de sua própria Palavra.
Possa Deus nos dar a graça necessária – muita graça – para buscarmos e encontrarmos a interpretação correta e prestarmos atenção a ela (Hb. 2:1).
Leia também:
http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/08/examinando-as-escrituras-2-repostando.html

http://palavraserio.blogspot.com.br/2014/10/nao-ultrapassemos-o-evangelho-de-jesus.html


Gabriel Felipe M. Rocha
Referências: Bíblia de Genebra/ ARC/Revista Monergista/Charles A. Spurgeon/ 

Não ultrapassemos o Evangelho de Jesus Cristo, pois, é o poder de Deus para todo que crê

DEVOCIONAL DO DIA: Não ultrapassemos o Evangelho de Jesus Cristo, pois, é o poder de Deus para todo que crê

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé
(Romanos 1:16-17);

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema (Gálatas 1:6-9);

Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo (Gálatas 1:12);



O apóstolo Paulo, nos textos bíblicos acima, mostra uma enorme preocupação ao mostrar que o Evangelho de Jesus Cristo é o poder de Deus, dádiva de Deus, Boa Notícia da graça e Revelação de sua Glória em Jesus Cristo, portanto, o Evangelho – era pregado por Paulo e ensinado em suas cartas – como poder de restauração e redenção para TODO o que crê no Nome de Jesus.
Ou seja, o Evangelho não poderia ser transtornado. Como assim? Não poderia ser modificado, pois não era tarefa do Espírito Santo assim fazer, pois o mesmo Espírito Santo havia sido enviado para ser Consolador da Igreja, Intercessor da Igreja, guia e luz da Igreja e, sobretudo, a tarefa do Espírito Santo era CONSOLIDAR A OBRA DE REDENÇÃO DO PAI e não ditar (ou revelar) um “outro evangelho”. Por isso a repreensão de Paulo para os que tentavam impor costumes, cargas, legalismos e dogmas na Igreja de Jesus Cristo, transtornando o Evangelho como ele era. Paulo falava com convicção sobre isso ao alertar a igreja da Galácia, pois ele (Paulo) sabia que a tarefa do Espírito Santo era de aperfeiçoar seu ensino  no seio da igreja e não revelar “doutrinas novas”. A ênfase da Evangelização era “Jesus vive” ou “o que foi morto, ressuscitou” e nem por isso o Espírito Santo “ditou” novas doutrinas para “esse tempo profético”. Não! O Evangelho é um só!
Assim, Paulo deixa bem esclarecido: “recebi esse Evangelho que vos ensino pela revelação de Jesus Cristo e não foram homens que me ensinou sobre o mesmo” (Gálatas 1:12). Ele deixava claro que o Evangelho, assim como foi com os dozes apóstolos e como estava sendo com ele, veio de JESUS CRISTO e não de grupos religiosos específicos, não da Lei judaica, não dos fariseus, etc. O mesmo Evangelho que os apóstolos receberam e que foi aperfeiçoado na era apostólica (onde se formou a Bíblia) foi Evangelho que Paulo também recebeu. Por isso, embora haja diferenças entre as igrejas mencionadas nas cartas do Novo Testamento, havia a UNIDADE do ESPÍRITO SANTO entre elas, pois o ESPÍRITO SANTO era o MESMO. O ensinamento do Evangelho tinha a mesma essência, embora ensinado de forma diferente por Pedro, Tiago, João, Paulo, etc. Como a igreja devia orar já estava estabelecido. Não existia formalismo, frases que tinham de ser ditas antes, etc. Havia o ensinamento espiritual de como orar, para quem orar, ter fé para orar e orar em NOME de Jesus. Assim como o Evangelizar: existia o ensinamento de como fazer, como ser dependente do Espírito Santo nessa missão, etc. Portanto, não criava-se modismos, usos e costumes. Não havia partidarismo. Não havia uma igreja que se dizia “melhor” que as outras. Cada uma tinha vantagens e problemas diferentes. A igreja de Corinto mesmo tinha vários problemas que precisaram ser corrigidos por Paulo na primeira carta aos coríntios, no entanto ela também tinha suas vantagens. Assim era com a de Éfeso, a de Tessalônica, etc. Não surgia ali apóstolos ou discípulos que largavam a tradição apostólica para formar outro grupo (seleto) em nome de uma “nova revelação”, mas havia uma unidade firme no mesmo Pai, no mesmo Senhor, no mesmo Espírito, na mesma fé, no mesmo batismo, etc.
Muitos pensam que Unidade é fazer tudo igual e nos mínimos detalhes. Chegam até a dizer que se alguma outra igreja não fazer um culto, ou uma oração, ou pregar  a Palavra da mesma forma, está “fora do projeto” como se realmente Deus tivesse selecionado grupos denominacionais para chamar de “minha igreja preferida”. Veja em Apocalipse que, Jesus, quando aparece para as sete igrejas da Ásia, ele vê situações diferentes,  elogia totalmente duas, repreende outras cinco e apenas uma deixa apenas repreensão. No entanto, Ele aconselhou todas, porque amava todas e, embora seu ensinamento para elas foi diferente para cada ocasião, seu ensinamento tinha uma unidade. Era a Sã Doutrina. Talvez você que está lendo esse texto, pertence a uma igreja diferente da minha, mas se você tem o mesmo Pai, é servo do mesmo Senhor, tem sobre si o mesmo Espírito Santo e, portanto, o mesmo batismo e fé, você é meu irmão em Cristo. Somos de um só Corpo, pois o Corpo de Jesus não é minha igreja e nem a sua, mas somos nós juntos. Eu lá com os meus e você lá com os seus, mas todos olhando para o mesmo alvo e andando no mesmo caminho. Diga não ao sectarismo religioso!

Portanto era essa a preocupação de Paulo. Entre os gálatas estavam alguns legalistas que, tendo deixado a religião judaica, tentavam impor ainda os costumes judaicos nas igrejas de Cristo, transtornando assim o Evangelho. Isso continua acontecendo quando alguns tentam impor normas, conduta de pseudo-santidade, ensinamentos secundários ao Evangelho, etc. Esses são tão legalistas quanto. Esses vigiam os irmãos para terem com que acusar, são falaciosos, paroleiros, religiosos, gostam de acusar, amam cobrar, etc. Mas será que cumprem o Evangelho de Jesus em sua essência? Ao lerem os Evangelhos não sentem vergonha ao perceberem que a atitude de nosso Senhor é totalmente oposta às suas? Eu leio e sempre sou confrontado, pois sempre existe algo que percebo (graças a Deus) que precisa ser mudado e vou aos pés do Senhor!

O Evangelho de Jesus Cristo, portanto é: O PODER DE DEUS PARA TODO O QUE CRÊ. Se o Evangelho é poder, é porque o Espírito Santo opera a fé. E a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. Assim, o Evangelho gera fé, gera transformação e redenção. Portanto, é o poder de Deus para salvar aquele que nele crê. Se ele é poder de Deus, é porque o Espírito Santo realiza a mesma obra em cada crente pela fé. Não existem “obras diferentes”. Existe a Obra do Espírito Santo e as Obras das trevas (na qual a obra humana se inclui). Assim, o Espírito Santo realiza a mesma obra em cada crente nos quatro cantos do mundo. A fé, o poder, a redenção e a Obra do Espírito santo não pertencem a grupos religiosos específicos, mas à graça do Pai, pela morte e ressurreição do Filho e pelo poder do Espírito Santo! Não transtornemos isso! Está já avisado! Seja anátema!
Hoje a igreja tem a Bíblia formada. A Verdade se revela nela. Ela, acima de qualquer dom espiritual, é a referência única da Igreja. Somente a Bíblia é nosso manual de conduta, fé, regra e prática. O que ultrapassa seus ensinamentos deve ser refutado. O Espírito santo dá todo o entendimento espiritual sobre a mesma em contínua inspiração e iluminação (revelação), mas seu conteúdo essencial jamais pode ser modificado. No máximo, pode ser contextualizado, pois estamos num tempo histórico diferente, mas o tempo profético é o mesmo: a dispensação da graça até a vinda de Cristo. Não existem novas doutrinas, mas existe a Sã Doutrina revelada em suas páginas cuja iluminação do Espírito Santo nos revela a Cristo.

Que assim possamos amar o Evangelho de Jesus Cristo, a ele ser fiel e, dessa forma, estarmos TODOS preparados para contemplar nosso Senhor, irrepreensíveis em sua vinda.

A paz de nosso Senhor Jesus! Amém!


Gabriel Felipe M. Rocha

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A JUSTIFICAÇÃO (análise dos textos de Paulo aos romanos)

A JUSTIFICAÇÃO (análise dos textos de Paulo aos romanos)
Referência: Romanos 5.1-5

1. Há duas verdades absolutas (axiomas) e uma conclusão lógica:
Deus é Santo e o homem é pecador, logo nenhum homem pode ser justo aos olhos de Deus. Pode o imundo ser puro aos olhos de Deus? Pode o pecador justificar-se diante de Deus? Pode, por ventura o etíope mudar a sua pele e o leopardo as suas manchas?
2. O padrão para entrar no céu é a perfeição e todo o homem é imperfeito, logo é impossível ao homem entrar no céu por seus esforços. A não ser pela GRAÇA de Deus em Cristo Jesus e através da fé (dom de Deus).
Quem obedecer a lei, pela lei viverá. Mas todos pecaram. Não há justo sequer um. Todos se desviaram. Logo, ninguém jamais poderá entrar no céu por seus méritos. A não ser que Deus o conceda a fé espiritual para crer no Filho e pelo Filho ser reconciliado com Deus.
3. Para o homem entrar no céu é preciso que Deus o justifique e para Deus justificá-lo precisa ainda continuar justo
Como Deus pode ser justo e ainda justificar o pecador? Como Deus pode justificar o pecador sem abrir mão da sua justiça? Uma boa pergunta...
I. A REALIDADE DA JUSTIFICAÇÃO – V. 1,2
1. O que é justificação?
A justificação é um ato legal, forense, judicial e declaratório de Deus no qual ele declara, sobre a base da justiça de Cristo que todas as demandas da lei estão satisfeitas com respeito ao pecador.
A justificação não é algo que Deus faz em nós, mas por nós. Não acontece dentro de nós, mas fora de nós.
A justificação é um ato e acontece uma única vez. Não há graus na justificação. O homem é justificado por completo ou não é justificado em absoluto. Ela é instantânea, completa e final. Não podemos confundir JUSTIFICAÇÃO com REMISSÃO.  Fomos justificados pela fé em Cristo num ato único. Também fomos remidos por Cristo num ato único (pois a morte da cruz aconteceu uma só vez e foi suficiente), no entanto, por continuar pecando, o Espírito Santo, em cooperação da nossa fé e busca, opera a remissão.
Pela justificação somos remidos da pena do pecado, perdoados e recebemos o favor de Deus.
2. A necessidade da nossa justificação
Todos somos pecadores e todos nós vamos ter que comparecer diante do tribunal de Deus para prestar conta da nossa vida.
Somos culpados. Seremos julgados:
a) Por nossas palavras
b) Por nossas obras
c) Por nossas omissões
d) Por nossos pensamentos e desejos.
3. A base da justificação
A base da justificação não são nossas obras, nem nossa fé, nem mesmo nosso exemplo, mas a obra expiatória de Cristo na cruz em nosso favor. Nesse sentido a fé não é “meio” para alcançar a justificação, senão ela seria por merecimento e não é. É pela graça. Mas a fé é veículo enviado por Deus (da eternidade) para que o plano de Deus se efetive em nossas vidas. Ele morreu a nossa morte. Ele pagou a nossa dívida. Ele rasgou o escrito de dívida que era contra nós. Ele levou no seu corpo no madeiro os nossos pecados. Foi traspassado e moído pelas nossas iniqüidades. O castigo que nos trás a paz estava sobre ele.
A justificação é mais do que perdão – 2 Co 5:21.
4. O instrumento da justificação
Nós não somos justificados com base na fé, mas com base no sacrifício perfeito e eficaz de Cristo. Mas pela fé nós nos apropriamos da justificação. A fé é o instrumento. A fé é a mão estendida de um mendigo a tomar posse do presente do Rei.
A fé é a causa instrumental e não a causa meritória.
A fé não expia a culpa, não remove o castigo. Ela é o instrumento de apropriação dos benefícios da redenção.
II. OS FRUTOS DA JUSTIFICAÇÃO – V. 1-2
1. Passado – Paz – v. 1
Essa paz não é paz de Deus, mas paz com Deus.
É a paz da reconciliação com Deus.
Todas as religiões do mundo são uma tentativa desesperada do homem encontrar paz com Deus.
Exemplo: Lutero desesperadamente buscava ter paz com Deus.
Cristo morreu e pelo seu sangue nos reconciliou com Deus. Agora não somos mais réus, nem inimigos de Deus. Estamos quites com as demandas da lei.
2. Presente – Graça – v. 2
A palavra “acesso” é prosagoge.
a) Refere-se à introdução ou apresentação de alguém ante à presença da realeza – Por meio de Cristo temos acesso a esta graça na qual estamos firmes. Somos aceitos, somos apresentados como filhos, como herdeiros, como cidadãos do céu.
b) É também o termo comum para referir-se à aproximação do adorador a Deus – Jesus nos abre a porta à presença do Rei dos reis e quando estas portas se abrem o que encontramos é graça, não condenação, nem juízo, nem vingança, mas pura misericórdia, o glorioso favor de Deus.
c) O termo prosagoge traz também a idéia de porto, cais – Significa que por mais que tratemos de depender de nossos próprios esforços somos varridos pela tempestade, como marinheiros que enfrentam impotentes um mar revolto que os ameaça destruir totalmente. Mas, agora, temos ouvido a Palavra de Cristo, temos alcançado o porto da graça. Por meio de Cristo temos entrado à presença de Deus e encontrado segurança no porto da graça.
3. No futuro – Glória – v. 2
Quem foi justificado não teme a morte, não teme o amanhã, não teme a eternidade, ele tem garantia do céu.
Aqueles que não foram reconciliados com Deus têm medo da morte. Mas o salvo entende se gloria na esperança da glória de Deus.
O apóstolo Paulo – Está na masmorra, na ante-sala do martírio. Ele não está com medo da guilhotina, mas diz: “Eu sei em quem eu tenho crido. Chegou a hora da minha partida. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada”.
A mãe da Isabel – Depois que foi convertida seu rosto passou a resplandecer.
O enfermo – “O senhor está preparado para morrer. Não, eu estou preparado para viver”.
III. A PEDAGOGIA DA JUSTIFICAÇÃO – V. 3-5
A justificação não apenas nos prepara para o céu, mas também nos prepara para vivermos vitoriosa aqui na terra. Paulo não está tratando de algo apenas para o porvir, mas algo que nos capacita a viver vitoriosamente no meio das tensões da vida.
1. Nos gloriamos nas próprias tribulações
Não somos masoquistas.
Não somos estóicos.
Não nos gloriamos no sofrimento ou por causa do sofrimento, mas por causa dos seus frutos, dos seus resultados.
O cristão não olha para vida com uma visão romântica, pessimista ou irreal. Ele não nega a existência da dor e do sofrimento.
A palavra tribulação – thlipsis = pressão. A vida cristã é o enfrentamento de muitas pressões: pressão do diabo, do mundo, das nossas fraquezas.
A palavra tribulação é tribulum (latim) = descascador de trigo, separa o trigo da palha.
Rm 8:28 – Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem…
2 Co 4 – A nossa leve e momentânea tribulação produz eterno peso de glória.
Paulo diz que nos gloriamos com grande e intenso júbilo, sabendo que Deus está trabalhando em nós, esculpindo a imagem do seu Filho.
2. Sabendo que a tribulação produz perseverança – v. 3
A tribulação é pedagógica. Ela produz paciência triunfadora.
A palavra grega é hupomone = paciência vitoriosa, que não se entrega, que não é passiva, mas que triunfa. É paciência com as circunstâncias. É saber que Deus está no controle. Que Ele está trabalhando em nós. Ele está esculpindo em nós o caráter de Cristo.
As grandes lições da vida nós as aprendemos no vale da dor. Salmo 119:71 – “Foi me bom ter passado pela aflição para que aprendesse os teus decretos”.
Jô – A paciência nasce do sofrimento.
3. A perseverança produz experiência – v. 4
A palavra grega é dokime = provado – metal que era passado pelo cadinho e provado como legítimo, puro. A palavra significa caráter provado e aprovado como resultado de um teste de julgamento.
Davi não quis a armadura de Saul porque nunca a havia provado, não havia submetido à prova.
Não podemos ter uma fé de segunda mão. O Deus que agiu na vida de Abraão, Moisés, Davi, Paulo tem agido na sua vida. Você conhece a Deus, tem experiência com ele: da sua bondade, livramento.
4. A experiência produz esperança – v. 5
Esta não é uma esperança vaga, vazia. É uma esperança segura.
Como saber que esta esperança não é uma ficção: Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações. Há uma efusão do amor de Deus. O céu desce à terra.
CONCLUSÃO
Gloriamo-nos em Deus (v. 11).
Se nada sobrar, se tudo se perder. Ainda temos Deus. Gloriamo-nos nele.
Habacuque 3 – Ainda que falte oliveira na vida e gado no curral, ainda assim me alegrarei no Deus da minha salvação.
Romanos 8:31-39.
O palácio em que somos admitidos é o céu. O portão de entrada é Cristo. O único passaporte é a fé.

Texto escrito adaptado e reescrito por Gabriel F. M. Rocha/ Grupo de Estudos “Palavra a Sério- Escrituras”;

Referências: sermão de Ver. Hernandes Dias Lopes/ Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-ES/ Bíblia King James/ Bíblia de Genebra/ Livro: Carta aos Romanos de Karl Barth/ artigos bíblicos da fé reformada/ Tradução grego-português pela Bíblia de Estudos Palavras Chave/ Hebraico/ Grego.

Eu (Gabriel Felipe) em minha sala de estudos com o precioso livro de Karl Barth ("Carta aos Romanos"):