sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Faraó vive!


Nada há novo debaixo do sol! - Eclesiastes 1:9

Vai vendo...

Disse o Faraó: "...por que fazeis cessar o povo das suas obras? Ide a vossas cargas". (Ex 5:4)
Ele estava dizendo: serviço nesse povo! Não permitam que ouçam, que pensem!
E disse mais: "...Não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos...; vão eles mesmos e colham palha para si". Ex 5:7)

Se virem! Trabalhem sem cessar! Não tem família, passeio, descanso, estudo, namoro, noivado, amizade, visitas, viagens, aniversários, nada disso!
E tem mais, mesmo tendo de colher a palha, terão de produzir muito! O povo está ocioso! (Ex 5:8)
Vai vendo como age o Faraó...

"Agrave-se o serviço sobre estes homens, para que se ocupem nele..."(Ex 5:9).
A Palavra de Deus não estava com o Faraó e sim com Moisés. Mesmo assim o Faraó usava seus oficiais e exatores para agravar o povo e dizer que a verdade dita por Moisés era mentira (Ex 5:9,10).
Diminuir o serviço? Nem pensar!
O Faraó dizia: "...porque nada se diminuirá de vosso serviço" (Ex 5:11).

E lá estavam os exatores salafrários para apertar o povo, dizendo: Acabai a vossa obra..."(Ex 5:13).
E como não conseguiam saciar o insaciável Faraó, "...foram açoitados..."(Ex 5:14).

"Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, nem com o dedo querem movê-los" (Mt 23:4).

Mario Moraes

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O Deus imutável


"Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não confirmaria?". Números 23:19
"E também aquele que é a força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa". 1 Samuel 15:29
"O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração, de geração em geração". Salmo 33:11
"Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu". Salmo 119:89
"Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer". Atos 4:28
"e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão". Hebreus 1:12
"Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento..." Hebreus 6:17
"Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente". Hebreus 13:8
"Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação". Tiago 1:17
Vai vendo aí...
Seja sincero, você acha que o Deus imutável está nisso? : uma hora revela e logo a seguir desrevela; manda e logo desmanda; faz e desfaz; estabelece e volta atrás; empossa e destitui; abençoa e a seguir amaldiçoa; estabelece datas e depois as muda; estabelece horários e depois muda tudo; proíbe e depois libera geral; bota no grupo e logo a seguir tira do grupo; antes não podia, agora pode; antes era tudo por "revelação" e passou a ser marketing; antes era meios e depois passou a ser recursos; do "acampamento dos anjos" para a praça do papa e depois para um centro que é usado pela "mescla" e demais eventos "mundanos"...
Vai vendo o balaio de gatos do deus mutável...
Agora, imagina o povo sendo conduzido por esse deus confuso no deserto.

Já pensou? Vai pensando aí...



Mário Moraes

A compatibilidade da Revelação com a Razão Humana


"A revelação objetiva de Deus visa a mostrar seu autor; logo, ela não teria nenhum valor se não houvesse potencialidade de recepção subjetiva. Sem isso, seria uma revelação que não se tornaria acessível. Seria o equivalente a um intérprete verter para o inglês as palavras de um orador alemão a um auditório que só entende o português. Ele traduziria para o auditório as palavras do orador, mas não revelaria verdadeiramente o conteúdo da mensagem, pois ninguém o entenderia.
Deus se revela sabendo que há a possibilidade de ser entendido, pois ele mesmo criou o homem e o dotou com essa capacidade. Entretanto, a não compreensão do homem não inutiliza o valor da revelação de Deus. Ela existe independentemente da apreensão humana. O pecado corrompeu o intelecto, a vontade e a faculdade moral do ser humano; ele está morto espiritualmente, sendo escravo do pecado (Gn 6:5; 8:21; Jo 8:34,43-44; Rm 3:23; 6:6,23; Ef 2:1; Cl 1:13; 2:13).
Isso se chama depravação total. Ainda que o homem não seja absolutamente mau - não é tão mau quanto poderia -, é extensivamente mau; todo o seu ser está contaminado pelo pecado. Em consequência, ele tornou-se positivamente mau (Gn 6:5; 8:21; Mt 7:11). Ainda assim, o pecado não destruiu a possibilidade de percepção.
O conhecimento humano consiste sempre em uma relação lógica entre sujeito e objeto; visto que o sujeito só é sujeito para o objeto,e , por sua vez, o objeto só o é para um sujeito, assim, a revelação objetiva reclama alguém, e este alguém (objeto) só o é enquanto recebe de forma adequada a revelação.
A razão é o instrumento de que dispomos, pela graça de Deus, para descobrir a sabedoria divina no mundo; é o principium cognoscendi internum da ciência. Entendemos que o conhecimento também se dá pela experiência; contudo, cremos que o espírito humano traz consigo certas categorias que lhe são inerentes, as quais não podem ser apreendidas pela experiência. Assim, a experiência não é necessariamente a fonte de todo o conhecimento". (Hermisten Maia, Fundamentos da Teologia Reformada,Editora Mundo Cristão).


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Religiosidade morta!



"sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias". Lucas 3:2
Anás e Caifás, "Sumos sacerdotes" políticos eram sogro e genro, respectivamente. Pilantragem! 
Maracutaia! O sogro e o genro a serviço de Roma, mas a Palavra de Deus não estava com eles.

Anás e Caifás eram defensores do templo, adotaram o principio da auto-preservação, no qual o sistema religioso e seus templos são preservados sob o falso argumento de serem "santos", "consagrados". As pessoas não significavam nada além de patrocinadores, contribuintes fiéis que sustentavam e ainda sustentam a estrutura religiosa decadente.

A Palavra de Deus não estava no templo e sim no deserto!

O sogro e o genro estavam acostumados às mensagens mecânicas, cheias de slogans e enganos.
João era o sacerdote de Deus. Deus está acima de qualquer religiosidade.

Os judeus se viam em meio às dúvidas ao ouvir o sogro e o genro e a confrontar suas mensagens enganosas com a verdade pregada por João Batista.

"E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos pois?" (Lc 3:10).

A resposta de João foi essa: "Quem tiver duas túnicas, que reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, que faça da mesma maneira" (Lc 3:11).

João estava dizendo o seguinte: abandonem essa religiosidade falsa que é cultivada dentro de templos e amem o próximo. Saiam da retórica para a prática.

O sogro e o genro diziam: "cumpram as rotinas religiosas preservando nossas tradições pois é preciso preservar a "obra" de Deus que nos foi confiada". Vamos "orar". Se Deus está "provando" uma pessoa não podemos intervir, ainda que morram de fome. A menina que engravidou não pode ser assistida, deve ser afastada dos templos para "preservar" o sistema, ainda que morra.Se alguém estiver preso não podemos visitá-lo para não "expor" o sistema, oremos por ele.

Mas a Bíblia manda visitar os presos! Tiago fala que a fé sem obras é morta(Tg 2:14-17). Religiosidade de sogro e genro, uma religiosidade morta!

Em João 11:48-53 e 18:13-24, além da ação do sogro e do genro quando da prisão de Jesus, vemos o que disse Caifás, o genro, quando sentiu que Cristo ameaçava o poder que ele e seu sogrão, como longa manus de Roma, tinham sobre o povo, motivado pela auto-preservação.
Caifás disse que "...convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação" (Jo 11:50). Na religiosidade morta as pessoas podem morrer, podem ser expulsas, desde que a "nação" seja "preservada" a qualquer custo.

João dizia: "saiam da religiosidade morta, repartam, amem o próximo".

Na religiosidade morta do sogro e do genro, os "sumos sacerdotes" vorazes devoram as ovelhas.

Na igreja de Cristo, o pastor dá a vida pelas ovelhas. Ele vive na prática o principio do serviço que Cristo viveu: "Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos"(Mc 10:45).

Dos 10 mandamentos(Ex 20), 04 dizem respeito a Deus e 06 dizem respeito ao próximo. Apenas uma curiosidade que a religiosidade omite.

A verdadeira igreja de Cristo foi chamada para servir e não para se "auto-preservar".

(Fontes: Pregação feita pelo Missionário Maurício(Curitiba,PR) na IPBJC e a Bíblia sagrada)

Bom dia a todos!

Mário Moraes

Em oculto!



Disse Jesus: "E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,
para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará". Mateus 6:16-18

"...quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto?" É isso mesmo? Não é dormindo não? Não, "...unge a cabeça e lava o rosto!", diz as Escrituras!

Pera aí..."para não pareceres aos homens que jejuas"? Como assim, se todos são "orientados" a fazerem os mesmos jejuns, os mesmos períodos e mesmos horários para os mesmos propósitos? Tem nada de pessoal não, é institucional mesmo!

Vai vendo...

Opa! O jejum deve ser feito silenciosamente, "...a teu Pai, que está oculto?" Mas, e as tabelinhas?

Vai vendo...

Quer dizer que "...teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará?" Quer dizer que nosso "...Pai, que vê o que está oculto...", nos recompensará? Se fosse em oculto, não é mesmo? A recompensa é de Deus? É o que dizem as Escrituras!
Viu a diferença? Não? Então leia outra vez...

Vai lendo, vai...

Mário Moraes

As promessas da Aliança se estendem até aos nossos filhos


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Desde o Dia 25 o Catecismo de Heidelberg vem tratando dos sacramentos, mais necessariamente sobre o Batismo, pois dos Dias 27-30 o Catecismo irá tratar sobre a Santa Ceia. Diante de tanta confusão sobre os Sacramentos, a Reforma decidiu ficar com o testemunho das Escrituras, pois para a religião predominante da época (e infelizmente para alguns evangélicos atuais) o Batismo (assim como a Ceia que será tratada mais adiante) era sobrenatural com poderes miraculosos.

No entanto, os Reformadores não só combateram os erros aplicados aos Sacramentos como mostraram que o Batismo, por exemplo, nos garante as promessas da Aliança estabelecida pelo próprio Deus:

A) Elas são reais e seguras

72. Então, a própria água do batismo é a purificação dos pecados?
R. Não (1), pois somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todos os pecados (2).

(1) Mt 3:11; Ef 5:26; 1Pe 3:21. (2) 1Co 6:11; 1Jo 1:7.
73. Por que, então, o Espírito Santo chama o batismo "lavagem da regeneração" e "purificação dos pecados"?
R. É por motivo muito sério que Deus fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos pecados são tirados pelo sangue e Espírito de Cristo assim como a sujeira do corpo é tirada por água (1). E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por este divino sinal e garantia que somos lavados espiritualmente dos nossos pecados tão realmente como nosso corpo fica limpo com água (2).

(1) 1Co 6:11; Ap 1:5; Ap 7:14. (2) Mt 16:16; Gl 3:27.

As promessas contidas nas explicações das P/R 72 e 73 é que o único meio de um pecador ser lavado de seus pecados é por meio do sangue de Jesus Cristo, não há outro meio do pecador ficar mais alvo do que a neve (Is 1.18), se Cristo não lava-lo com Seu sangue. No entanto, se o batismo não nos lava da mesma forma que o sangue de Cristo, então por que receber o sinal do batismo? Creio que para explicar essa pergunta vale uma ilustração: Um rapaz viaja a trabalho. Ele vai passar uma temporada fora de seu estado, longe de sua família principalmente de sua noiva. Pois, segundo os seus planos, em seu retorno, eles irão se casar. Durante esse tempo longe de casa o noivo mantém contato com sua noiva pelas redes sócias e telefonemas. No entanto, mesmo com todos esses contatos diariamente, ele mantém guardado em seu celular uma foto de sua noiva a qual ele a olha todos os dias. Em certo dia, seus amigos de trabalho o percebem olhando para a foto e perguntam: “Quem é ela?”. Ele responde: “É minha noiva, vou casar com ela quando eu voltar”.


Pense um pouco. O rapaz possui um celular com uma imagem de sua noiva, que é uma representação dela. Quando ele ouve a pergunta de seus amigos, ele levanta o celular e diz: “É minha noiva”. Será que ao dizer que se casaria com ela, os amigos entenderiam que ele se casaria com aquele celular com foto da noiva? De forma alguma. Todos nós sabemos que essa foto representa a noiva do rapaz, mas essa representação é tão viva que o rapaz pode até afirmar categoricamente que é a foto é como se fosse sua noiva mesmo.

Da mesma forma é o sacramento, ele é uma representação de uma realidade. O símbolo não tem poder em si mesmo, mas aquilo na qual ele representa é tão vivo e real que nos faz ter a certeza de que, aquilo que fora aplicado externamente, Cristo com Seu sangue, por meio do Espirito Santo, nos lavaram internamente.

B) São para nós e nossos filhos

74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja (1). Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2).

Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos (3). Na época do Antigo Testamento se fazia isto pela circuncisão (4). No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da circuncisão (5).

(1) Gn 17:7. (2) Sl 22:10; Is 44:1-3; Mt 19:14; At 2:39. (3) At 10:47. (4) Gn 17:14. (5) Cl 2:11,12.

Após o Catecismo nos mostrar que o único meio de nossos pecados serem lavados é por meio do sangue de Cristo no lavar regenerador do Espírito Santo, ele nos mostra que este sinal, o qual nos aponta para uma viva e real esperança, devem ser aplicados nas crianças.


E por quais motivos este sinal deve ser aplicado? O Catecismo enumera dois:

Primeiro, o Catecismo nos mostra que o batismo das crianças de pais crentes serve para distingui-los dos filhos dos descrentes, pois Deus sempre tratou a família como uma unidade e não como membros distintos:

Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos(1Co 7.14);
E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso (At 16.14,15);
E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa (At 16.31).

Isso nos mostra que Deus faz com que as crianças participem do mesmo Pacto em que seus pais estão marcando a sua entrada no Pacto da mesma forma que era feito na Antiga Aliança.

Sendo assim, a ultima enumeração do Catecismo que nos mostra o motivo de batizar nossos filhos é que o batismo tem a mesma função da circuncisão na Nova Aliança. No entanto, algumas pessoas fazem objeção dizendo que o batismo é para aqueles que têm a capacidade de se arrepender. Concordo, e creio que aqui vale algumas explicações. Vimos acima que o batismo é um sinal externo daquilo que fora ocorrido internamente. Ou seja, a lavagem com a água externamente representa a lavagem com sangue que ocorrera internamente. Da mesma forma, é a circuncisão. Um ato externo, de cortar o prepúcio, na Antiga Aliança, era comparado com tirar o “prepúcio” do coração como sinal de humildade, novo nascimento e um novo modo de vida:

Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz” (Dt 10.16);
E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas” (Dt 30.6);
Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração” (Jr 4.4).

Da mesma forma na Nova Aliança:

De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.4);
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2.12);
E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada” (Rm 4.11).

Veja, tanto no Antigo Testamento como no Novo a circuncisão e o batismo eram vistos como sinais de uma graça invisível. Agora, se nos dois Testamentos tanto a circuncisão como o batismo eram vistos como questões internas demonstrando um novo nascimento, por que era aplicado em crianças, sendo que elas não tinham consciência para crer e se arrepender (cf. Jl 2.16)? Obediência e esperança na promessa.

Em Gn 15 Deus instituiu uma aliança com Abraão. Essa aliança foi selada com o sinal da circuncisão (Gn 17) e a promessa era que tanto Abraão como seus filhos seriam abençoados (Gn 17.7,8). E mesmo assim, Abraão sabendo sobre quem era o filho prometido, ele circuncida Ismael e Isaque como sinal de obediência (Gn 17.25; 21.4). Da mesma forma os pais da Nova Aliança batizam seus filhos tendo em vista a mesma obediência e promessa. Obediência porque Paulo nos mostra que a aliança abraamica está em vigor mesmo após a morte de Cristo (cf. Gl 3) e promessa, porque é a mesma feita em Gn 15:

E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.38,39).

Conclusão

Mesmo que nossos filhos não sejam salvos temos que cumprir com o mandamento, assim como fez Abraão circuncidando Ismael, pois nós não sabemos quem será salvo ou não. No entanto, cremos nas promessas de Deus de salvar nossa família. Não obstante, o batismo infantil não é somente um ato de fé, mas de responsabilidade. Uma responsabilidade que leva os pais entender que dos tais é o reino dos céus (Mt 19.14), que a Bíblia deve ser ensinada a eles continuamente (Dt 6.6-8) e que devem participar do culto também, pois se são participantes do pacto, eles também possuem um relacionamento pactual com Deus. Portanto, cumpramos com aquilo que prometemos diante da igreja quando fomos batizar nossos filhos.

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Autor: Denis Monteiro
Fonte: Bereianos 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Desejos do Homem e Novo Nascimento

Desejos do Homem e Novo Nascimento
João 3:16  


“Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para abençoá-los, convertendo cada um de vocês das suas maldades” (Atos 3:26).

“Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus” (João 3:27) .


Frequentemente me pego debatendo com cristãos que acreditam que homem e Deus têm papéis iguais na regeneração (sinergistas) e que nossa escolha é o sine qua non do novo nascimento. Eles argumentam que Deus dá a todos a graça preveniente, mas o homem pode exercer seu livre-arbítrio autônomo para fazer a graça eficaz. Estes cristãos ensinam que o homem escolhe a Cristo apesar de seus desejos e isso é o que faz sua vontade livre. Escolher algo diferente de seus desejos constitui verdadeira liberdade para eles, já que a liberdade está acima e é independente de todas as outras influências. Mas é isto o que a Bíblia ensina?

O primeiro alvo deste texto é provar pelas Escrituras que nós sempre escolhemos o que nós queremos (desejamos) mais e que isso é baseado em nossa natureza. Nós escolhemos alguma coisa porque nós a desejamos. Em outras palavras, nós acreditamos em Jesus porque nosso desejo por Cristo se torna maior que nosso desejo pelo pecado. O segundo alvo é explorar de onde esse desejo vem. Ele vem de nossa natureza degenerada (como os sinergistas crêem) ou ele é um dom incondicional de Deus? Meus amigos sinergistas dizem que, utilizando a graça de Deus, apesar de nossos desejos, nossa vontade autônoma definitivamente determinará nosso destino final. Eu argumentarei porque essa posição é fatal para seu sistema teológico inteiro.

Nós Escolhemos O Que Nós Desejamos Mais

Vamos começar com alguns textos bíblicos que ensinam que nossa natureza determina nossos desejos e nossos desejos determinam nossas escolhas. Cristo diz:
“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45).

O que Jesus diz aqui é claro – a água não corre contra a correnteza. Nossa decisão de dizer algo bom ou ruim é somente determinada pela condição de nosso coração. Há uma grande evidência para o mesmo conceito em Mateus 7:18.
“A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons”.
Aqui, Jesus está ensinando que é a natureza da árvore que determina o que virá dela. Somente aquele que tem uma boa natureza é capaz de criar um pensamento correto, gerar uma afeição correta, ou originar uma volição correta. Jesus martela novamente o mesmo conceito nos judeus incrédulos, quando discute se eles são ou não descendentes de Abraão:
“Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (...) Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus”. (João 8:43,44,47)
Na passagem acima, os judeus não puderam ouvir a palavra de Deus porque eles pertenciam ao diabo (suas naturezas) e isso aumentou suas vontades de fazer o que desejavam. Suas naturezas os tornaram moralmente impotentes para ouvir as palavras de Jesus. Mais tarde, Jesus ensina que antes de alguém ouvir as palavras de Deus, ele deve ser de Deus. Em outras palavras, uma pessoa não entenderá o evangelho enquanto permanecer em seu estado não regenerado e decaído.
Deus Exige Perfeição
Na história do jovem rico, Jesus o ensina que se ele obedecer todos os mandamentos, ele terá a vida eterna. Todos nós sabemos que esta história foi contada para expor nossa inabilidade de cumprir tudo isso. Mas o jovem (equivocadamente) confiava que ele guardou tudo desde sua juventude. Jesus, conhecendo seu coração e onde ele vacilaria, ordena que o rapaz venda todas suas posses, dê aos pobres e o siga. Em outras palavras, Jesus lhe disse que o arrependimento de sua ganância e a fé em Cristo eram onde ele ainda falhava. Mas ele se afastou entristecido. Jesus então diz a seus discípulos que é mais difícil que um homem rico entre no Paraíso que um camelo passar por um buraco de agulha. “Quem então poderá ser salvo?”, os discípulos perguntam, sabendo que Jesus está dizendo que o caminho para o céu está fechado a todos os homens – um padrão santo que ninguém poderia alcançar. A resposta que Jesus dá é “Para o homem é impossível (arrependimento e fé), mas para Deus todas as coisas são possíveis”. A natureza do jovem não poderia se colocar acima de seus desejos e Jesus diz que isso é impossível para todos os homens. Apenas Deus tem a capacidade de fazer isto. A Bíblia é recheada com exemplos assim. É realmente um mito que o homem em seu estado natural está genuinamente buscando a Deus. Homens podem procurar um deus, mas eles não procuram o verdadeiro Deus, revelado nas Escrituras. Exceto pelo novo nascimento, ninguém vem à luz do verdadeiro Deus, mas suprimi a verdade pela injustiça.
A Bíblia, por esta razão, ensina além de qualquer dúvida que nós agimos ou escolhemos de acordo com nosso maior desejo, que é baseado é nossa natureza. Jesus como notou acima, ensina que é impossível ser de outra forma. Mais ainda, como uma consequência da morte física de Adão e seus descendentes (Gn 2:17) existem muitos outros problemas com a natureza do homem em seu estado decaído, incluindo sua incapacidade de entender Deus (Salmos 50:21; Jó 11:7,8; Rm 3:11); ver coisas espirituais (Jo 3:3); conhecer seu próprio coração (Jr 17:9); direcionar os próprios passos no caminho da vida (Jr 10:23; Pv 14:12); libertar a si mesmo da maldição da Lei (Gl 3:10); receber o Espírito Santo (Jo 14:17); nascer por si só na família de Deus (Jo 1:13; Rm 9:15,16); produzir arrependimento e fé em Jesus Cristo (Ef 2:8,9; Jo 6:64.65; 2 Ts 3:2; Fp 1:29; 2 Tm 2:25); ir a Cristo (Jo 10:26; Jo 6:44); e agradar a Deus (Rm 8:5,8,9). Estas consequências da desobediência de Adão em seus descendentes são o que os teólogos frequentemente se referem como a total depravação do homem. Sem uma mudança de disposição, o amor de Deus e Sua lei não são a mais profunda motivação e princípio do homem natural.

O Que Tudo Isso Tem a Ver com João 3:16?

Sinergistas frequentemente me dizem: “Predestinacionistas acreditam em um Deus que requer mais do que Ele capacita ou permite os homens alcançarem. Este é o tipo de Deus em quem eles acreditam”. Nisto eles estão parcialmente corretos, mas a falha está no homem, não em Deus... porque a natureza de Deus nunca mudou, mas a nossa muda. A Lei de Deus é perfeita porque Ele é perfeito. Ele não pode diminuir Seus padrões por nós ou Ele não mais seria Deus. Por esta razão, Deus teve um propósito específico em exigir perfeição moral em nós e isso inclui o mandamento de crer em Cristo.
Declarações bíblicas como “se tu o buscares” e “todo aquele que nele crer” como em João 3:16 estão num modo hipotético. Um gramático explicaria que há uma declaração condicional, que não expressa nada de forma indicativa. Nesta passagem o que nós “deveríamos” fazer não implica necessariamente que nós “podemos” fazer. Os dez mandamentos, da mesma forma, falam do que nós deveríamos fazer mas eles não implicam que nós temos a habilidade moral de cumpri-los. Os mandamentos de Deus nunca serviram para nos fortalecer, mas para arrancar nossa confiança em nossas próprias capacidades de tal forma que seria o fim de nós mesmos. Com uma clareza pungente, Paulo ensina que este é o intento da legislação divina (Rm 3:20, 5:20; Gl 3:19,24). Se alguém está tentado a argumentar que essa crença é meramente um convite, e não um mandamento, leia 1 João 3:23: “E este é o seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo...”. Então, eu creio que aqueles que sustentam a idéia de que Deus ordena aos homens decaídos e não regenerados a fazerem algo que já são capazes de fazê-lo estão impondo uma teoria antibíblica no texto. Um mandamento ou convite com uma afirmação abertamente hipotética, como João 3:16 faz não implica na capacidade de cumpri-lo. Isto é especialmente verdadeiro à luz de textos como Jo 1:13, Rm 9:16, Jo 6:37, 44, 63-65, Mt 5:16-16, 1 Co 2:14 e muitos outros que mostram a incapacidade moral do homem no estado decaído em crer no Evangelho. Em nossa natureza não regenerada nós não podemos fazer nada a não ser amar as trevas e nunca nos aproximarmos da luz.
Na Cruz Deus Nos Dá o que Ele Exige de Nós
Como isso pode ser boa-nova se os homens nunca se encontrarão naturalmente desejando se submeter em fé aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo? (Rm 3:11; Jo 6:64,65; 2 Ts 3:2). Porque Deus nos deu graciosamente o que Ele exige de nós. No evangelho, Deus nos revela a mesma justiça e fé que Ele exige de nós. O que nós deveríamos ter, mas não poderíamos criar ou alcançar ou cumprir, Deus nos garante livremente, como é chamada, a justiça de Deus (2 Co 5:21) e a fé de Cristo. Ele revela, como um dom em Cristo Jesus, a fé e a justiça que antes era somente uma exigência. Fé não é algo com que o pecador contribui para pagar o preço de Sua salvação. Jesus já pagou todo o preço por nós. Fé é nosso primeiro fôlego na respiração de nosso novo nascimento, antes de falar. É uma testemunha da obra da graça de Deus que tomou seu lugar dentro de nós (Ef 2:5,8; 2 Tm 2:25).
Romanos 3:11,12 diz “não há ninguém que busque a Deus, ninguém” e 1 Co 2:14 diz que o homem natural não consegue entender as coisas do Espírito, que são loucura para ele e não é possível que sejam aceitas porque devem ser discernidas espiritualmente. Mesmo Pedro teve de ser revelado pelo Pai que Jesus era o Cristo. Os arminianos e nós concordamos que “todo aquele que crer” tem a vida eterna, mas a questão vai além disso – o que leva alguém a crer?

C.H. Spurgeon, em seu sermão Incapacidade Humana expõe isso com grande clareza:
"Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se quiserem." Nós replicamos: "Meu querido senhor, todos nós cremos nisto; mas é precisamente no se eles quiserem onde está a dificuldade. Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja trazido; pelo contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas não quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não quereis" permanecer registrado na Santa Escritura, não seremos inclinados a crer em qualquer doutrina da liberdade da vontade humana. É estranho como as pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio, discutem de coisas que eles não tem nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio que os homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo algum é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados naturalmente dispostos a submeterem-se aos termos humilhantes do evangelho de Cristo? Declaramos, sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão desesperadamente em ruína, tão depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e tão oposto a tudo o que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum ser humano quererá jamais ser constrangido para Cristo. Você replica, que os homens algumas vezes estão desejosos, sem a ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez alguma pessoa que estivesse?

Eu argumentaria que este é o porquê de Jesus enfatizar o novo nascimento durante toda a passagem de João 3. Nicodemos não podia entender a linguagem de Jesus: “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito”. Assim como somos passivos em nosso nascimento físico, também no nascimento espiritual o somos. Nós não participamos ativamente de qualquer nascimento com nossos esforços. O Espírito é semelhante ao vento nesta passagem, que não se sabe se está indo ou vindo – assim é todo aquele nascido em espírito. O trabalho do Espírito é soberano e sobrenatural. Assim como um cego não enxergará se você lançar uma luz nos seus olhos, ordenando a ele tudo que você quiser. Não é de luz que ele precisa, mas de um novo par de olhos. É assim que o novo nascimento parece. Antes da regeneração, Satanás nos tornou cativos de sua vontade. Ele nos cegou para a verdade. Nós devemos ser libertos de nossos próprios desejos e o cativo somente é completamente livre pelo dedo de Deus através do trabalho final de Cristo.
Em João 3:19-20, no mesmo contexto de 3:16 (três versos depois), Jesus qualifica Seu “todo aquele que crê” com a seguinte afirmação: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. (Isto é para todos nós anterior à regeneração)
Mas todos nós sabemos que alguns virão para a luz. Leia o que João 3:20-21 diz sobre eles. “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus”. Então, veja que existe aqueles que vêm para a luz; e suas obras são o trabalho de Deus. “Feitas em Deus” significa trabalhado em e por Deus. A não ser pelo gracioso trabalho divino de regeneração, todos os homens odeia a luz de Deus e não irão até ela.

Ao invés de balançar nossas cabeças para o versículo que se encaixa em nosso sistema particular de teologia, nós devemos interpretar escritura com escritura, especialmente no contexto da passagem. Agora que nós vimos João 3 por completo, o verdadeiro significado do texto se torna claro. João 1:10-12 é também um dos favoritos dos sinergistas quando anunciam o evangelho:

“Ele estava no mundo, e o embora mundo tenha sido feito por intermédio dele, o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”.

Grande passagem, eu também adoro usar estes versos, mas nós não podemos parar aqui. Nós precisamos reconhecer que devemos adicionar a qualidade do verso 13:
“os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1:13).
Eu estranho muitos deixarem esse versículo de fora de sua evangelização: todos os versículos caminham juntos. Isso repete um tema constante nas Escrituras: que nós somos ordenados a nos arrepender e crer no evangelho, mas adicionalmente, que nós somos moralmente incapazes de fazer tanto sem o eficaz trabalho do Espírito Santo. A oferta de “todo aquele que nele crer” é para todos os homens e verdadeiramente oferecido a todos os homens, mas nenhum homem natural deseja a Deus. TODOS rejeitam este dom, mas o que nós não podemos fazer por nós mesmos, Deus faz por nós. Aqueles que vêm a Deus dão glórias a Ele porque Ele tem preparado seu coração, dando-lhes um desejo por Cristo que é maior que o desejo de permanecer no pecado. Isto é o que Ele fez por Lídia através da pregação de Paulo, no livro de Atos: “O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo”. O que aconteceu a Lídia é o que acontece a todo aquele que vem para a fé em Cristo. Se o Senhor abrir nosso coração, nós desejaremos crer, e nenhuma resistência existe, porque nós não desejaremos resistir. Nossas novas naturezas vivificadas pelo Espírito Santo têm novos desejos e disposições, que não poderíamos produzir por nós mesmos. Se o Senhor abriu o coração de Lídia para ela atender à mensagem e ela resistisse, isto seria uma afirmação contraditória. Note que Deus abriu seu coração para “atender à mensagem”. Se Deus desarmou a hostilidade de Lídia de forma que ela creria, então não deveria haver mais debates de como Ele faz com todos aqueles que têm fé. Apesar do fato de nós termos uma crença real em nós mesmos, pelo esquema sinergista, no entanto, o homem volta sua afeição e fé para Deus enquanto ainda está em sua caída e degenerada condição de coração petrificado. Mas o homem deve primeiro ter uma nova natureza para crer – ou seja, a Escritura ensina que o homem sem o Espírito não deseja, entende, tampouco é capaz de obedecer ou se voltar a Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7, Rm 3:11). Se nós iremos acreditar, Deus deve primeiramente transformar nosso coração de pedra em um coração de carne:

“Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis” (Ezequiel 36:26,27).

Os sinergistas acreditam que o grande desejo por fé, pelo qual nós creremos no Deus que justifica pecadores, pertence a nós por natureza e não por um dom da graça, que está, pela inspiração do Espírito Santo, aumentando nossa vontade e tirando ela da descrença para fé e da falta de Deus para Deus. Mas o Apóstolo Paulo diz: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1:6). E novamente, “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef 2:8). Pior ainda, os sinergistas ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, a partir da graça regeneradora, nós acreditamos, queremos e desejamos, mas não confessam que é através do trabalho e inspiração do Espírito Santo em nós que teremos a fé, a vontade ou força para fazer todas estas coisas. Se eles fazem a ajuda da graça depender de nossa humildade ou obediência, mas não concordam que é um dom da própria graça que nós sejamos obedientes e humildes, eles contradizem a Bíblia, que diz 

“O que você tem que não tenha recebido?” (1 Co 4:7) e “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Co 15:10).

Então vamos perguntar a nossos amigos sinergistas porque um homem crê e outro não?
Pelo esquema arminiano, Deus dá ao homem graça suficiente para colocá-lo numa posição de decidir por si mesmo se irá ou não crer. Então um homem será mais inteligente, mais sábio e mais humilde? Se este fosse o caso, Deus nos salvaria com base na personalidade gerada por nós mesmos e não pela graça. Pergunte a eles como seus olhos se voltaram a Deus. Um homem usa a graça dada a ele e outro não. O que no homem determina sua escolha e por quê? Isso nos deixa com salvação pelo mérito, desde que um homem que tem pensamentos e afeições por Deus O escolhe enquanto o outro não. Não já provamos que as Escrituras ensinam que fazemos nossas escolhas baseados no que mais desejamos? Onde o homem conseguiu sabedoria e inclinação a Deus, enquanto o outro permaneceu endurecido? Como um homem criou um pensamento reto, afeição reta, ou originou volição reta? Se não veio de seus desejos, então veio de onde? As escolhas são baseadas no que nós somos. Um homem natural nunca escolheria a Deus por si mesmo sem a graça regeneradora. Então Deus sobrenaturalmente enxerta a obra regeneradora do espírito ao despertar a fé de Seus eleitos.

Então, porque alguns homens rejeitam a Deus?

Resposta muito simples: Porque eles são malignos. “Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:10). Eles odeiam a Deus e não O querem, como toda pessoa sem o Espírito. Cristo diz “vocês não creem, porque não são minhas ovelhas”. Jesus claramente mostra que a natureza da pessoa determina as escolhas que faz. Ele não diz “vocês não creem, por isso não são minhas ovelhas” . Não, Ele diz “vocês não são minhas ovelhas, (POR ISSO) vocês não creem”. A Bíblia afirma claramente porque alguns creem e outros não. Nossa natureza determina nossas escolhas. Descrença é consequência da maldade, segundo as Escrituras. Crer é consequência da misericordiosa mudança na disposição do coração (em direção a Deus) através da rápida ação do Espírito Santo. O esquema sinergista deixa cada pessoa decidir por elas mesmas enquanto ainda estão em sua natureza decaída. O homem em seu estado não regenerado decide baseado em um princípio dentro dele. Nossa vontade por si só não é autônoma, mas controlada por quem somos naturalmente. Nós nunca escolhemos o que nós não queremos ou odiamos. Em nosso estado não regenerado nós ainda somos hostis para com Deus, amamos as trevas e somos cegos pelo diabo, tomados cativos para fazer a vontade dele, e não desejamos ou queremos coisas espirituais.

Se a graça preveniente dos arminianos somente faz o coração neutro, como eles admitem, então o homem não é motivado nem desmotivado para crer ou descrer – consequentemente a única opção é pelo acaso que alguém creia ou não. Eles irão argumentar ardentemente contra isso mas não encontrarão outra alternativa bíblica. Nossa escolha, qual seja, é baseada em nosso caráter interior, não pelo acaso. Um homem escolhe e o outro não, porque um foi renovado pelo gracioso trabalho de Deus. Apenas isso dá toda glória a Deus pela salvação.

“O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não creem” (...) E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai” (João 6:63-65).

Concluindo, minha oração é que a igreja do século XXI finalmente aprenda a doutrina “somente pela graça” corretamente. Oh! Que nós entendamos a pobreza da condição do homem perdido e a glória da misericórdia e graça divinas, e que não nos preocupemos em proclamá-las. Acredito que percorreremos um longo caminho parar criarmos uma postura de adoração que dê completa honra a Deus, em que Seu povo terá pensamentos corretos sobre Ele e alcançará um estágio de verdadeiro reavivamento. Esta tem sido uma longa batalha desenhada através da História da igreja (Agostinho/Pelágio, Lutero/Erasmo, Calvino/Armínio, Wesley/Whitefield) mas eu permaneço muito otimista quanto ao futuro crescimento do reino de Deus.



Fonte: Os Bereanos

terça-feira, 14 de julho de 2015

Uma necessária advertência (Gabriel F. M. Rocha)


SÍNTESE CRISTÃ

Refletindo sobre a Escritura, a fé e a conduta cristã!

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Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” (2 Tm 3. 1-5).
A alerta que Paulo faz a Timóteo (no texto acima) é pertinente, pois, o propósito de Paulo para com Timóteo era prepará-lo para exercer bem o ministério e administrar bem a igreja e as coisas de Deus. Portanto, as advertências e exortações nunca giravam em torno apenas de problemas de natureza doutrinária. Nem mesmo se pautava no cuidado que as igrejas deviam ter em relação aos falsos líderes. Tampouco, as perseguições políticas e religiosas eram o assunto principal entre os apóstolos. Havia também, como lemos aqui, a advertência para se afastar dos vaidosos, orgulhosos, soberbos. Dos homens e mulheres cheios de si. Inchados em seus orgulhos e obstinações. Por quê?
Porque esses são tão perigosos quantos aqueles líderes e falsos doutores que deturpavam a mensagem da cruz. Arrisco dizer que os vaidosos, orgulhosos, obstinados, presunçosos e avarentos são mais perigosos que os ataques e as perseguições frontais, pois esses são como o câncer que vai proliferando sua presença maligna. Como Paulo mesmo cita no texto, esses vaidosos, orgulhosos e cheios de si mesmo, são irreconciliáveis. Não aceitam a exortação. Não aceitam a doutrinação. São também invejosos. Querem estar por cima. Querem ter a razão. O vaidoso e orgulhoso quer ser os melhor e o “sabidão”. Ignora o verdadeiro conhecimento que parte do pressuposto da humildade e dependência. Nesses não podemos confiar, pois como Paulo mesmo diz, são traidores e mais amigos de seus deleites do que de Deus. São perigosos, pois – como também denuncia Paulo – eles têm aparência de piedade, mas negam a eficácia dela em suas vidas e ações diárias.
Portanto, para que possamos cuidar das coisas de Deus, servir a Deus melhor e viver um Evangelho autêntico, é necessário afastar-se desses. Mas creio que a advertência é bem mais que isso!
Não tenho dúvida alguma de que Paulo queria provocar em Timóteo (também) uma análise interior. Timóteo estava sendo preparado para exercer uma séria liderança em sua congregação. Portanto, era necessário não só se afastar desses, mas – jamais – ser como esses. Paulo chega a dizer a Timóteo: “mas tu, porém, tem seguido minha doutrina…”. Ou seja, “sua postura não condiz com a vaidade, o orgulho e soberba desses tantos”. Portanto, “permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido…”.
É comum alguns sentimentos de vaidade e orgulho tomarem nosso coração. Tem momentos que achamos que somos bons demais. Sabemos demais! Tem hora que assumimos uma convicção de que somos top demais e bons demais para fazer coisas tão simplórias… E a “bola de neve” começa a rolar… Se sou bom demais, pra quê visitar o irmão “zé”? Deixe que outro faça isso, ora… Para quê ir à escola bíblica? Para quê frequentar reuniões de capacitações pessoal se sou o “super capacitado”. E a “bola de neve” vai rolando… Daí começo com a soberba e termino na maledicência, ingratidão, traição, etc.
A vida cristã é o oposto disso tudo. Por quê? Porque o cristão para ser mesmo um discípulo, ele precisa renunciar a muitas coisas, negar a si mesmo, pegar a sua cruz e seguir o Mestre. Isso implica no esvaziamento de si mesmo. Logo, pegar a cruz implica fazer como Cristo fez: deixar Deus prosseguir com seu plano em nossas vidas. Foi isso que Cristo fez quando assumiu a cruz: deixou o Pai executar seu plano eterno. Não que Deus necessite de minha permissão (pois seus planos não podem ser frustrados), mas o cristão cheio do Espírito Santo, remido por Cristo, passa a entender a necessidade de ser guiado pelo Espírito e nunca pela carne.
Paulo mesmo faz tal distinção em Gálatas 5 entre os que são da carne e os que são do Espírito. Note que ele diz em Gl 5. 24 que os que são realmente de Cristo já crucificaram a carne a fim de viverem em Espírito. E, para viver em Espírito e frutificar pelo Espírito (Gl 5.22) é necessário o percurso da humildade, do esvaziamento, da dependência de Deus.
Portanto, a vaidade, o orgulho, a soberba, a arrogância, a obstinação desenfreada, e outras tantas obras da carne “bem alimentada” não pode levar o indivíduo ao Eterno lar de Deus. Antes, esses estão já condenados em seus delitos como Paulo diz a Timóteo.
Mas os que são de Cristo e são como Cristo estão crucificando a carne dia-a-dia, sofrendo as aflições de Cristo, esvaziando de si mesmos para viver uma vida abundante na presença de Deus.
A humildade e a submissão do cristão refletem o seu temor a Deus. Temor que, por sua vez, reflete uma vida obediente e solícita para as coisas de Deus. Essa é a verdadeira sabedoria! Não há orgulho e nem vaidade! Há a certeza de que estamos bem e estamos trilhando o caminho certo, mesmo com as adversidades próprias de nosso século.
“Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, Perseguições e aflições […]. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3:10-15).
Gabriel Felipe M. Rocha
Gabriel Felipe M. Rocha

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Reflexão de quem quer servir a Deus melhor (ou de verdade)


SÍNTESE CRISTÃ

Refletindo sobre a Escritura, a fé e a conduta cristã!


(Gabriel F. M. Rocha)
Quando Jesus dita a parábola do “bom samaritano” para um intérprete da Lei (Lc 10. 30-36), Ele queria fazer o magistrado olhar para além da teologia, da religião e da religiosidade. Como era esperado de um intérprete da Lei, aquele homem sabia muito sobre as Escrituras. Certamente ele conhecia bem os aspectos políticos, econômicos e sociais de sua nação também. Além de tudo isso, ele tinha uma excelente posição social e religiosa pelo título que carregava. Mas faltava para ele conhecer quem era o seu próximo!
O que é interessante nessa passagem bíblica é que, quando o intérprete da Lei testa Jesus perguntando sobre como herdar a vida eterna, Jesus pergunta ao mesmo sobre o que a própria Lei diz. Tipo: “você deve conhecer a resposta que está procurando, pois não é o conhecimento da Lei que define o seu título?”. E, como é esperado de um bom teólogo e conhecedor das escrituras, o homem respondeu corretamente:
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”.
Porém, existe um abismo enorme entre conhecer e praticar.
O homem, então, logo retruca: “quem é meu próximo?”
Não posso especular muito, mas creio que essa a segunda pergunta desse homem poderia partir de duas intenções básicas. Primeiro: ele realmente não sabia quem era o seu próximo. Segundo: ele talvez tenha perguntado: “quem é o meu próximo” no sentido de: “quem é semelhante a mim ou próximo a mim no que diz respeito ao meu conhecimento, meu magistrado e minha posição religiosa para que eu possa, de fato, chamar de ‘meu próximo? ’” Essa segunda hipótese supõe “o próximo segundo as minhas conveniências”, o que muitos têm conhecido. Exemplo: “Meu próximo é o que professa a mesma fé que eu professo!” e por aí vai…
Bem, na verdade tanto faz qual tenha sido a intenção real da pergunta daquele homem! As duas possibilidades significam a miséria da religião sem amor. Conhecer teologicamente a religião e não praticar a verdadeira religião é miséria e vergonha.
Será que a minha teologia e a minha missão têm partido do amor como única intencionalidade? Ou será que as intenções de meu coração são outras? Será que o muito estudar e conhecer só tem servido para alimentar o meu ego? Será que a minha missão tem servido para eu convencer a mim mesmo e aos outros de como bom e generoso eu sou? Será que ambas têm sido moedas de troca para fins superiores.
A verdadeira teologia é um bem em si mesmo, pois a verdadeira teologia (a Sã Teologia) supõe o amor. Conhecer a Verdade e o Bem e não conseguir amar é impossível! Conhecer a Deus e desprezar a sua vontade é condenação! Da mesma forma, a verdadeira missão é um bem em si mesmo. Fazer o bem porque ama é realizar-se com o próprio bem, sabendo que a missão é louvor a Deus e possibilidade de edificação do outro! Nunca o “eu” deve ser visto! Não mesmo!
A verdadeira teologia e a verdadeira missão é uma afronta ao ego. A verdadeira teologia transcende as letras e as teorias. A verdadeira Teologia vence as barreiras que a religião impõe. A verdadeira teologia deságua na missão. E a missão, por sua vez, é o sentido da verdadeira Teologia! Ambas são compostas pelo sentido da cruz. Isso mesmo: elas refletem a mensagem da cruz. Primeiro porque ela pede para o “eu” morrer para o Espírito guiar. Segundo, porque é nossa tarefa e nossa missão, como a cruz foi a missão de Cristo na terra. Eis, portanto a cruz! A Teologia como um relacionamento vertical entre Deus e eu vai de encontro com a missão que, tão logo, implica no relacionamento horizontal (eu e o próximo). A missão, portanto, dá sentido à Teologia e a torna eficaz.
Essa é a eficácia da mensagem da cruz: o “eu” está crucificado com Cristo e não vive mais. Mas Cristo vive em mim e a vida que agora vivo, eu vivo pela fé. Cristo vive em mim! Se Ele vive em mim, sua missão se estende por meio de mim.
Aquele homem conhecia muito, mas estava cheio de si e longe de Deus. Muitos estão longe de Deus! Eu também posso estar longe de Deus se tudo isso que escrevi até aqui for vazio de sentido e de amor…
Portanto, responder com clareza e com convicção “quem é o meu próximo” é impossível sem o pressuposto do amor. É possível amar e discernir o próximo sem religião e dogmas, mas é impossível servir o próximo sem amor. Por isso, diante de muitos fatos, eu creio que existem muitas teologias sem amor. Não quero que a minha seja uma delas…Não quero que minha missão seja vazia…
Quem conhece a Deus, de fato, o ama e quem o ama guarda os seus mandamentos. Quem ama a Deus serve o outro, pois reconhece o seu próximo.
A Sã Teologia triunfa na missão!
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