sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A compatibilidade da Revelação com a Razão Humana


"A revelação objetiva de Deus visa a mostrar seu autor; logo, ela não teria nenhum valor se não houvesse potencialidade de recepção subjetiva. Sem isso, seria uma revelação que não se tornaria acessível. Seria o equivalente a um intérprete verter para o inglês as palavras de um orador alemão a um auditório que só entende o português. Ele traduziria para o auditório as palavras do orador, mas não revelaria verdadeiramente o conteúdo da mensagem, pois ninguém o entenderia.
Deus se revela sabendo que há a possibilidade de ser entendido, pois ele mesmo criou o homem e o dotou com essa capacidade. Entretanto, a não compreensão do homem não inutiliza o valor da revelação de Deus. Ela existe independentemente da apreensão humana. O pecado corrompeu o intelecto, a vontade e a faculdade moral do ser humano; ele está morto espiritualmente, sendo escravo do pecado (Gn 6:5; 8:21; Jo 8:34,43-44; Rm 3:23; 6:6,23; Ef 2:1; Cl 1:13; 2:13).
Isso se chama depravação total. Ainda que o homem não seja absolutamente mau - não é tão mau quanto poderia -, é extensivamente mau; todo o seu ser está contaminado pelo pecado. Em consequência, ele tornou-se positivamente mau (Gn 6:5; 8:21; Mt 7:11). Ainda assim, o pecado não destruiu a possibilidade de percepção.
O conhecimento humano consiste sempre em uma relação lógica entre sujeito e objeto; visto que o sujeito só é sujeito para o objeto,e , por sua vez, o objeto só o é para um sujeito, assim, a revelação objetiva reclama alguém, e este alguém (objeto) só o é enquanto recebe de forma adequada a revelação.
A razão é o instrumento de que dispomos, pela graça de Deus, para descobrir a sabedoria divina no mundo; é o principium cognoscendi internum da ciência. Entendemos que o conhecimento também se dá pela experiência; contudo, cremos que o espírito humano traz consigo certas categorias que lhe são inerentes, as quais não podem ser apreendidas pela experiência. Assim, a experiência não é necessariamente a fonte de todo o conhecimento". (Hermisten Maia, Fundamentos da Teologia Reformada,Editora Mundo Cristão).


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