domingo, 29 de março de 2015

Grupo Logos

Grupo Logos no aniversário de 50 anos da Sexta Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte:

Muitas pessoas, líderes e pastores, bons professores e pregadores, assim como vários irmãos e irmãs simples, foram referências importantes para mim em toda a minha caminhada cristã até aqui. Mas quero destacar aqui o Grupo Logos. Suas letras e suas músicas me inspiraram e me inspiram até hoje (e olha que no final dos anos 80 eu estava ainda nascendo e nos anos 90 era criança). É a trilha sonora desde meu chamado para o Evangelho. E hoje eu tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente. Pr. Paulo Cesar e Nilma: pessoas admiráveis. O trabalho missionário do Grupo Logos: inspirador! Sem mais...

Várias músicas inspiradas por Deus tocam os corações de muitos cristãos genuínos em várias igrejas. Destaco algumas: Situações, Portas Abertas, Autor da Minha Fé, Ao Sentir, Não temas, Obreiro Aprovado, Espinhos, Marcas, Pescador, Evangelho e tantas outras.

Aliás, comprando algum (ou alguns) cd´s e dvd´s do grupo, você estará ajudando o trabalho missionário belíssimo que eles fazem. Isso sem falar que o Grupo Logos não faz shows e sim apresentações com pregações e exposição bíblica.



quarta-feira, 25 de março de 2015

Pensai nas coisas do alto

Pensai nas coisas do alto

Tema: A mente firme em Cristo para uma vida abundante, frutífera e agradável a Deus.
Texto base: Colossenses 3: 1-10;
Textos auxiliares: Cl 1: 10-14; 1: 21-23; 2: 6-12; 6: 18/ Fp 4: 8;
Gabriel F. M. Rocha/ março de 2015.

                
Introdução:

               Nosso tempo assiste a um gradativo esmaecer de alguns valores morais que antes se firmaram em vista de uma verdade absoluta e de um sentido. Junto do esmaecer dos bons paradigmas que regiam a forma de vida e conduta dos indivíduos há algum tempo atrás, percebe-se cada vez mais acentuada a fragmentação, também, dos valores cristãos em muitas sociedades. Essa fragmentação faz com que o pecado pareça cada vez mais “normal” e “natural” em nossa sociedade.
              De certo, a humanidade está corrompida desde o pecado de nossos pais no Édem e, a partir de então, afastada está de Deus (Rm 3: 23). Sendo assim, não se podia mesmo esperar do mundo uma postura que agrade a Deus. Impossível! Há uma humanidade escrava do pecado e totalmente inclinada para o mal. Contudo, muitos valores morais um dia foram construídos em parcial conformidade com a vontade de Deus, considerando a existência de um Ser Transcendente e Absoluto. Um exemplo específico disso é o fato de haver, embora criticado hoje por alguns, um modelo de casamento e família em total correspondência com os valores cristãos. Poderíamos citar aqui vários outros exemplos na filosofia clássica e medieval, mas não vem ao caso.  A questão é: o mundo caminha para a sua condenação e o homem sem Deus, se inclina cada vez mais para o mal (1Jo: 19) . Se as verdades concernentes a Deus e a boa conduta em conformidade com o mesmo Deus vão sendo esquecidas, várias “verdades” e formas de vida virão como paradigmas nessa complexa esfera cultural de nosso tempo e esses modelos de crença, conduta, ou o próprio niilismo que se instaura, vão se esforçar ao máximo para entrar nas igrejas, nos lares e na mente dos cristãos.
               Essa fragmentação – ou mesmo o abandono – dos valores propriamente cristãos que atravessam os séculos (desde o advento da modernidade) se dá, principalmente, em sociedades que antes o Evangelho foi pregado com notável poder e de forma triunfante. Relevantes homens foram usados por Deus. Homens que negaram suas vidas e aceitaram o martírio, provando por seus testemunhos pessoais e em praças públicas o que de fato é carregar a cruz de Cristo e morrer nela.
               Na modernidade, através da confiança depositada na razão, na racionalidade instrumental e na ciência como capazes de conferir sentido, dar respostas e dirigir a vida humana, o mundo, enfim, declarou sua inimizade com Deus, abandonando qualquer princípio que viesse sugerir uma fé e a existência de um Deus Verdadeiro, Absoluto e Bom.
               E agora, no seio da pós-modernidade, vemos esse alvoroço todo. Há uma crise de sentido. Muitos assumiram a postura de inimigos de Deus, sendo totalmente afastados da luz e amantes das trevas. Homens sem rumo e sem escrúpulos. O individualismo tomou conta de nossas sociedades. O consumismo vem ditar quem nós somos e quem devemos nos tornar; o homem busca sua auto-realização na esfera do material, do financeiro, mergulhado num hedonismo sem limites. O indivíduo pós-moderno se vê arrastado pela incessante busca por satisfação de suas carências e necessidades, pois é essa imagem de humanidade que se constrói em nosso tempo, a saber: a imagem do indivíduo que precisa se preencher (preencher o seu vazio existencial), adquirir, possuir, assumindo, então, cada vez mais sua postura como ser mundano, totalmente imanentizado e afastado da Verdade. A verdade torna-se relativa, sendo a verdade da ciência, uma verdade mutável. O verdadeiro de hoje não é mais verdadeiro amanhã. Isso, de acordo com os avanços prodigiosos da ciência. Avanços que têm, porém, esquecido a vida propriamente humana. Avanços, possibilidades e formatações que enxergam o homem como animal estruturalmente natural, sem espírito, sem alma e sem qualquer valor e qualidade que venha sugerir uma dignidade essencial para além do corpo, das necessidades físicas e do utilitarismo. Esse é o mundo. Não é, portanto, o nosso mundo (1 Jo 4: 4, 5; 5: 4, 5)! Se Jesus venceu o mundo, nós podemos vencer o mundanismo se nossa mente for como a de Cristo.
               Sim! Para nós que professamos a fé em Cristo, esse não é mais nosso mundo. Estamos nele. Participamos dele. Temos uma missão nele. Ele é o nosso campo de atuação para o bom serviço do Evangelho. Mas não pertencemos e não devemos jamais tomar a forma dele. Como Paulo mesmo disse em sua carta aos Romanos,
não vos conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12: 2).
               Nossa mente deve estar firmada nas coisas do alto, pois foi renovada em Cristo para a glória de Deus. Portanto, devemos andar conforme Deus, a fim de agradá-lo e não conforme o mundo, sendo o mundo feito inimigo de Deus. Somos livres em Cristo. Livres para vivermos conforme Deus.
               Mas, em detrimento disso, a proposta pós-moderna tem invadido muitas igrejas. Pode até ser aceita (como algo imbatível) a corrupção do mundo, uma vez que a Bíblia não nos engana sobre o destino do mundo e sobre o pecado. Mas o que causa espanto não é a corrupção que há no mundo, mas sim a corrupção que entra nas igrejas ditas cristãs e nas vidas dos que se dizem crentes. Muitos falsos líderes tem se levantado com idéias, supostas novas revelações e ensinando doutrinas de demônio e permitindo liberalmente a entrada de muitos pecados dentro de suas congregações (1 Jo 2: 18,19).
               A imagem de Cristo tem se desbotado nos corações de muitos que se um dia professaram a fé em Cristo. Muitos têm caído na graça. Alguns caíram totalmente da graça, pois dela nunca fizeram e nem farão parte, mas muitos crentes genuínos deixaram-se envolver com os ditames diabólicos desse mundo e aceitaram o pecado dentro de seus corações e lares. Os argumentos segundo o mundo estão ficando cada vez mais fortes e convincentes para os que não se firmaram totalmente em Cristo.
               Falei das sociedades que antes levantaram com fervor a bandeira do Evangelho. Pois é! Muitas perderam o foco. Muitas deixaram as vãs sutilezas e filosofias entrarem deturpando a mensagem e a imagem de nosso Senhor. Muitas abandonaram a fé. Muitas igrejas têm fechado suas portas na Europa. Não sei se isso mexe com você, mas me entristeço inconformadamente com essa situação.  Nos EUA mesmo, a situação também se torna crítica e digna de nota. Muitas igrejas (de bons nomes, inclusive), perderam completamente o norte e estão deixando entrar tão livremente o pecado, tomando assim, a forma desse mundo. Deixando-se levar pelo argumento demoníaco do casamento homo afetivo, pela ausência de luta em favor dos casamentos que se destroem, pela naturalização do divórcio, pela aceitação do aborto, pela juventude que se afasta de Deus, pela falta de doutrina bíblica, pelos ventos doutrinários que mancham a fé, etc. Aqui no Brasil, por sua vez, a ortodoxia muitas vezes não caminha lado a lado com a ortopraxia em alguns grupos de memoráveis nomes e, quando a ortopraxia se vê de modo dinâmico e atuante em algumas igrejas de rótulo pentecostal, a Sã Doutrina perde lugar para o experimentalismo estranho e para as tantas heresias que emergem dentre os neopentecostais. Ah! São muitas coisas mesmo!
                Se a mente não estiver em Cristo, tão facilmente se perde o rumo. Muitas novelas, séries, filmes e outras mídias tentam ensinar e ditar (quase autoritariamente) o pecado como forma de vida e tem conseguido influenciar nosso povo com o argumento de que somos antiquados, que nossa fé é fundamentalista, que estamos ultrapassados pelas razões científicas e filosóficas, etc. Os jovens têm em mãos algumas ferramentas que os mantém informados de toda e qualquer novidade e muitos filhos de crentes se perdem nesse viés. A mídia é boa, a internet é boa, tudo pode ser bom se a mente estiver firme em Cristo e a vida estiver depositada em Deus. Também, muitas “novas didáticas” apresentam seus novos modelos de família; a relativização da verdade e a relativização do pecado; desconhecimento e plena ignorância bíblica entre os cristãos; ausência notável de uma vida piedosa entre os que professam a Cristo, etc. Tudo isso vai colocando muitos crentes no cativeiro e na vida cristã estática e infrutífera.  Isso é sério!
               Enquanto os cristãos no Oriente Médio e em alguns lugares na África estão sendo perseguidos, mortos e vendo suas famílias desfeitas pela desgraça denominada de “Estado Islâmico”, muitos – aqui no Ocidente – estão passivamente cedendo e permitindo o  mal criar suas raízes, vivendo um cristianismo desfigurado. Estão errando o alvo. Estão perdendo o foco. Estão olhando para baixo e não para o alto. Não sabem mais, nesse pluralismo todo, para quem olhar.

1.      Entrando em Colossenses (breve abordagem dos capítulos 1 e 2):

               O apóstolo Paulo, ao escrever sua carta à igreja de Colosso, quis exatamente advertir os crentes quanto aos ensinos falsos e mundanos que estavam entrando na igreja, suplantando a fé e também a centralidade e supremacia de Jesus Cristo na criação, na revelação, na redenção e na igreja. O apóstolo também quis ressaltar a verdadeira natureza da nova vida em Cristo e suas exigências para o crente. Embora se trate de contextos diferentes, o contexto do ministério paulino, assim como todo o contexto do primeiro século da era cristã foi marcado por uma chuva de heresias, legalismo, religiosidade e vãs filosofias que surgiam no meio do povo de Deus. A diferença para nossos dias, é que as mesmas coisas, os mesmos pecados se tornaram ainda maiores e afetaram todas as áreas da vida humana num tempo diversificado e mais complexo. O apóstolo João mesmo, em sua primeira carta, faz a advertência:
Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. [...] e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus [...]” (1 Jo 4: 1 e 3).
               Segundo Paulo, eram muitas “filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (2: 8) que estavam ameaçando o real entendimento da igreja sobre a divindade de nosso Senhor e também afetando a postura em relação à Verdade. Junto dos maus ensinos, dos maus exemplos, das filosofias e ventos de doutrina, estava o legalismo judaizante que, assim como fora também entre os gálatas e outras comunidades, disputava entre os crentes a primazia da fé em detrimento do Evangelho da graça.
               O mundo é inimigo de Cristo e da igreja (Jo 15: 18,19). Sendo assim, os ditames do mundo sempre vão ter por intento destruir a imagem divina, santa e verdadeira de Cristo por meio do pluralismo de conceitos e pela relativização da fé e da vida cristã. Eis a astúcia-mor do adversário de nossas almas: fazer com que Cristo não seja contemplado por nossos olhos. Por isso, Cristo – em sua oração sacerdotal – foi tão enfático quando disse:

É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste [...]. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo [...]” (Jo 17: 9 e 11).

               No mesmo sentido de exortação e desejo de ver guardadas as ovelhas de Cristo, Paulo faz sua admoestação à igreja. No capítulo 1(versículo 10 ao versículo14), ele, tão logo, chama a atenção para que a igreja assuma uma vida digna diante do Senhor, procurando agradar a Deus em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus (v.10). Essa exortação para que venhamos assumir essas qualidades se dá com base na seguinte verdade: Deus já “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (1: 13). Somos, portanto, reconciliados com Deus em Cristo pelo sangue da cruz (1: 20), feitos inculpáveis, santos e irrepreensíveis. Por isso, devemos tão logo assumir tais qualidades, pois o poder do sacrifício de Jesus Cristo nos garante eficazmente essa transformação pessoal pelo auxílio e obra do Espírito Santo. Outra verdade que pode ser extraída desse contexto é a seguinte: se sua mente não está firme em Cristo e você ainda não provou da transformação pessoal em Cristo, amando o pecado, agradando a si próprio e plenamente conformado com esse mundo, a notícia para você é esta: você não tem a mente em Cristo e não pode pensar sobre as coisas do alto, pois você não se converteu ainda de seus pecados e não faz parte do rebanho de Cristo, a não ser que se arrependa e almeje viver para Deus, conforme Deus, firme em Cristo e transformado pelo Espírito Santo para uma vida santa e justa.
               Quanto a nós, devemos, então, permanecer na fé, alicerçados e firmes, não nos deixando afastar da esperança do Evangelho que ouvimos e aprendemos (1: 22, 23).
               Dessa forma, amados irmãos, não podemos – de forma alguma aceitar o mal, fazer vista grossa ao pecado (seja nosso, seja do irmão) e deixar com que as vãs filosofias e heresias adentrem nossas congregações e os maus costumes, as nossas casas. Em Romanos 6: 12., Paulo faz a seguinte admoestação:
“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estão debaixo da lei, mas da graça” (Rm 6: 12- 14).
               Nos versículos posteriores, Paulo adverte ainda sobre a postura cristã em conformidade com a vontade de Deus e deixa a seguinte afirmação: Deus – por sua graça – foi quem nos fez idôneos, afim que sejamos livres do “império das trevas” (v. 13), pois temos a redenção e a remissão dos pecados pelo sangue de Jesus. Ou seja: somos livres em Cristo para andar conforme quer Cristo. A princípio parece não haver liberdade nisso, mas no decorrer deste texto, veremos que sim. Há liberdade em Cristo e somos livres quando nossa vida é mortificada na carne e ressurreta em espírito.
               Portanto, no capítulo 1 e no capítulo 2 (mais especificamente nos versos 6 ao 12 e no verso 18 do segundo capítulo), Paulo deixa uma série de afirmações quanto a nossa nova natureza em Cristo, sendo nós agora, edificados nele (2: 7), confirmados na fé, abundantes e instruídos na fé e na ação de graças (2: 7). Assim, devemos: estar aperfeiçoados nele, circuncidados nele, sepultados com ele no batismo e ressurretos nele pela fé. Assumindo, assim, a nossa liberdade com que Cristo nos libertou e vivendo conforme a nossa nova natureza em Deus, ninguém poderá nos dominar a seu arbítrio (ou bel-prazer) em pretextos de humildade.
               Assumindo a nossa posição como remidos por Cristo, cheios do Espírito Santo e amigos de Deus, devemos – portanto – provar a nossa fé, evidenciando diante das plurais filosofias e formas de vida ditadas pelo mundo, quem tem, de fato, a primazia de nosso ser. Como evidenciar e provar a nossa fé a fim de agradar somente a Cristo? Paulo responde no capítulo 3, no versículo 1 ao 17.

2.      Colossenses 3: 1- 10:

                Paulo inicia o terceiro capítulo com uma conjunção coordenativa conclusiva: “Portanto...”. E dá uma seqüência conclusiva ao que tratou nos dois primeiros capítulos de sua carta.
               O apóstolo diz: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto...”. Pois bem, Paulo faz, nessas palavras, um convite para a análise interior, para uma sondagem com o intuito de provarmos – em vista de nossas ações e forma de vida – se realmente estamos ressuscitados com Cristo. Evidenciamos mesmo o caráter de Cristo? É extremamente válida tal análise.  E se realmente estamos firmados em Cristo, logo pensamos como Cristo. Se estivermos em Cristo, somos parte do Corpo de nosso Senhor. Se nós somos, então, parte do Corpo de Cristo, sendo Ele o cabeça desse corpo, nossas atitudes devem estar em plena conformidade com os pensamentos de Deus. Por isso, Paulo completa: “...se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto”.
               Estar ressuscitado com Cristo e buscar as coisas do alto trazem uma série de aprendizados que aqui menciono:
1)       O ressuscitado com Cristo é aquele que já morreu para o mundo. O mundo e o pecado não o escravizam mais. É livre e vive uma vida para a glória de seu Senhor, em fidelidade à Palavra de Deus, em santidade, evidenciando uma vida frutificada pelo Espírito Santo e verdadeiramente piedosa;
2)      Buscar as coisas do alto remete à busca, ao interesse e à total inclinação para aquilo que é do Reino. É aquele que vive o Reino e para o Reino de Deus. Buscar aquilo que é do alto é se interessar e se preocupar com os assuntos de Deus. Como? Se envolvendo com a obra de Deus; se envolvendo com o evangelismo, com a pregação da Palavra. O que busca as coisas que são do alto, busca viver segundo a vontade de Deus, procurando saber qual é a perfeita e agradável vontade do Senhor. Ele lê a Bíblia, ele ora incessantemente, ele clama por sabedoria, ele roga a Deus para ser usado com poder no Evangelho, ele se preocupa em apresentar um bom testemunho na sociedade na qual se insere, ele se preocupa com as questões que envolvem sua congregação, ele busca melhorias para os irmãos, ele desenvolve seus talentos e dons, ele edifica, ele trabalha, ele oferta, etc. Sua mente está voltada para a glória de Deus e sua vida familiar, profissional, financeira, etc. reflete o seu movimento para Deus e sua firme adesão;
3)       O que está ressuscitado com Cristo e busca as coisas que são do alto, está em plena sintonia com a mente de Cristo. Se ele está em plena sintonia com as coisas de Cristo, tem os mesmos interesses de Deus, a saber, o resgate de muitas almas. Quem tem a mente firme em Deus e busca as coisas do alto, conseqüentemente não suporta uma vida estática e vai ao encontro do perdido e do desamparado para evangelizá-lo, pois é o que Jesus faz.
               Portanto, se somos ressuscitados com Cristo, nossa vida frutifica. E essa é a prova de que somos ressurretos para Deus e firmados em Cristo: quando buscamos as coisas de do alto e mantemos nossa mente voltada para as coisas do reino. Eis o exemplo em João 15: 2-4 e 5:
“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado;permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. [...] Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto[...]”.
               No versículo 2, a exortação continua assim: “pensai nas coisas que são de cima”. O termo usado no original, traduzido como “pensai”, é “phroneo” e pode ser traduzido também por: “exercitar a mente”, “alimentar a mente” e mesmo “interessar-se por algo”. E a advertência que nos cabe é exatamente essa: precisamos exercitar a nossa mente para desenvolvermos melhor nossos pensamentos sobre Deus a fim de melhorarmos a nossa postura cristã. Isso tem uma profunda ligação. Nossas atitudes nada mais são o reflexo daquilo que pensamos. Se não temos nenhum conhecimento de Deus, não temos nenhum pensamento em conformidade com a vontade de Deus, o que poderemos esperar de nossas atitudes? Atitudes que nos afastam de Deus. Pois, se Deus não ocupa nossa mente, nosso ser será regido, então, pelo pecado. Somos escravos do pecado! Precisamos já alimentar a nossa mente, ou seja: precisamos fazer como Cristo, a saber, nos alimentar de fazer a obra do Pai (João 4: 33,34), se envolver com as coisas de cima. Esse é o interesse de Cristo. Se nós estamos mesmo com Cristo e enxertados em nele, os interesses de nosso Senhor passam a ser nosso interesse também.
               Uma curiosidade: a filosofia grega clássica e helenística exercia forte influencia na sociedade e nas comunidades onde Paulo exerceu seu apostolado. Não tenho dúvidas de que Paulo era conhecedor, pelo menos em parte, da filosofia grega, uma vez que ele tinha uma relevante desenvoltura entre os gregos na evangelização e no ensino. O modelo de vida realizada na sociedade grega clássica e helenística era o modelo do Sábio, a saber, o homem que era inteiramente realizado para os gregos era o que exercitava o pensamento em vista do bem da polis. Esse era o que exercia a phrónesis (phroneo), ou seja, sabedoria sobre as coisas que transcendiam o ser. Era a sabedoria do alto. Paulo, como era pregador bom, em consonância com essa forma de pensamento, lançou a verdade cristã sob o mesmo viés conceitual: o que se realiza em Deus é aquele que pensa sobre as coisas que são de cima. Esse é o sábio. A sabedoria do cristão estar no centro da vontade de Deus e não mergulhado no pecado.
              No entanto, muitos problemas, adversidades, e situações diversas tendem a roubar nossa atenção, nossa fé e até mesmo conseguem, às vezes, apagar a chama de nosso coração. Porém, não fomos chamados para uma vida de inconstância, mas sim de perseverança.
               No versículo 3, Paulo deixa um importante alento: “porque morrestes e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus”. As aflições desta vida, as lutas e provas que aparecem, junto com a força e o intento do pecado tentam ofuscar nossa visão e fazer com que abaixemos nossas cabeças e erremos o alvo. Nossa vida aqui é constante batalha. Contudo, devemos ter bem certo em nós a esperança de que Cristo está conosco e temos aliança com Deus através do sangue de Jesus Cristo. Estamos escondidos, agora, em Deus. Temos livre acesso a Ele pela graça e pelo sangue. Nenhum mal, nenhum ataque, nenhum desanimo, nenhuma provação, nenhum pecado que ainda cativa nosso ser pode ser mais forte que Jesus em nós. Por isso a importância de uma vida firmada a cada dia em Deus. Pois, buscando sempre as coisas do alto, nos fortalecemos e crescemos em fé e em graça para suportarmos firmes qualquer desafio que possa surgir. Em Deus, estamos protegidos.
               Não livres dos ataques, não livre das aspirações de nossa carne, não livres do pecado. Aliás, o pecado é uma constante possibilidade de perdermos o foco. Mas, tendo o foco em Deus e nas coisas de Deus, não há como ceder para o pecado. Há o sofrimento, mas há a esperança. Há a tristeza, mas há a alegria que sempre vem pelo amanhecer; existe a provação e a dificuldade, mas há a certeza que em Deus podemos tudo, a nudez, a fome, o perigo, a espada, etc. Tudo nós podemos, naquele que nos fortalece.
               Buscar as coisas do alto é, portanto, constante negação de nós mesmos, pois esse é o sentido real da nossa morte e ressurreição. Vida virtuosa é isso: negação de suas aspirações e paixões para fazer aquilo que agrada a Deus. Aí consiste a verdadeira liberdade em Cristo. Por quê? Porque vencer a carne, dizer não para o pecado e afrontar nossos fortes desejos para a glória de Deus implica total domínio de si mesmo, numa vida frutificada pela obra do Espírito Santo. Poder dizer para a oferta do maligno e da própria carne que “eu vou agradar a Deus e não a mim mesmo” é vencer – como Cristo – a tentação do Diabo e se portar como liberto. Assumir, portanto, a liberdade que Cristo nos concedeu na cruz. Somos livres quando nossa mente está buscando as coisas do alto e pensando nas coisas do alto, pois o pecado não mais nos domina. Temos vitória sobre o maligno! Veja em 1 João, 2: 12-17.
                Em continuidade de sua admoestação e ensino, Paulo ainda adverte sobre a importância de ainda morrermos totalmente em nossa velha natureza terrena, buscando superar e vencer toda prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e avareza. (3: 5), pois, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os homens. Muitos ainda não acordaram para a seriedade dessas palavras e vivem praticando uma ou todas essas coisas citadas. Mas a palavra de Deus para esses é: condenação! Morte eterna! Inferno. A não ser que se arrependam agora e busquem a Deus. Buscai as coisas do alto! Perto está o Senhor daqueles que o invocam (Is 55: 6).
               Paulo ainda insiste: “despojai-vos, igualmente, de tudo isto” (v.8). Notemos que Paulo está falando para a igreja. Isto! Para a congregação de crentes. Amados, somos seres de pecado (1 Jo 1: 8). Temos tendência ao erro, enquanto tivermos esse corpo mortal, pois a morte está instaurada como salário (Rm 6: 23) de nosso pecado. Contudo, temos um advogado diante de Deus (1 Jo 2: 1), a saber, o próprio Cristo. Por isso devemos ter a mente voltada para Cristo, pois Ele é o intercessor, o que advoga e o que nos traz justificação (Rm 6:7). Contudo, devemos – agora – despojar de tudo que ainda nos faz cativos. Ou vivemos livres para a glória de Deus, ou somos ainda escravos. O céu é para os livres em Cristo. Preocupe-se com isso!
               Despojando de todo o pecado e de tudo que rouba a primazia de nossa atenção, impedindo-nos de buscar e pensar nas coisas do alto, devemos, tão logo, assumir a forma da nova criatura (novo homem), pois essa nova natureza em espírito nos fará chegar ao pleno conhecimento de Deus e ao modelo de Cristo (v. 10). O velho homem não pode enxergar e conhecer os mistérios de Deus. Portanto, não pode entrar em sua glória, pois Deus é Santo. Mas o novo homem, em espírito e assumindo a cada instante a forma perfeita de Cristo, pode ver a Deus e já aqui, participar da glória e de Jesus Cristo.

“não que eu tenha já recebido ou obtido a perfeição, mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. [...] esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo [...]” (Fp 3: 12-14).

               As outras advertências e os ensinamentos que se seguirão na carta aos colossenses, partirão do mesmo pressuposto que aqui destaquei: para agradar a Deus, numa vida firmada em Cristo e que mira inegociavelmente para as coisas do alto, precisamos viver virtuosamente a negação de nós mesmos e assumirmos, desde já, a forma e a nova natureza em espírito que Cristo nos concedeu. Só assim agradaremos a Deus, permaneceremos firmes e viveremos para a glória de nosso Senhor Jesus Cristo, em conhecimento de seus mistérios e de sua boa vontade.
               Irmãos, Deus será convosco quando decidirdes, desde agora, a despojar de uma vez por todas do velho homem e revestirdes do novo homem. A partir do momento que vossas mentes estiverem firmes em Deus, buscando as coisas que são do alto e pensando naquilo que é de cima, o Deus de paz fará prosperar nossos caminhos, pois é essa a vontade de Deus para com os que são de Cristo. Deus quer que estejamos firmes, fortes, renovados e feitos amigos dele através de uma vida que o louva em todas as áreas, momentos e situações.
finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendeste, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticais; e o Deus da paz será convosco” (Fp 4: 8,9).

Conclusão:

               O crente verdadeiro é aquele que tem uma vida conforme a vonatde de Deus e frutificada em espírito. Ele é pecador, mas não cai da graça, pois sua salvação é evidenciada por uma vida santa, irrepreensível, fiel, segura e frutífera. Pois sua mente está firme em deus, buscando aquilo que é de cima. Pensando naquilo que é de Deus. Sua vida reflete suas decisões em relação às coisas do Reino.
               No entanto, não estando com a mente voltada para as coisas do alto, pode cair na graça. Não cai da graça, pois a salvação é segura em Cristo, mas abro uns parênteses: (a salvação se evidencia através dos bons frutos que o genuíno crente dá. Portanto, se sua vida é infrutífera e você se vê preso ainda no pecado, vivendo conforme a velha natureza e os rudimentos do mundo, você deve fazer agora uma revisão de sua vida e se entregar a Cristo). Jesus quer que estejamos firmes nele. Amigos dele, em relacionamento com ele, frutificando nele.
                Embora os planos de Deus para salvar seu eleito não podem ser frustrados, Deus quer que venhamos a ter uma vida abundante e plena em Cristo. Isso, já se dá no plano de nossa existência e através de nossa livre agencia. As escolhas que vamos fazendo vão revelando quem somos e vão fazendo-nos crescer em fé, graça e conhecimento da glória e dos mistérios de Deus em Cristo.

Que Deus abençoe a sua vida e te leve cada vez mais ao conhecimento de sua glória, seu poder e seus mistérios,


Gabriel Felipe M. Rocha

(24/03/2015)

quinta-feira, 19 de março de 2015

Todos Conhecerão

Todos conhecerão!
(Um ensaio sobre o amor cristão)

Por Gabriel Felipe M. Rocha



"Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." (João 13:35)


            Quando Jesus afirmou essas palavras, Ele já havia falado aos seus discípulos sobre sua morte e os aprontava para a prática da missão a qual foram chamados. O contexto que se segue, portanto, é um contexto de muitas admoestações (Jo 14: 23; 15:1-11); reafirmação de alguns ensinamentos (Jo 12: 44-50; 13: 1-35; 15: 12-26) e consolo (Jo 14: 1-21), preparando sua igreja, então, para os acontecimentos posteriores e exortando-os a perseverar na verdade de suas palavras. Isso, a fim de incentivar a sua Igreja ao cumprimento da missão do Evangelho (Jo 16: 20 -33; 17: 22,23). Havia uma missão! "Todos", empregado pelo evangelista se tratava (e se trata) se todos aqueles a quem o Pai escolheu e entregaria a Cristo. Trata-se, portanto, das ovelhas de Jesus. No entanto, a eficácia de nossa missão consiste no resgate de muitos e essa missão se passa pelo teste do amor.
            Pois bem, diante das palavras registradas no versículo 35 do capítulo 13 (“nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”), Jesus deixa um importante ensinamento no que tange a missão da Igreja. Todos conheceriam os discípulos e reconheceriam a efetividade da mensagem anunciada (como genuínos representantes de Cristo neste mundo) através da atitude de cada crente, a saber: através da atitude de amor ao próximo. Por quê? Porque essa atitude é a marca, a identidade, o cerne e o clímax do ministério de Jesus Cristo. Se a salvação foi uma dádiva que veio generosamente de Deus, Jesus veio como a própria personificação do amor. O Verbo se fez carne. Deus é amor, Cristo é o próprio amor operante do Pai. Em vista disso, a atitude do cristão pode revelar o Cristo se esse cristão viver como Cristo, amando seu próximo! O mundo só enxerga a Cristo se o discípulo é como Cristo. O pecador perdido não lê a Bíblia e se lê, não entende. Porém, o cristão verdadeiro é como a carta que o mundo lê (II Coríntios 3:2-3), isso, se suas atitudes são como as atitudes de Cristo. Mas que atitudes são essas? O nosso testemunho de transformação pessoal, a boa presença, a ajuda mútua, a assistência ao necessitado, o cuidado com o doente, a visita ao cativo, a paciência com o neófito, a disposição para ensinar e aconselhar, o compartilhamento, a oferta, o socorro, a fé naquele a quem muitos abandonaram “por não ter mais jeito”, etc. São gestos simples, mas que podem revelar a Cristo se nós estivermos enxertados nele.
            O amor ao próximo provado na prática atrai e prepara um campo “mais fértil” para se plantar a boa semente do Evangelho. Uma vida cristã fundada no exemplo e na prática das palavras de Cristo torna a pregação do Evangelho algo muito mais efetivo. O poder está em Deus para salvar, certamente. No entanto, o testemunho cristão caracterizado pela adesão firme à mensagem e proposta do Evangelho, pela unidade e comunhão da igreja, gera vida, exemplo e promove atração (At 2: 46,47). Lembremos: somos instrumentos de Deus para a salvação, portanto, devemos ser bons discípulos. Como? Imitando o Mestre (1 Cor. 11: 1)! Como ser luz do mundo e sal da terra (Mt 5: 13)? Imitando a Cristo na prática do amor (Ef. 5: 1). É através do amor que pregamos com intensidade, não importa se é com abraço e gestos de ternura ou se é com palavras e atitudes aparentemente duras em relação ao pecado. O amor constrange o pecador. É a arma mais poderosa na evangelização. É o primeiro da lista dos frutos do espírito (Gl 5: 22). O amor desarma qualquer ataque. Aliás, sem amor, não teria sentido pregar a Boa Notícia, pois seu conteúdo é o amor (1 Cor 13: 1-3).
            No mesmo contexto do versículo em destaque, Jesus apresenta o novo mandamento: “que vos amei uns aos outros; assim como eu vos amei, que também amei uns aos outros” (v. 34). Amar não se trata apenas de um sentimento (que já se tem ou se nutre) em nosso coração. Amar, muito mais que um sentimento (pois também o é), é uma decisão. Se não podíamos, antes (por causa de nosso pecado), escolher e livremente deliberar sobre as coisas eternas, agora podemos – pelo conhecimento da graça – escolher amar.
            Sim! Nós podemos decidir amar ou não!  O amor ao pecador, o amor àquele que nos persegue e o amor àquele a quem parece não valer a pena lutar e estender a mão pode acontecer diante de nossa espontaneidade em querer e decidir amar. Essa decisão nos foi dada diante do conhecimento do Evangelho e da transformação pessoal e convencimento por obra do Consolador (14: 25). Essa decisão está estreitamente ligada à nossa transformação pessoal pelo poder de Deus e pelo conhecimento do Evangelho (CFW, capítulo XVI, II e III). Caminha junta com a nossa frutificação espiritual (Gl 2: 22) desde nossa justificação e regeneração.
            Uma vida piedosa se resume em atitudes de amor e não em conhecimentos, palavras e teorização da fé. Amor, portanto, é agir em prol daquele a quem decidimos estender a mão. Abro um parêntese aqui para a lição presente nas três perguntas de Jesus a Pedro (Jo 21: 15-17). Para cada resposta de Pedro a uma pergunta (“amas-me?”), Jesus ordenava o apóstolo a exercer o pastoreio de suas ovelhas. Ou seja: o efetivo serviço cristão deve passar pelo crivo e pelo teste do amor, senão torna-se ineficaz e sem vida.
             Podemos ter uma teologia sensacional, um peso acadêmico de primeira qualidade, uma estrutura física de excelência, mas sem responder à pergunta de Cristo sobre o nosso amor e real devoção a Ele, tudo passa a ser vão. Aliás, a terceira pergunta de Jesus a Pedro está no original (grego) como “phíleo” que quer dizer: “amizade”, ou “amor de relacionamento”, “afeição”, “intimidade” e “compromisso” (é a pergunta que entristeceu Pedro!). Ela corrobora com o verso 15 do capítulo 15 de João:

Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu pai vos tenho dado a conhecer”.

            Nosso chamado é para o relacionamento com Cristo. Fomos chamados para servir e para sermos amigos de nosso Senhor. E só somos amigos quando procuramos viver como Ele viveu, pois aí está o segredo da boa amizade: a cumplicidade. Só assim podemos ser igrejas e ir de encontro às ovelhas que são de Cristo.
            O amigo de Jesus é, portanto, aquele que tem conhecido o mistério e a essência do ministério de Cristo, a saber, o amor. Conhecendo e praticando o amor, estamos prontos para a missão.
            No capítulo 17, através de sua oração sacerdotal, Jesus expressa seu profundo amor e imensurável apreço à Igreja e roga ao Pai que guarde seu povo de todo mal (v. 14, 15) e que os santifique (v. 16-19) para que o mundo possa conhecer – pela unidade da Igreja – que Deus enviou o Cristo e que Deus ama seu povo, assim como amou a Cristo (v. 23). Veja:
eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim”.
            A unidade da igreja em genuína comunhão, em ajuda mútua, em sã teologia alinhada à ortopraxia, no trabalho evangelístico e na boa assistência aos perdidos e novos na fé, gera aperfeiçoamento e esse aperfeiçoamento é, entretanto, fruto do amor. Igreja que cresce em unidade e que cresce em graça é a igreja que ama. Essa é a igreja que dá testemunho vivo de Jesus Cristo. É a igreja que pratica o mandamento de Deus: amar o próximo como Cristo também amou a igreja.
            O critério para medir a nossa fé é a evidência de nosso gesto e de nossa postura como cristãos. Ou seja, a nossa fé está totalmente ligada com o nosso testemunho pessoal. E o testemunho pessoal só é efetivo na prática do amor (que é o cumprimento do principal mandamento/ Jo 13: 34). A fé só é operante, portanto, se estamos vivendo esse amor.
            Se nós amamos a Cristo e reconhecemos seu gesto de amor e, se amamos o nosso próximo como Cristo também nos amou, estamos aptos para assumir a tarefa que nos foi proposta. Mas precisamos guardar seus mandamentos que se resumem em basicamente dois: amar a Deus e amar o próximo como a  nós mesmos. Jesus disse (em Jo 14: 12) que aquele que nele crê, poderá fazer as mesmas obras que Ele aqui fez e, ainda, obras maiores. Contudo, Ele conclui (v. 15) dizendo: “se me amais, guardareis os meus mandamentos” e logo promete a vinda do Consolador (Espírito Santo) para caminhar conosco nessa missão, ensinando todas as coisas (Jo 14: 26), inclusive a viver a prática do amor (15: 9-14).
           Portanto, seremos conhecidos pela prática do amor. Não pelos belos prédios, pelo bom e tradicional nome e pelas riquezas de nossos discursos.
            Muitas denominações já têm tudo isso e nem sempre vivem a essência do Evangelho. Isso não é o suficiente! Não adianta falar de amor, ensinar a teoria do amor ou cantar sobre o amor. O amor é metafísico, o amor é sentimento e o amor sem prática é abstrato. Só a prática do amor pode personificar a essência da nossa mensagem, a saber, a revelação de Jesus Cristo como Senhor e Salvador de todo aquele que crê.
           As palavras de Jesus em João 13: 35 foram dadas, enfim, para dizer aos discípulos o seguinte: o mundo vai odiar vocês (Jo 15: 18,19), vocês serão perseguidos por causa da minha mensagem (15: 20), mas “vós sereis minhas testemunhas, porque estais comigo desde o princípio” (v. 27). Portanto: todos conhecerão e saberão que vocês são meus discípulos, pois, se praticarem o amor que eu vos ensinei, amando uns aos outros (13: 35), eu serei revelado através de vocês (17: 23).



Gabriel Felipe M. Rocha


quinta-feira, 12 de março de 2015

domingo, 8 de março de 2015

Síntese Cristã (página no Facebook)

Queridos amigos e genuínos estudantes da Palavra de Deus, a paz de nosso Senhor Jesus!

Estamos meio sumidos aqui do blog por causa da correria de nossas vidas, nossos estudos, trabalhos, nossa família, casamento, igreja e serviço cristão.
No entanto, eu (Gabriel Felipe M. Rocha), junto com uma equipe super boa de Bíblia e de excelente testemunho cristão, estou criando o nosso site: Síntese Cristã! Em breve será lançado e divulgado por aqui. O blog “Palavra a Sério” deve continuar em atividade após um tempo determinado, assim que o “Síntese Cristã” estiver pronto. O projeto Síntese Cristã nasceu de um desejo meu, de um grupo de estudos e de alguns irmãos em Cristo.

Já funciona em uma página no Face book: