sábado, 2 de janeiro de 2016

Estou em dívida!



“Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes” (Rm 1.14)

Bem, o contexto da frase acima é o seguinte: Paulo expressa um desejo em visitar alguns cristãos romanos a fim de edificá-los na fé, confortá-los e comunicar-lhes algum dom espiritual (Rm 1. 10-12). No v. 14, Paulo expõe o motivo de ir ter com eles e anunciá-los o Evangelho de Jesus Cristo: “[...] eu sou devedor, tanto a gregos como a romanos, tanto a sábios como a ignorantes” (1.14). E logo completa: “estou pronto para também vos anunciar o Evangelho para vós que estais em Roma” (v.15). A verdade do versículo 14 é, portanto a seguinte: Paulo tinha o seu trabalho missionário em outras igrejas já conhecido pelos irmãos de Roma. No entanto, Paulo precisava passar também por lá. Ele cita gregos e “bárbaros” exatamente por isso: havia corrido a notícia de seu trabalho evangelístico em várias cidades gregas. E o termo “bárbaro” era uma expressão pejorativa que dizia a respeito daqueles que não eram da cidadania romana e do contexto cultural de Roma.

Pois bem, o que quero destacar nesse contexto é o seguinte: Paulo expressou uma dívida de amor para com os romanos, uma vez que compartilhou amor e entrega pessoal aos irmãos gregos. Sua expressão de dívida era tão verdadeira que, certa vez disse: “ai de mim se não pregar o Evangelho...” (1 Cor. 9: 16). No versículo 6, Paulo, portanto,  diz:

“vocês também foram chamados para serdes de Cristo”.

 E Paulo estava certo. Ele falava para um grupo de eleitos em Roma.

O que quero trazer para nosso contexto?

1)    A igreja (que ali foi representada na pessoa de Paulo) tem hoje um trabalho estabelecido aos arredores no mundo. Contudo, sua missão não chegou ao fim. Ainda existe um povo grande para ser alcançado pela mensagem do Evangelho. Nós, que fomos alcançados pelo Evangelho e achados pela graça e misericórdia, temos uma dívida de amor para com aqueles que hão de ser chamados para o Evangelho (ao Senhor pertence a salvação!)

2)    Não temos uma “dívida” com Deus, pois nossa redenção foi por soberana generosidade e, por outro lado, jamais pagaríamos tal dívida, por isso Cristo pagou por nós. O que temos, de fato, é uma dívida para com o próximo, pois a mesma generosidade que mirou minha vida deve ser compartilhada com o outro. Nesse sentido, sou devedor do meu próximo e minha dívida aumenta quando não compartilho daquilo que a mim foi confiado com amor, a saber, uma mensagem! Que mensagem? A do Evangelho! Como distribuir? Com a pregação e com gestos; com palavras e com exemplos; com intrepidez e com compaixão. Com intolerância ao pecado e com tolerância total ao pecador.


3)     Embora possa haver reclamação, apelação, difamação, afronta, ofensa, escárnios, perseguição, erro, intolerância, etc. (e muito disso tudo Paulo sofreu e a igreja primitiva também; assim como também falharam e erraram), a Igreja tem o seu trabalho, de alguma forma, reconhecido aos arredores do mundo. Por isso, nossa dívida se faz maior com aqueles que ainda não foram visitados, alimentados, acolhidos, vestidos, libertos, etc.
4)    Temos uma dívida com os sábios, pois, para os sábios, devemos dar bom testemunho e apresentar bem o fundamento de nossa fé. Devemos apresentar aos sábios deste mundo, aos sábios da nossa igreja, aos sábios do Facebook, aos sábios blogueiros, etc. os fundamentos e a racionalidade da nossa fé numa santa, boa e perfeita teologia! De outro modo, devemos ao sábios o bom exemplo da humildade.
5)    Devemos aos ignorantes: A) Devemos ao ignorante cujo termo diz respeito daquele (ou daquela) que não tive a oportunidade de aprender e diplomar-se. E, por isso, devemos a nossa compreensão, simplicidade, acessível exposição da mensagem do Evangelho e devemos o ensino. B) Devemos também ao ignorante que ignora intencionalmente algumas verdades do Evangelho por não querer ser confrontado; devemos ao ignorante que quer difamar e afrontar a fé alheia exigindo, ao mesmo tempo, respeito e tolerância; devemos ao ignorante que deturpa a sã teologia (ou a Sã Doutrina) para promover um “outro evangelho”; devemos ao ignorante religioso que, mesmo carregando o título de “evangélico” por décadas, ainda ignora a graça do Eterno, etc. Devemos!

O que dizer para esses?

“[...] Estou pronto para vos anunciar o Evangelho” (v. 15)

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé. Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça” (v. 16-18)

“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13: 8)

Gabriel Felipe M. Rocha


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